No dia 11 de Julho, a espera demonstrou ser interminável para os fãs da banda holandesa Within Temptation (WT), naquele que foi o segundo dia do Festival Optimus Oeiras Alive 2008, dia praticamente dominado pelas sonoridades do reggae e por uma miscelânea tão grande de estilos e respectivos públicos e que, pela sua excessiva variedade, carecia claramente da coerência necessária a um bom festival e impedia alguns de fazer render os 45 euros do bilhete. Incoerências da organização à parte, os WT não desiludiram, apesar dos meros 60 minutos que a organização do festival havia reservado para a sua actuação e que originaram uma setlist de 11 temas, curta e composta maioritariamente de singles e temas do último álbum The Heart Of Everything (2007) e do anterior The Silent Force (2004). Apesar da necessária escassez, a banda liderada pelo guitarrista Robert Westerholt e a Senhora do Metal, Sharon den Adel deu um dos melhores concertos da noite em termos cénicos e de interacção com o público, com a energia contagiante que já é imagem de marca da banda. Os fãs foram elemento central para fazer deste um concerto inesquecível (apesar da sua duração mínima), incansáveis na sua espera, alguns desde as 10h da manhã, outros desde a abertura das portas, às 16h. As longas horas foram suportadas na linha da frente, segurando faixas de apoio à banda, até às 23.40h, hora em que o palco começou a ser montado para a actuação. Os WT distinguiram-se de imediato pela produção cénica que levaram ao palco, contrastando fortemente com os palcos despojados dos outros concertos do dia. Uma tela com gárgulas foi colocada ao fundo, quatro tochas ladeavam o palco, assim como dois anjos de negra beleza e dois grifos, um de cada lado. Às 23.55h, a espera terminara finalmente.
Os coros magistrais da Intro do álbum The Silent Force ecoaram na noite e os fãs responderam entusiasticamente. O teclista Martijn Spierenburg ocupava o seu lugar, Stephen van Haestregt sentava-se atrás da bateria, Jeroen van Veen entrava com o seu baixo. Os dois guitarristas Ruud Jolie e Robert Westerholt arrancaram os primeiros acordes de Jillian (I’d Give My Heart). Sharon den Adel entra em palco, sorridente e lindíssima num corpete branco e saia justa comprida e bordada no mesmo tom. É recebida em delírio por um público que canta cada palavra. A voz de Sharon esteve, como habitualmente, irrepreensível, alternando entre o seu tom angelical e os tons mais graves e rockeiros utilizados no álbum The Heart of Everything, sem incorrer em erros de afinação, apesar de se enganar aqui e ali nas letras. Após o segundo tema, a poderosa The Howling, havia uma surpresa para a Senhora do Metal dos WT que faz anos precisamente hoje, dia 12. Já passava da meia-noite e os fãs cantaram os parabéns para uma Sharon maravilhada e surpreendida.
A partir daí, a entrega foi ainda maior. A banda lançou-se no single What Have You Done, com o público a cantar a plenos pulmões as partes de Keith Caputo, que partilha as vocalizações com Sharon neste tema. Seguiu-se outro single, desta vez do álbum The Silent Force, Stand My Ground, com quase todos os membros da banda em forte interacção com o público. Robert demonstra ser infatigável nessa interacção e até o, habitualmente mais quieto, teclista Martijn, largou momentaneamente as teclas para bater palmas com o público. Chega a negra The Heart of Everything, que a vocalista parece sempre dedicar aos seus fãs. A voz de Sharon percorre diferentes tonalidades, indo desde o seu tom mais negro e grave aos tons mais elevados, sem a mais pequena desafinação.
Um dos momentos altos aproximava-se e a tela ao fundo mostrava imagens reais de um mundo em guerra. Our Solemn Hour limitou-se a ser aquilo que só por si é, uma música magistral e épica, um tema absolutamente incontornável com um refrão retumbante. Seguiu-se outro single de The Silent Force, Angels, tema em que brilha o tom angelical de Sharon den Adel que aponta para os seus fãs enquanto canta “I see the angels”.
Hand of Sorrow trás o momento alto da actuação, com banda e público aos saltos, seguindo o ritmo bombástico daquele que considero um dos melhores temas que os WT nos trouxeram com o seu álbum de 2007. O refrão viciante leva toda a gente atrás, sendo impossível fugir às palavras e à melodia das guitarras. A voz de Sharon atinge, com este tema, patamares de incrível beleza, e a sua presença em palco vem evidenciar claramente todas as razões pelas quais esta é uma das melhores Senhoras do Metal da actualidade.
A dois temas do fim apresenta-se o clássico Mother Earth e para esta não são necessárias quaisquer palavras. Quem já esteve num concerto dos WT sabe o que é sentir aquele arrepio pela espinha quando os acordes celtas se fazem ouvir e as guitarras entram atrás deixando-nos sem respirar. Sabe também que, depois, a voz de Sharon contará a história, erguendo-se no característico refrão que mais ninguém consegue cantar senão ela e que as mãos se levantarão no ar, bem altas, quando a música cessa e entra o coro masculino. Sabe que Sharon se afasta do microfone nesse momento e começa a sua conhecida “dança” e que depois a música recomeçará com aqueles acordes inesquecíveis. E sabe que tudo termina exactamente como começou. De forma épica e estrondosa.
A balada escolhida para a noite foi Memories, ao contrário da tão desejada Forgiven (do álbum The Heart of Everything), mas ninguém se deixou abater e todos cantaram em coro com Sharon que usava as letras para descrever o que estava a sentir na noite especial de aniversário que lhe tinham oferecido.
Chegara o fim da pequena hora que lhes fora reservada e a desilusão foi palpável quando os acordes da final Ice Queen se fizeram ouvir. Ainda assim, os WT entregaram-se com garra ao tema final, e os típicos “ohoh” foram gritados em uníssono pelo público, no tema-símbolo da banda. Terminara o minúsculo concerto, mas que não soube a pouco porque a banda e o público assim o quiseram. Os fãs gritavam “we want more” e Sharon dizia tristemente que também ela queria continuar. Mas o profissionalismo dos WT fê-los então abandonar o palco à hora certa, para não prejudicar a banda seguinte, não sem antes mandarem palhetas e baquetas, com Sharon a distribuir beijinhos, visivelmente emocionada.
Apesar da fraca originalidade da setlist, esta foi uma hora que provou o carisma, energia e qualidade de uma banda com 12 anos de carreira, que tocou num festival destinado maioritariamente a públicos de sonoridades reggae e que ainda assim soube dar um grande espectáculo e corresponder às expectativas de quem tudo suportou para os ver. A Senhora do Metal, Sharon den Adel, parecia não ser capaz de deixar de sorrir e a sua simpatia voltou, claro, a conquistar quem quer que ainda não se tivesse rendido anteriormente. Elogiou a noite, a beleza de Lisboa (redimindo-se, talvez, da gaffe geográfica do Super Bock Super Rock de 2006), e estendeu esses elogios ao seu incansável público, agradecendo comovida as flores, a prenda, as faixas de apoio e principalmente, os cânticos de parabéns, que considerou um momento muito especial que não esquecerá.
Resta esperar um regresso em grande e para breve, para um concerto com o dobro da duração e que percorra saudosos temas dos tempos Mother Earth (2003) e quem sabe dos ainda mais saudosos Enter (1997) e The Dance (1997). Será, certamente, mais um excelente espectáculo, como os WT nos têm habituado.
Inês Martins (Lua Minguante)
Setlist:
Intro + Jillian
Intro + Jillian
The Howling
What Have You Done
Stand My Ground
The Heart of Everything
Our Solemn Hour
Angels
Hand of Sorrow
Mother Earth
Memories
Ice Queen
Créditos fotos - Blitz
16 comentários:
Excelente review. Faz-me sentir como se ainda lá estivesse ^^
Muito bem escrita :D
Só os deixaram tocar uma hora certinha, sem mais um minuto que fosse para depois virem os Buraka Som Sistema?! É por este tipo de coisas que às vezes tenho vergonha do país em que vivo... sério!
Review toda elaborada sim snhora, isto fazer review's de concertos de bandas que se é muito fã não devia ser permitido porque acaba por só se dizer bem do concerto! lol lol
Mas realmente foi bom, gostei, muito pequenino, fazia falta pelo menos + uma meia horita ou 40minutos, mas enfim, foi bom!
Ina tanta coisa para apontar xD lool.
Bem, não estive no Alive, com muita pena minha... Não pude ver Kumpania Algazarra nem Rage Against the Machine (no dia anterior)... Mesmo não tendo estado, tenho algumas coisinhas a dizer... Em primeiro lugar tenho que mostrar o meu profundo desagrado por esta review criticar a mistura de estilos que se encontrava ali. Gente, acordem para a vida, misturar bandas de vários estilos diferentes é bom, não nos podemos centrar apenas numa coisa, temos que ter mente aberta e saber apreciar leques variados, principalmente no que toca a musica. Achei muito bem o que fizeram no Alive; só mostra que é um festival com um ambiente e um conceito completamente diferente dos outros... Gostei principalmente do facto de terem dado uma oportunidade destas aos Algazarra, são uma banda que merece ser vista ao vivo. A música deles é de uma energia fantástica e, lá está, mistura vários estilos de música diferentes que vão desde o jazz, ao rock, à musica africana e aos ritmos da Europa de Leste, o que demonstra, além de uma diversidade de influências absolutamente avassaladora, uma genialidade de composição fantástica... Acredite quem quer, misturar BEM tantas influências tão diferentes e dar-lhes a energia que os temas dos Kumpania Algazarra transmitem, não é nada fácil...
A segunda crítica deve-se aos elementos cénicos dos Within... Eles montam cenários giros, é verdade, mas não são assim uma coisa por aí além. Os cenários de Maiden, esses sim, são por aí além... Eles ja chegaram a cobrir palcos inteiros com areia, sacos e arame farpado para o transformarem numa trincheira da primeira guerra mundial... Demoram, à vontade, umas duas horas a montar os melhores palcos deles...
A terceira crítica vai para o senhor teclista dos Within... Normalmente o primeiro a entrar é o baterista, ele é que dá os tempos para as entradas dos outros, não o teclas...
Quanto à "voz irreprensível" da Sharon... Epah, eu já a vi desafinar-se de uma maneira absolutamente incrível... No DVD da tour do Silent Force então, isso vê-se muito, mas mesmo muito bem (principalmente na Other Half)
Quanto à balada escolhida eu só tenho a dizer: "esperavam o quê???"... Que escolha tão previsível x] loool.
Quanto ao "profissionalismo" a abandonar o palco... Bem, os Dark Tranquility, quando cá estiveram à uns anos, tocaram mais do que era suposto e só saíram porque a tenda onde o espectáculo se estava a realizar estava a cair com o temporal que se passava na altura... E só saíram porque a organização quase os obrigou lol.
Quanto ao tempo de duração... Não vi ninguém queixar-se do tempo de duração dos Pain (que foi exactamente o mesmo), nem sequer dos More Than a Thousand ou dos Men Eater no Super Bock em 2007 (meia hora, apenas). Por favor, parem de agir como se os Within fossem os maiores da cantadeira, eles ainda têm que crescer muito para darem concertos à Metallica com actuações a roçar as três horas... Respeito que gostem dos Within, eu também acho piada aos primeiros trabalhos deles, mas por favor, parem de agir como se eles fossem deuses... Não são e ainda têm que comer muita sopinha para se igualarem aos Grandes Astros do Metal (e, na minha opinião, se continuam a fazer o que têm feito, nunca lá chegarão).
Outra vai para as críticas aos Buraka Som Sistema... Eu não gosto de Buraka, não faz o meu género nem nunca há de fazer mas vejo-me obrigado a admitir que eles musicalmente até nem são maus, e, sobretudo, são originais... A música deles é original, nunca ninguém até agora se tinha lembrado de fazer Kuduro electrónico. Eu pessoalmente não gosto, mas é uma banda que eu respeito bastante pelo trabalho que têm desenvolvido e principalmente pelo percurso de vida deles... Há poucos anos atrás eram uns Zés-Ninguéns coitadinhos que viviam na Cova da Moura e, com trabalho e dedicação, conseguiram chegar até aqui, ao Optimus Alive e, antes disso, ao Sudoeste.
No final das críticas vêm os elogios... Embora eu não concorde com algumas coisas escritas neste post, vejo-me obrigado a admitir que está bem escrito (lá está, o mesmo se passa com os Buraka... não gosto, mas respeito... Reconheço qualidades e defeitos)
Entendam isto como uma crítica construtiva. Não quero deixar ninguém magoado ou desapontado, já disse muitas coisas boas deste blog, chegou a altura de fazer uma crítica menos-boa.
Peço desculpa se ofendi alguém, continuem com o bom trabalho que têm desenvolvido e não levem a mal este comment... Eu faço muitos elogios, mas também critico quando acho que o devo fazer...
A review mais perfeita que já li! Parabéns Inês! Muito bom mesmo!!
*applause*
Olá Sérgio!
(Sou a Cláudia Rocha (Quarto Crescente)mas não estou a postar como Senhora do Metal não consigo fazer login :( )
Antes de mais,penso que ninguém ficou ofendido com o teu comentário. És um comentador habitual do blog e tens-nos habituado a críticas construtivas, por isso só temos de te agradecer ;)
Dito isto, também vou dar os meus two cents :P Em primeiro lugar, tive muito pena de ter perdidos os concertos fantásticos que andaram a acontecer nos últimos tempos (Iron Maiden, Rage Against the Machine, Within Temptation...), mas circunstâncias pessoas e profissionais impediram-me. Seja como for, dificilmente teria ido a WT. É que eu sou pobre,mato-me a trabalhar e ganho mal (como a maioria dos jovens licenciados destes país) e é para mim um grande sacríficio pagar por um dia de festival para apenas ver uma banda de que gosto, e a tocar apenas durante 1 hora. Nesse sentido, eu entendo a crítica de algumas pessoas que não gostam de "misturas". Por um lado, eu acho muito interessante o conceito de festival ecléctico, a presença de vários públicos... mas, por outro, essa foi uma das razões que me arredou desse dia do festival. É que não tocou nenhuma banda que me interessasse.
Atenção, eu não sou daquelas metaleiras empedernidas que só ouve metal e que pensa que é uma heresia ouvir outros estilos de música. Longe disso. Não sou assim e não me agrada muito esse tipo de atitude. No entanto, num festival temático há mais possibilidades de tocarem bandas de que gosto e, por isso, de eu comparecer. Sim, é uma questão merametne monetária. Não é bonito, mas é a verdade.
No que respeita aos WT propriamente ditos, é uma banda que eu aprecio e que gosto de ver ao vivo. O concerto que deram no PG no ano passado foi muito bom, especialmente pelo ambiente intimista do mesmo. E, Sérgio, o grande profissionalismo de umas bandas não implica nada com o profissionalismo das outras. Eu acho que os WT são excelentes profissionais e, para além disso, acessíveis e simpáticos com os fãs. Não tenho qualquer razão de queixa.
Quanto ao "terem de comer muita sopinha"... bem... há bandas melhores do que eles, há bandas piores. É como em tudo. Grandes Astros do Metal... claro, existem grandes bandas, bandas que admiro, mas também não as endeuso. Por que a maioria das bandas, mesmo as grandes bandas, têm um ou outro ponto negro nas suas discografias. E, no final, é tudo uma questão de gosto. Há bandas que eu reconheço a qualidade, mas não gosto do som que fazem (por exemplo, Dream Theater), e outras que não fazem um som muito complexo ou espectaculr, mas de que gosto pelo o que elas são e pelo que me oferecem (WT, por exemplo).
Para além disso, comparar WT com os "Grandes Astros do Metal" não é muito correcto, na minha opinião, porque não são propriamente uma banda de metal no sentido mais purista do termo. Ou, se são, é uma banda com um metal muito soft, com elementos pop e rock. E, sinceramente, dentro deste estilo eles são muito bons.
Sim, os primeiros trabalhos deles são óptimos. Mas o que eles têm feito ultimamente também é interessante. Certo, é música mais acessível e radio friendly - a chamada música comercial. Mas ser música comercial não diminui a qualidade de uma banda. Há boa e má música comercial. Nesse aspecto, tento manter a mente aberta.
A Inês elogiou os cenários. Claro que há cenários melhores e mais majestosos. Então, fora da cena metal fazem-se coisas espectaculares. Mas acho que ela estava apenas a comparar com as bandas que tinham tocado anteriormente. Ela não disse que eram os melhores cenários do mundo ;)
E a desafinação da Sharon. Não notei, pelo menos no DVD a que te referes, que ela tenha desafinado por aí além. Quase todos os vocalistas desafinam num momento ou outro, especialmente quando andam aos pulos no palco. Acho a Sharon uma excelente vocalista, carismática, com uma presença agradável e uma voz muito bonita.
Um abraço para ti Sérgio! E as críticas são sempre bem vindas, porque nos ajudam a melhorar :)
Cláudia, Quarto Crescente
Muito obrigada por todos os comentários. Agora, acho necessário responder ao comentário do Sérgio... ora bem, eu não acho "mal" a variedade de estilos. Isso não tem nada de errado porque, precisamente, ajuda a abrir a mente e a fazer com que as pessoas se exponham a outros géneros e que se possam surpreender. Eu, por exemplo, surpreendi-me, e muito agradavelmente, pelos John Butler Trio - deram um concerto espectacular, tiveram uma energia contagiante e demonstraram ser excelentes músicos! Adorei mesmo o concerto deles! Só não o referi na review, lá está, porque a banda não é subordinada ao tema Senhoras do Metal, que é, como sabem, o mote deste blog. Como tal, também não são para aqui chamadas grandes bandas como os Iron Maiden, que como toda a gente sabe, não têm nenhuma Senhora do Metal. Logo os seus palcos, elementos cénicos, etc, podem ser maravilhosos, mas não têm absolutamente nada a ver com o assunto. O que é certo é que os WT montaram o palco mais estético da noite e qualquer pessoa pode perceber que foi isso que escrevi na review (pensou eu). Quanto ao teclista entrar primeiro, não sei quem é que deve mandar nisso e estou-me pouco importando. Ele não tem de entrar quando alguem acha que ele deve entrar, entra como a banda decidiu e por acaso acho que foi praticamente em simultâneo com o baterista (se é que faz alguma diferença). Além disso, não sei o que queres dizer com "normalmente" e já agora o que te leva a querer que os WT façam as coisas segundo a tua normalidade.
Quanto ao profissionalismo, os exemplos chamados também não vêm ao assunto, porque se trata aqui, não de comparações, mas de uma review dos WT. Eles são profissionais sim e, como tal, é óbvio que não quiseram prejudicar quem vinha a seguir (ou perderíamos a oportunidade de ver a originalidade desse Kuduro electrónico e as pessoas não são propriamente tolerantes com atrasos em concertos).
Quanto à voz da Senhora do Metal Sharon - refiro-me à sua qualidade vocal neste concerto e não em todo e qualquer um. Quando digo que é algo a que nos habituou, isso é verdade, e quem já viu a banda ao vivo sabe que raramente a sua voz vacila, mesmo aos saltos. O seu maior "defeito", digamos assim, é a confusão com as letras por vezes.
Como referi na review, todo o setlist foi bastante previsível (se reparares, é uma coisa que refiro duas vezes e não é um elogio). Mas a Memories como balada na set não era de todo previsível porque se te deres ao trabalho de ver as setlists de uma hora que a banda tem tocado, a balada escolhida não tem sido essa, mas sim a Forgiven (THOE). Portanto, talvez essa tenha sido a coisa mais imprevisível da setlist (infelizmente).
Regressas novamente aos exemplos, com bandas sem Senhoras do Metal e portanto completamente fora de pertinência. Não sei como é que os Pain são para aqui chamados (se estás a falar da abertura do concerto de NW que eles fizeram, então percebo ainda menos, uma vez que eram a banda de abertura e como tal não poderiam tocar muito tempo). As queixas em relação ao tempo de duração que os WT tiveram devem-se ao facto de todas as outras bandas terem tido muito mais tempo de actuação. Inclusive, uma actuaçao (Nouvelle Vague) foi cancelada e o seu tempo foi dado aos John Butler Trio (que fizeram um excelente uso do mesmo). É claro que, para os fãs de WT, que passaram um dia inteiro à espera para os ver, essa duração é demasiado curta, mas era algo que sabiamos de antemão.
Quanto aos Kumpania Algazarra, podes ter razão em tudo o que disseste, mas foi o som mais insuportável que já ouvi (e considera isto como aquilo que é, a minha opinião). Nunca gostei de música de feira, e aquilo é tristemente parecido. Quanto aos Buraka, sem comentários. Houve jornalistas que os denominaram «o final épico da noite» e não sei o que entendem eles por épico, mas não deve ser o mesmo que eu. Aliás, o mais incrível é que nenhum jornalista conseguiu dizer uma única coisa positiva dos WT. O que é incrível quando se trata de uma banda com 12 anos de carreira, eles não nasceram propriamente ontem e esse caminho de que falas, eles também o percorreram, aliás foram e são centrais para o estilo do metal gótico. Eles já vieram ao nosso país muitas vezes e de todas elas souberam dar grandes espectáculos de qualidade, com uma forte interacção com o seu público. No entanto, os jornalistas do mainstream jamais diriam uma coisa dessas. Limitam-se a classificá-los como, e cito: «cenários góticos», «a gótico Sharon den Adel vestida de branco». Se isto é dizer alguma coisa, não é para mim nada e muito menos jornalismo.
Não vou sequer referir o concerto do Bob Dylan, por não ter sequer comparação possível. Sei que os fãs do Bob ficaram insatisfeitos com muita coisa, mas não há um único artigo que o diga. São elogios atrás de elogios... e porquê? Porque é o Bob Dylan, já nem precisa de fazer nada, senão ser. Mesmo que não se mexa. Que não olhe nem fale com o público. Que não toque guitarra, nem os grandes clássicos. E atenção que NÃO estou a compará-lo com os WT. Essa comparação não existe e não tem qualquer sentido.
Muito obrigada pela tua crítica, acho que levantou alguns pontos interessantes, mas para a próxima não critiques só porque se trata dos WT. Critica, talvez, a autora da review que é fã incontestável deles. E não, este não foi o melhor concerto de WT em que já estive. E não, eles não se superaram. E não, esta não é a última vez que os vou ver. Sempre que eles cá vierem e eu puder, lá estarei, na fila da frente, para ver uma banda que nunca me desiludiu.
Metal no Feminino Sempre! \m/
Inês (Lua Minguante)
A crítica está linda. Muito bem escrito Inês. A melhor que li até agora. Parabéns ^^
Bem... O que eu quis dizer na parte da duração do concerto foi basicamente o seguinte: "habituem-se... bandas de suporte tocam uma hora, ou talvez até menos do que isso, seja em que terra for". Além disso, o tempo não foi dado aos John Butler Trio... O tempo foi dado a quem o quis. Se os Within não tocaram mais, foi porque não quiseram e deram o tempo aos JBT.
Quanto aos Kumpania Algazarra, desculpa, mas não tens razão... Não parece música de feira. A música deles simplesmente tem várias influências na música da Europa de Leste, daí essa sonoridade meio "circense".
Quanto ao percurso de vida dos Buraka... Acho que os Within não nasceram e viveram toda a vida num sítio como a Cova da Moura, como tal, não podes comparar o percurso de vida de uns e de outros.
Quanto à parte final... O que eu critico nos Within é aquilo em que eles se tornaram e critico o facto de muitos fãs dos Within agirem como se eles fossem o suprassumo da barbatana. Nem todos os fãs dos Within se comportam assim, mas há que admitir que muitos deles o fazem e, muitas vezes, de uma maneira tão casmurra que apenas é comparável aos Tarjaholicos mais fanáticos... Daí eu ter feito a crítica do cenário e muitas das outras, porque me causa alguma impressão ver um fanatismo como o que muitos fãs desta e de outras bandas apresentam, sobretudo quando a banda em questão não tem mais nada para apresentar a não ser umas quantas músicas girinhas e uma grande boa disposição para com os fãs... Sim, músicas girinhas, pois de facto as melodias são bonitas mas não se pode dizer que eles sejam graaaaaandes músicos... Qualquer gato pingado que tenha uma guitarra, ou uma bateria, ou um baixo à três meses consegue tocar as músicas todas dos Within de trás para a frente sem dificuldade nenhuma...
Espero que esteja esclarecido agora ;)
Esqueci-me de esclarecer um ponto importante... A minha crítica não é dirigida a quem escreveu o post nem a ninguém deste blog. è dirigida a fanáticos casmurros
Olá Sérgio!
Não percebi como é que o percurso de vida dos Buraka veio parar a esta discussão, nem tão pouco como é que os percursos de vida de duas bandas tão diferentes (WT e Buraka) vieram à baila. A Inês não se estava a referir a percursos e vida, mas sim a anos de carreira. E 12 anos de carreira já é respeitável.
E, muito sinceramente, os percursos de vida das bandas, ou dos elementos das bandas, só em interessam como fait divers, não influenciado em nada a minha opinião sobre a música.
E em que é que os WT se tornaram? Tocam música mais acessível, é isso? Isso é alguma espécie de heresia?
Não tenho a mesma opinião sobre os fãs de WT. Fanáticos existem de todas as bandas, mas nunca me apercebi que os fãs de WT tivessem o mesmo comportamento que, por exemplo, o fãs de NW e da Tarja (porque há parvoeira dos dois lados). Não sei em que te baseias para essa opinião ;)
Quanto aos WT não serem grandes músicos, a que é que te referes? Tecnicamente? São maus músicos apenas porque a sua música não é altamente complexa? Ui, que isto dá pano para mangas!Se eu tivesse tempo, até dissertava sobre este assunto :P
Eu considero que os WT são bons naquilo que fazem e, dentro do seu estilo, são bons músicos. As coisas têm de ser colocados no seu devido contexto. É o que eu faço quando, por exemplo, estou a escrever uma review.
O estilo que eles tocam é precisamente esse: criar melodias e ambientes bonitos, coroados por uma voz feminina angelical (às vezes nem tanto assim). E nisto eles são bons. Agora se gostamos ou não deste tipo de música, aí já é outra história completamente diferente. No fim, é tudo uma questão de gosto pessoal.
Só acho estranho, Sérgio, que demonstres tanto respeito pelos Buraka (pode ter alguma originalidade, mas também não é nada de complexo. São grandes músicos?) e tão pouco pelos WT ;)
Ui este texto está uma confusão, mas espero ter-me feito entender. É que ainda não acordei completamente lol :P
Um abraço! \m/
Cláudia, Quarto Crescente
Fizeste-te entender perfeitamente querida Cláudia e ainda bem porque me tiraste as palavras da boca e assim poupo o meu latim:)
Só acrescentar uma coisinha: mesmo que haja fãs assim (que há em todo o lado), os WT não podem ser culpados disso, ou seja, não os podes culpar por as pessoas gostarem deles e por, para algumas delas, a música que fazem ser a melhor do mundo. Quando eu era pequena, a música melhor do mundo para mim era um tema das Four None Blondes. Hoje já não é, mas nunca, nunca, deixou de ter significado para mim, como a melhor música do mundo quando eu tinha 5 anos! Às vezes, uma música que não é nada de especial para uma pessoa, significa o mundo de outra. Os WT já me proporcionaram excelentes momentos na minha vida e para mim, em certos momentos, a sua música é a melhor do mundo. Uma música como a Mother Earth será sempre a melhor do mundo para mim, por mais tempo que passe, por tudo o que significou e significa para mim e isso é muito mais do que aquilo que ela realmente é - é uma alma que ela tem, para além daquilo que ouvimos e que os músicos dos WT tocam.
Inês Martins (Lua Minguante)
Bem, vou comentar a parte em que dizem que os WT são bons músicos... Tal como eu disse anteriormente, têm músicas giras, mas não são propriamente uns primores técnicos. Há bandas dentro do mesmo estilo cujos elementos tocam que se farta (estou a lembrar-me por exemplo dos Atargatis, dos Elis, ou, fugindo um bocadinho da onda mas ainda assim mantendo-me no metal gótico, dos Tristania)... Já os WT, deixam muito a desejar na medida em que não é preciso ser-se um graaaande músico para fazer o que eles fazem. E no fim de contas não há mal nenhum em gostar de bandas fraquinhas a nível técnico. Eu também gosto de muitas bandas que, se formos analisar, a única coisa que sabem fazer é tocar a sexta corda solta, com as guitarras afinadas uma escala abaixo (e ás vezes até mais) e solos de duas ou três notas. A única coisa que pretendo mostrar é que, se calhar, os Within não merecem que tanta gente ande atrás deles como se não houvesse outra banda no mundo, e, volto a frisar que não dirijo estas palavras a ninguém deste blog, mas isso acontece demasiadas vezes... Não só nos WT, evidentemente, mas também com eles isso acontece.
Quanto ao respeito que eu tenho pelos Buraka, isso deve-se ao facto de eles terem sido originais naquilo que criaram.
Eu respeito os Within, não sei se já o disse aqui ou não, mas gosto dos primeiros trabalhos deles e sempre disse que eles em concerto demonstravam ser uma banda bastante sólida e capaz de grandes actuações... A minha questão é a seguinte: Será que aquilo que eles fazem justifica a legião de fãs totós que têm?... Não digo que não exista este tipo de fãs noutras bandas, claro que há... Infelizmente este tipo de fãs existe em todo o lado, só que, na minha opinião, os Within Temptation são muitas vezes sobrevalorizados e faz-me confusão que tenham a quantidade de fãs parvos que têm...
É a este ponto que eu queria chegar e mais uma vez peço desculpa pelos exageros e potenciais ofensas proferidos
Olá uma vez mais!
Ena Sérgio, conheces Atargatis! És a primeira pessoa com quem falo que conhece a banda. Gosto muito!
Dar exemplos de bandas de Gothic Metal nem sempre é muito elucidativo, porque as bandas que fazem parte do "estilo" (que é muito vago) por vezes não têm nada a ver umas com as outras. Com isto quero dizer que Elis, Atargatis ou até Tristania têm muito pouco a ver com WT. E porque digo isto? Porque na minha opinião (aqui a palavra-chave é "opinião) os WT escapam-se um bocado ao espectro do Metal, enquanto que as outras bandas que referiste são, independentemente do subgénero, bandas de Metal sem grandes misturas.
Para mim, WT deixou de ser metal a partir do "The Silence Force", passar passar a tocar um estilo algures entre o rock e pop, com influências metálicas. Então o "The Silence Force" é quase um álbum de pop puro e duro. Para veres, a minha mãe consegue ouvi-lo até ao fim, coisa que não consegue em relação a nenhum outro dos meus cds de metal.
Onde é que eu quero chegar? O metal é um estilo de música muito técnico (embora, claro, depende das bandas). Ouvem-se coisas que só podem ser comparadas ao melhor da música clássica. É uma pena que seja um estilo tão desvalorizado, já que tem grandes músicos nas suas fileiras.
Mas isto para dizer: não posso avaliar os WT como avalio os Atargatis, por exemplo, porque WT é uma banda híbrida. E quando estou a fazer uma review eu tenho de perceber o que estou a ouvir, fazer uma avaliação dentro do contexto, tentar perceber qual era a intenção da banda e se foi bem sucedida nos seus objectivos, etc.
Como banda de pop/rock com influências metálicas, os WT são muito bons. Como banda de metal, not really. E se quero comparar com outras bandas, mais depressa compararia com Xandria ou mesmo Evanescence, do que com Elis. Até parece que toda e qualquer banda que tenha um certo tipo de vocalização é parecida humpf.
Se eu fosse agora fazer uma review de um álbum dos WT não me ia por a avaliar a complexidade dos riffs, nem os solos de guitarra and so on. Isso seria uma parvoíce da minha parte. Eu teria de os avaliar em termos de composição, melodia, elementos orquestrais, etc, ou seja, inseridos no seu género.
Para dizer que os WT não são bons músicos, eu teria de dizer que o Metal é superior aos outros estilos, nomeadamente à música pop. Sei que muita gente pensa assim, mas para mim é um sinal de intolerância. E quanto a ser bom ou mau músico... ser mau músico é tocar mal. Ponto final. Os WT não tocam mal... tu próprio admitiste que têm boas prestações ao vivo - é algo que nem todas as bandas conseguem.
Os WT não são uma banda extremamente original, pois não. No entanto, têm um estilo próprio. Não se confunde WT com qualquer outra coisa, quer se goste ou não da banda. E outra mais-valia, é que não repetem álbuns. Melhores ou piores, cada cd dos WT é diferente do anterior. Arranjam sempre forma de incluir novidades, mesmo que sejam subtis, mas sempre fiéis ao seu estilo.
Finalmente, há que esclarecer uma coisa. Se eu não considero que WT seja uma banda de metal, o que faz neste blog. Bem, vão decerto aparecer aqui algumas bandas que não são de metal, e que nem sequer têm influências. Considero (consideramos) que é preciso alargar o espectro a outros géneros, desde que tenham características que possam agradar aos fãs de metal. É aqui que cai WT, pelo menos para mim.
Voltando à questão dos fãs. Talvez isso se deva, em parte, a terem tantos fãs e de alguns não fazerem parte da cena do metal. Sim, eles têm MUITOS fãs, porque agradam a vários segmentos de público. Isto é uma qualidade, não um defeito.
Continuo sem compreender o que queres dizer com "fãs tótós". Não acho que tenham mais do que outras bandas. Talvez diferença esteja no sucesso comercial, não sei. Não sinto o mesmo que tu.
Novamente, Sérgio, não peças desculpa. Este é um debate saudável e eu adoro debater música, falar sobre música. Estou a gostar muito desta troca de comentários e só te tenho de te agradecer por seres um participante tão activo!
Um abraço! \m/
Cláudia, Lua Crescente
Wow! Grande debate que vai para aqui =)
Gostei da review, bom trabalho! Acho que focaste os pontos principais do concerto, até deu vontade de voltar lá e ver tudo de novo mas com mais músicas e tempo de "antena" =P
A espera foi longa e com muita pena minha, e com certeza de todos os fãs, o concerto acabou demasiado depressa. Claro que com apenas uma hora só poderiam tocar singles, pena foi terem substituído a Forgiven pela Memories, tendo em conta que durante a tour a têm tocado =( Ainda não foi desta que a oiço ao vivo..
Quanto ao cenário, foi sem dúvida uma melhoria em relação ao concerto no Paradise Garage, o que também é compreensível, pois foi no início da tour. Só fiquei agradavelmente espantada porque sendo um concerto tão pequeno não pensei que se dessem ao trabalho X)
Espero que voltem mais para o final do ano, talvez para apresentarem o Black Simphony! *wishful thinking*
Vejam só o q eu descobri para quem gosta de withim temptation:
http://www.centralmusical.pt/?c=7276
Within Temptation ALive 2008
:D :D :D :D :D :D
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