segunda-feira, 27 de julho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Nemesis Radio - Vozes Femininas

A Nemesis Radio já está online há algum tempo e com ela trouxe um novo programa de rádio, o Beauty In Black onde os ouvintes poderão escutar diversas bandas de voz feminina.

O programa é apresentado pelo músico Jon Van Dave (Heavenly Bride e Urban Tales) aos Domingos da 00h à 02h, por isso, se gostas de uma boa voz feminina não percas esta emissão, que pode ser ouvida em http://xdradiorock.blogspot.com/.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Procuram-se Colaboradores!

As Senhoras do Metal estão à procura de pessoas que queiram colaborar com este projecto. Com o blogue a fazer um ano de existência (a 15 de Maio), encontramo-nos a funcionar a meio gás, com pouca gente para cobrir uma vastidão de projectos musicais.

Queremos estar em cima do acontecimento, escrever mais rubricas para os nossos leitores, apresentar uma maior diversidade de projectos com diferentes estilos e, principalmente, divulgar mais e melhor os projectos nacionais. Queremos fazer mais e melhor e como tal precisamos de mais gente a trabalhar connosco.

Procuramos pessoas para partilhar esta nossa paixão pelas mulheres no metal e música alternativa. Pessoas que gostem de escrever e que escrevam habitualmente, que possam e queiram dedicar algum do seu tempo a este projecto e, acima de tudo, que saibam apreciar boa música.

Pedimos a todos os possíveis interessados que nos contactem pelo e-mail senhorasdometal@gmail.com e ajudem a que este projecto seja como o sonhámos há um ano atrás!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sugestões Maio

Estreia-se uma nova rubrica Senhoras do Metal (SM). Em cada mês vamos apresentar-vos um conjunto de três a cinco projectos musicais, que por uma ou outra razão consideramos imperdíveis.




Comecei a escrever este artigo há bastante tempo. A dificuldade não esteve em encontrar projectos para destacar, esteve sim em decidir quais destacar. À dificuldade não foi com certeza alheio o facto de, nos últimos dois anos, eu ter ouvido mais música do que no resto da minha vida. É um vício apaixonante procurar novos projectos de metal, rock, alternativo, ambience, electrónico, darkwave, enfim, todos os estilos que por uma ou outra razão entrem no âmbito das SM. Na imensidão da oferta são mais as vezes em que descobrimos projectos pouco entusiasmantes, alguns até desinteressantes. Felizmente, tenho tido a sorte de encontrar algumas coisas realmente boas. Outras ainda, incrivelmente fascinantes.



Por entre a miríade de projectos musicais encontramos por vezes projectos de contornos um pouco diferentes do habitual. Ao sair do âmbito das bandas, damos de caras com o universo dos projectos a solo, isto é, projectos nascidos musicalmente, conceptualmente, instrumentalmente das mãos de uma só pessoa. Esses projectos tomam muitas vezes o nome da própria pessoa atrás de toda a sonoridade – é o caso da extravagante Emilie Autumn ou da mais extrema Cadaveria. Quando mergulhamos no mundo dos projectos em nome próprio encontramos por vezes pérolas brilhantes e pouco conhecidas e, ainda menos, reconhecidas. Eu encontrei três dessas pérolas. E até, se me permitem dizer, três dos melhores álbuns que ouvi desde 2007. São três os nomes próprios: Priscilla Hernández, Eilera, Elane. Elas são as vozes e as intérpretes, as compositoras, as instrumentistas e, acima de tudo, o espírito por detrás das brilhantes criações musicais que vos apresento em seguida.




Priscilla Hernández - Ancient Shadows - The Ghost and The Fairy (2006)









“The light, the shade, the fairy, the ghost... A journey full of contrasts through an angelic voice that manages well in genres that goes from new age to celtic pop.”





É com estas palavras que Priscilla Hernández se apresenta ao ouvinte que passa. Como se tudo no seu trabalho fosse assim tão simples…

Priscilla Hernandez é, antes de mais, uma personagem fascinante. Natural das Ilhas Canárias, Priscilla é simultaneamente música, compositora, intérprete e ilustradora de contos de fadas. Artista independente, tem a sua própria editora, YIDNETH. Define a sua música como “ethereal gothic” e há definitivamente muito de gótico e etéreo no que Priscilla cria: etéreo, gótico e de uma beleza assustadora.

Em Maio de 2002, Priscilla Hernández decidiu mostrar a sua primeira música ao mundo. I Steal The Leaves tornou-se um êxito entre os fãs do género ambient, darkwave e new age, mas a música já entrara na vida de Priscilla há muito tempo, tendo começado a escrever e compor ainda na pré-adolescência. Desde muito cedo fascinada por histórias de fadas, fantasia e pelo lado mais negro do folclore, Priscilla criou um imaginário de sonhos único, usando a voz e as melodias como forma de expressão de estados de espírito humanos.

Após algumas demos e colaborações em bandas sonoras e outros projectos, o final do ano 2006 vê nascer o seu álbum de estreia, Ancient Shadows – The Ghost and The Fairy, uma compilação de 19 das suas músicas e dois booklets ilustrados pela própria.

Priscilla trás-nos com este registo o seu mundo imaginário de infância e adolescência, mas não pensemos por isso que falta maturidade a este Ancient Shadows. Priscilla é de uma coerência assustadora, fazendo perpassar por todos os temas um conceito central: o lado mais luminoso dos contos de fadas, contrapondo-se ao seu lado mais escuro e perturbador. Entre fadas e fantasmas, este projecto enreda-nos num jogo de luz e sombra. Há uma tristeza profunda na voz de Priscilla, uma suavidade etérea que no entanto é forte e insistente. Explorando esse estado de estranheza que é estar entre o sonho e o acordar, Ancient Shadows percorre momentos de beleza e doçura, mergulhando suavemente num vazio e numa escuridão que é mais perturbadora do que aquela que nos trazem intencionalmente muitos CDs de metal.

A música de Ancient Shadows baseia-se na voz, sintetizadores e flauta, elementos a cargo da própria Priscilla que trabalha melodias e letras que são simplesmente mais um elemento de fascínio em todo este trabalho. O celta, o ambience, o darkwave, juntam-se harmoniosamente e podemos reconhecer referências diversas ao trabalho de Lorenna Mckennit, Enya ou mesmo de uns Dead Can Dance e Tori Amos. No entanto, o mundo que Priscilla nos trás é tão dela, tão próprio, que todas estas possíveis referências ficam aqui apenas enquanto isso mesmo – referências. Acima de tudo, Priscilla é uma intérprete e uma poetisa. A sua voz não soa como nenhuma outra. As melodias nunca foram ouvidas. O imaginário lírico funciona como um livro entre o autobiográfico e a fantasia, uma janela para alma de Priscilla.

Em 19 temas, o destaque vai para aqueles sobre os quais se torna difícil falar ou exprimir correcta e concretamente o que os torna tão absolutamente especiais. É o que é possível fazer numa review que nada mais é que o parente pobre de um trabalho musical desta qualidade.

Away é uma canção tão profundamente emocional (aliás, como tudo aquilo que Priscilla cria) que se torna difícil escrever sobre ela. Se pensarmos que Priscilla a escreveu quando tinha não mais do que 12 anos, mergulhamos directamente numa complexidade quase inexplicável. Resgatada das memórias da sua infância, Away é uma epifania àquilo que deixamos para trás e a voz de Priscilla é o condutor perfeito que nos leva de volta ao passado.

But if you go é monumental, uma das faixas mais negras do disco, com a voz de Priscilla a descer a tons mais graves, a melodia a conduzir-nos ao interior de nós mesmos, resgatando daí as nossas maiores dores. Esta autópsia aos seus e nossos sentimentos é mestria neste Ancient Shadows.

I steal the leaves evidencia a influência folk e celta, numa faixa cheia de brilho e luz. Priscilla é uma intérprete de excelência e evidencia isso claramente nesta faixa, levando-nos ao seu mundo de fantasia, onde luz e sombras duelam em batalha inglória.

Nothing introduz pela primeira vez uma simples melodia de piano. Ouvir esta Nothing é sentir o mesmo nada e vazio que talvez Priscilla tenha sentido quando a escreveu.

Outros temas são incontornáveis, remetendo mais para esse outro lado de Ancient Shadows, a escuridão e o pesadelo. The Willows Lullaby funciona exactamente como uma canção de embalar perturbadora. A melodia oscila perigosamente entre o sonho e o medo, enredando-nos numa teia confusa de sentimentos… The Call of The Nymph principia com sussurros encantados e perturbadores, uma faixa maravilhosa para a voz de Priscilla que se perde em devaneios sonhadores que nos recordam a fabulosa intérprete dos Dead Can Dance.

Ancient Shadows poderia ser um disco exclusivamente para os fãs do género. Possivelmente é. Mas eu tendo a considerar que quem gosta de música não se importa de viajar por diferentes estilos, não se importa de ser arrebatado um dia por um trabalho ambience e darkwave e noutro por um disco de trash metal, sem perder a sua identidade própria. A música tem a capacidade fascinante de ser uma das poucas artes que pode ser compreendida e amada por toda a gente, mesmo que não haja razões que o justifiquem.

Independentemente dos gostos, mais ou menos ecléticos, permitam que Priscilla vos leve ao seu mundo. Permitam que este Ancient Shadows vos arrebate. Julgo que não se arrependerão.


Tracklist Ancient Shadow – The Ghost and The Fairy:

1) Facing the dream (opening credits)
2) Away
3) Ancient Shadows
4) But if you go
5) I steal the leaves
6) The Call of the Nymph
7) The willow´s lullaby
8) Nothing
9) Haunted
10) Nightmare
11) Fairy tale
12)The realms of twilight
13)The voice of the night
14)Lament
15)Ahora que te has ido
16) The Prince and the fairy
17) I´m right here
18) Sueño muerto
19) Facing the dream (Closing Credits)

- Aqui é possível ler o conceito do álbum e a história por detrás de cada um dos temas.
- O site de Priscilla é muito completo e contém todos os projectos da artista, desde a sua música, às histórias, ilustrações, vídeos ao vivo e videoclips. Vale a pena passar por lá: Site Oficial



Eilera – Fusion (2007)








"Freedom, passion, electricity and Beauty... I owe a lot to Nature for these songs. She was at the heart of a lot of them. Just like this great urge of mine to grab the present moment, put it in my mouth, swallow it and keep it as deep and preciously as I can in me. And it was the alchemy between warmth and cold, extreme emotions, passion, all of those carried by the meeting of Metal music with Celtic folk and electronic/concrete sounds... my very own fusion of all of those..." - Eilera



O projecto Eilera nasceu em 2000 da colaboração entre Eilera e o guitarrista Loïc Tézénas. Após duas demos onde procuraram definir um estilo mais concreto para a sua música, lançam o primeiro álbum, Facettes. Corria o ano de 2003. Eilera assina pela Spinefarm Records e em 2005 lança o primeiro CD com o selo desta editora - Precious Moment, um EP de quatro faixas. Começa aqui uma nova era para esta dupla musical, nascida da personalidade e vontade de Eilera. A explosão dá-se com Fusion, em 2007. Não falo de uma explosão em termos de divulgação a uma grande escala, mas sim de uma explosão musical vibrante e com toques de brilhantismo.


Fusion é, como o nome indica, uma fusão de diferentes estilos, que vão desde o electrónico, ao metal, ao alternativo, ao folk e celta. A primeira vez que ouvi este registo surpreendi-me com algo em que nunca tinha pensado: que o electrónico e o celta são companhia perfeita um para o outro. Essa foi apenas uma das surpresas. O violino é outra das surpresas, um elemento de cor tão forte neste álbum que é absolutamente inolvidável. Inolvidável é também a voz de Eilera que é capaz de ser a melhor voz que já ouvi. Melhor não no sentido de encantadora ou brutal, mas porque é simultaneamente encantadora e brutal, frágil e forte, passando da melodia ao berro, enquanto o diabo esfrega um olho. Há algo de diabólico em Eilera, quanto mais não seja o facto de a sua música ser absolutamente estranha e viciante, capaz de alterar as minhas concepções razoáveis sobre o que é musica, ou pelo menos, como deveria ser. O "dever ser" não tem qualquer importância para Eilera que faz o que bem lhe apetece e diz o que bem lhe apetece, através de um conceito lírico forte e quase chocante.




É impossível referenciar os pontos altos deste álbum, porque todas as músicas são um ponto alto. Há no entanto alguns temas que nos capturam primeiro. Tema de abertura, Non Merci – primeiro contacto com a voz de Eilera, com o violino enlouquecido e com um refrão retumbante e vicioso. Um conceito lírico perturbador. Segue-se In The Present, com uma melodia inesquecível, onde o celta e o electrónico se abraçam numa dança fabulosa. A mensagem transmitida é forte, algo que Eilera parece não conseguir evitar, uma clareza excruciante que lhe parece estar no sangue, tanto como na voz, simultaneamente directa e misteriosa. Healing Process dá preponderância ao metal e ao electrónico. Esta é uma faixa pesada e ainda mais perturbadora. O refrão repete-se até a uma exaustão que nunca sentimos realmente, porque continuamos a cantá-lo muito depois de a música ter terminado. O tema título é o auge da fusão a que Eilera se propôs neste trabalho. A melodia não podia ser mais contagiante ou inebriante. Destaque mais do que merecido para os violinos que atingem aqui o expoente máximo. Addicted é outro tema incontornável. Fusão metal e electrónico mais do que perfeita. Destaque para os ritmos e precursão e para a paixão na voz de Eilera.



Paixão será definitivamente a palavra para definir a sua música. A sua característica dualidade está presente na fenomenal The Angel You Love, The Angel You Hate, o lado inocente e ingénuo, fundindo-se com o mais perturbador e quase maléfico. Este tema é como um sumatório daquilo que Eilera nos trás com Fusion. Os violinos estão lá, as palavras perturbadoras também e a voz ainda mais perturbadora que atinge o seu expoente máximo neste tema, indo de um suave e encantatório até ao auge do desespero.

Um trabalho passional e apaixonante. Imperdível.

A boa notícia é que há já um novo álbum a caminho, como nos conta Eilera no site oficial:
"I went through a lot of things this last year. Good and bad. I
met a lot of people. Good and bad. There has been a lot to stimulate
my imagination. And there has been much to open my eyes on many things
in this world... All in all, it's time for new songs."
- Eilera

Cá o esperamos.

Tracklist de Fusion:
1. Non Merci
2. In The Present
3. Healing Process
4. Fusion
5. Addicted
6. The Angel You Love, The Angel You Hate
7. Keep Our Heaven
8. Back To The Essentials
9. Free Are You
10. September


Site Oficial
Myspace


Elane – The Silver Falls (2008)





A música de Elane parece vir de outra era, parece ser tão antiga como florestas perdidas e mares desconhecidos. A sonoridade caíria como uma luva num filme como as Brumas de Avalon. Na verdade, se Elane tivesse feito a banda sonora desse filme teria, possivelmente, feito dele uma autêntica obra de arte. Na sua música mistura-se suavemente o folk, o celta, o electrónico o darkwave, a world music e o metal, de uma forma tão harmoniosa que é difícil saber onde começa cada uma destas vertentes da música. Elane chega ao ouvinte com diferentes etiquetas coladas por cima da sua sonoridade – a genérica designação de alternativo (que normalmente esclarece muito pouco), a ambígua designação de indie e a bela auto-denominação de "dark fantasy folk". Escolham a que acharem melhor. Por mim, Elane é, indubitavelmente, Elane.

Elane é o nome da banda, o nome da vocalista, o espírito da música. Como a própria explica:


“Who is Elane? Is she a figure that came to you in a dream? An ancient Pagan Goddess? A fairy that you met in a magical circle cast? Or is it "The Very Soul of The Band"?

Maybe everything. And maybe it's the person you become when you start to believe in a strong dream, when you try to reach the "impossible." Of course she also plays a role in all of our songs, although she isn't present on the surface of many lyrics. Maybe you can really call her "the very soul of the band" in regard to our belief that we can make people discover something more and maybe even magical in our music.”
- Joran Elane (em Musical Discoveries http://www.musicaldiscoveries.com/reviews/elane.htm#INTV)

The Silver Falls é a mais recente aposta deste projecto e data de Outubro do ano passado, constituindo o terceiro longa-duração da banda germânica. A história da banda começa a contar-se com o álbum de estreia The Fires Of Glenvore, seguido pelo EP Love Can't Wait, aperitivo para o segundo registo, o brilhante Lore of Nén. Mas Elane nasceu da mente criativa de Joran Elane, principal vocalista (flautas, artwork e videos), que se rodeou dos músicos Skaldir (guitarra, arranjos orquestrais, voz e percursão), Nico (teclados, voz, programming), Katrin (violino, viola, voz), Simon (violino e clarinete) e a convidada soprano Neniel Tindómerel.

A maior pena para mim é a ausência de Neniel neste The Silver Falls. A sua voz fazia um excelente contraste com o timbre grave de Joran. É claro que isto é apenas um pormenor e deriva do meu gosto pessoal. The Silver Falls é um álbum superior ao anterior, em muitos aspectos.

Este registo começa de forma muito suave, com as músicas a soarem a tudo menos a metal e termina em força com o peso a destacar-se nas últimas faixas. Open the Gates abre o registo com uma melodia de violino entrelaçando-se com a guitarra e a voz de Joran, grave e profunda. Elfennacht trás-nos um tom mais folk, com a bateria muito presente e a voz de Joran cantando na sua língua materna (alemão). A melodia do refrão é agradavelmente dançante.


Silverleaf é uma faixa luminosa, com uma melodia delicada e a voz de Joran explorando o seu timbre mais doce. The Land Through Your Eyes é brilhante. A duas vozes este tema conduz-nos por terra desconhecida. Piano, bateria, violinos concorrem para nos oferecer uma paisagem musical variada, mas impressionantemente coerente. A voz de Joran é sonhadora e inebriante num dos refrães mais marcantes do álbum. À imagem e semelhança de Silverleaf, Paperboat & Silverkite é mais delicada, quase frágil. A fragilidade não deixa prever a intensidade retumbante daquela que considero uma das melhores faixas do álbum. Aqui destacam-se claramente os tais elementos mais electrónicos, harmonizando-se de forma quase perfeita com o violino perdido em melodias tipicamente folk. A bateria é também tipicamente folk, por vezes tribal, uma voz masculina pontua de gravidade e emoção e a voz de Joran perde-se em devaneios e murmúrios. A composição lírica é só mais um elemento brilhante deste sonho e o refrão é mais dos pontos altos deste registo.

Segue-se Crimson Lullaby – The Weight of The World, que acentua claramente os elementos electrónicos aos quais se juntam as guitarras acústicas estabelecendo uma paisagem folk. A voz de Joran desce a um tom negro e dramático, enquanto a música se torna cada vez mais delicada, continuando na faixa seguinte, Crimson Lullaby – The Dreamer, com os elementos electrónicos cada vez mais presentes.

Amber Fields é a minha preferida na sua tristeza profunda e luminosa delicadeza. Um piano grave e a voz de Joran fazem magia numa das melhores melodias que tenho ouvido nos últimos tempos. My Promised Land é a faixa mais pesada, com uma entrada em delírios vocais e com as guitarras a traçarem depois o caminho, em malhas sonoras. Enchantment (Dance With a Storm) não soaria deslocada num álbum de Lorenna Mckennit não fosse pela voz de Joran, tão radicalmente diferente de qualquer outra que tenhamos ouvido. Secção rítmica e guitarras oferecem-nos espectáculo neste tema. One Last Time retoma a toada inicial do álbum, encerrando este círculo em forma de viagem sonora.

Um álbum belo, que se distingue da míriade de sons que nos atingem todos os dias, pela história que trás consigo, a suavidade e combinação dos instrumentos e uma voz de contornos únicos.

Deixem-se levar.

Tracklist de The Silver Falls:

1) Open The Gates
2) Elfennacht
3) Silverleaf
4) The Land Through Your Eyes
5) Paperboat & Silverkite
6) The Emerald Princess
7) Crimson Lullaby: The Weight Of The World
8) Crimson Lullaby: The Dreamer
9) Amber Fields
10) My Promised Land
11) Enchantment (Dance With A Storm)
12) One Last Time

Site Oficial

Myspace


Inês Rôlo Martins

domingo, 19 de abril de 2009

Edenbridge lançam álbum exclusivo ao vivo


A banda austríaca de metal sinfónico Edenbridge vai lançar LiveEarthDream, álbum exclusivo ao vivo, a 4 de Maio. O álbum foi gravado em vários concertos da banda ao longo de 2008. A edição exclusiva de apenas mil exemplares estará disponível através da fanshop no site oficial. As encomendas feitas até 26 de Abril terão a oportunidade de receber o CD autografado pela banda.

As pré-encomendas podem ser feitas aqui e samples de LiveEarthDream estão disponíveis para audição aqui.

Tracklist:
1. The force within (Intro)
2. Shadowplay
3. Remember me
4. Undying Devotion
5. Wild Chase
6. Shine
7. Evermore
8. For your Eyes Only
9. Terra Nova
10. Move Along Home
11. Centennial Legend
12. Paramount
13. Fallen From Grace
14. MyEarthDream

Kells lançam Lueurs


A banda francesa de rock/metal melódico Kells lançou, em Fevereiro, o seu segundo longa-duração Lueurs, pela editora Season of Mist. O sucessor de Gaïa (2005) é composto por 13 novas músicas, sendo La Sphère (dueto com a vocalista dos compatriotas Eths, Candice) o primeiro single retirado deste novo registo.


Tracklist:

1. Réminiscences
2. Avant que tu...
3. La Sphère feat. Candice de ETHS
4. Délivre-moi
5. In utero
6. Merveilles
7. Mes rêves
8. Lueur
9. Le ciel
10. Ailleurs
11. Sans teint
12. Le dictat du silence
13. Sur le fil


A génese muito recente dos Kells remonta ao ano de 2001, com o núcleo da banda compondo-se por Patrick nas guitarras, Fabrice nas teclas e Virginie na voz. A sua sonoridade constitui-se de diversas influências musicais, aliando rock/metal ao pop e música clássica. Após o lançamento do álbum de estreia, Gaïa, juntam-se à banda Jérémie, no baixo e flauta e Guillaume, na bateria. O quinteto percorre assim alguns palcos franceses, belgas e luxemburgueses, ao lado de bandas como Epica, Aqme, Magica, Paradise lost e Eths. Em Março de 2007 o colectivo acolhe um novo baterista em substituição do anterior e Laurent passa a ser o novo baixista.









Site Oficial
Myspace

sábado, 4 de abril de 2009

Agenda - Abril

07.04.2009 - Cinemuerte - Twilight DVD release party @ Fnac Colombo, Lisboa - 21.30h
11.04.2009 - Kandia - Kastru’s Bar, Esposende - 22h
11.04.2009 - Insaniae - Muralhas rock bar, Alcabideche - 23h
25.04.2009 - Mons Lvnae - Side B, Benavente - 22h
25.04.2009 - Face Oculta - Bar O Pestinha, Setúbal - 22h
25.04.2009 - Kandia - Fábrica do Som, Porto- 22h




Agradecemos a colaboração dos nossos leitores para completar esta agenda. Contactem-nos através do mail - senhorasdometal@gmail.com . Obrigada

segunda-feira, 30 de março de 2009

Stream of Passion lançam novo álbum


Os Stream of Passion, banda nascida da cumplicidade entre Arjen Lucassen (Ayreon, Star One) e Marcela Bovio, preparam-se para lançar, a 29 de Maio, o segundo longa duração. The Flame Within é o nome do sucessor de Embrace The Storm (2005) e, segundo comunicado da banda, eleva o gothic metal dos Stream of Passion a outro patamar, através de “composições mais maduras”.

Já sem Arjen na sua formação, o novo álbum foi produzido nos Fascination Street Studios, na Suécia, por Jens Bogren, que trabalhou com nomes tão sonantes como Opeth, Katatonia, Amon Amarth e Paradise Lost. A banda foi divulgando o processo de gravação no myspace oficial, onde também já podem ser escutadas algumas demos retiradas de The Flame Within.

Tracklist - The Flame Within
1.The Art Of Loss
2.In The End
3.Now Or Never
4.When You Hurt Me The Most
5.Run Away
6.Games We Play
7.This Endless Night
8.My Leader
9.Burn My Pain
10.Let Me In
11.Street Spirit
12.A Part Of You
13.All I Know

Site Oficial
Myspace

domingo, 29 de março de 2009

The Birthday Massacre lançam CD e DVD ao vivo


Os The Birthday Massacre (TBM) lançam a 8 de Maio na Europa, Show and Tell, primeiro CD ao vivo da banda liderada por Chibi, gravado em Hamburgo. A esta edição segue-se o DVD do concerto que tem lançamento marcado para o Verão, ambas as edições com selo Repo Records. A tracklist já foi divulgada, constituindo uma espécie de Best Of que reúne temas de Nothing and Nowhere (2002) e do mais recente Walking With Strangers (2007).

Desde o lançamento do último álbum que a banda se encontrava em tour pela Europa e América do Norte, tendo começado já a trabalhar no próximo longa duração, com lançamento previsto para o Outono.

Entretanto os TBM arrancam em Abril com a Show and Tell Tour, que vai percorrer palcos norte-americanos.

Tracklist de Show and Tell:
01. Before Dark (Intro)
02. Video Kid
03. Lovers End
04. Goodnight
05. Falling Down
06. Violet
07. Red Stars
08. Looking Glass
09. Remember Me
10. Unfamiliar
11. Walking With Strangers
12. Weekend
13. Horror Show
14. Kill the Lights
15. Blue
16. Happy Birthday


Myspace

terça-feira, 17 de março de 2009

Breves

Ava Inferi

Com a data do lançamento a aproximar-se, os Ava Inferi revelam a tracklist do seu novo registo, Blood of Bacchus. Nas palavras da banda, tratam-se de 54 minutos de “inspiração pura e honesta”. Um novo tema estará em breve disponível para audição no myspace oficial da banda.

Tracklist Blood of Bacchus

1. Truce
2. Last Sign Of Summer
3. Colours Of The Dark
4. Black Wings
5. Appeler Les Loups
6. Be Damned
7. Tempestade
8. Blood Of Bacchus
9. Memoirs

Site Oficial
Myspace


Eluveitie


A banda de folk death metal Eluveitie disponibilizou para audição o primeiro single, Omnos, retirado do seu próximo registo, em formato acústico, Evocation I: The Arcane Dominion. O tema pode ser ouvido no myspace oficial do colectivo, enquanto este termina a tour com os Kreator e os Caliban.

Site Oficial

Myspace

Lacuna Coil lançam novo álbum


Os Lacuna Coil lançam a 20 de Abril o seu quinto longa-duração pela Century Media. Shallow Life é o nome do novo registo que chega até nós dez anos depois de se terem estreado com In a Reverie, em 1999.

O novo trabalho foi gravado nos NRG Studios, na Califórnia, com a produção a cargo de Don Gilmore que já trabalhou com nomes tão conhecidos como Linkin Park, Pearl Jam e Good Charlotte. Com um mês de avanço, a banda lançou já o primeiro single, Spellbound, que pode ser ouvido no myspace oficial.

O último ano foi pródigo em lançamentos por parte do colectivo italiano, que lançou o primeiro dvd, Visual Karma: Body, Mind and Soul, em Novembro do ano passado e o seu primeiro best of, já no inicio de 2009, uma compilação de nome Manifesto of… Lacuna Coil.

Ao mesmo tempo, a banda italiana prepara-se para uma tour norte-americana que arranca já a 20 de Março, ao lado dos Disturbed, Killswitch Engage e Chimaira.

Tracklist Shallow Life

1. Survive
2. I Won't Tell You
3. Not Enough
4. I'm Not Afraid
5. I Like It
6. Underdog
7. The Pain
8. Spellbound
9. Wide Awake
10. The Maze
11. Unchained
12. Shallow Life

Site Oficial

Myspace

Epica lançam CD ao vivo


A banda holandesa Epica lança a 8 de Maio um CD duplo ao vivo, entitulado The Classical Conspiracy, com selo Nuclear Blast. O álbum foi gravado em Miskolc, na Hungria, no dia 14 de Junho de 2008.

O colectivo tocou um setlist de 45 minutos, composto por versões metal de clássicos de música erudita e bandas sonoras de filmes, para além de temas próprios, acompanhados por uma orquestra e coro.

The Classical Conspiracy estará disponível em edição cd duplo e em edição deluxe digipack com 2 cds. O álbum já pode ser encomendado na loja online da editora Nuclear Blast.

Tracklist

CD I - Classical Set

1. Palladium
2. Dies Irea (Verdi)
3. Ombra Mai Fu (Händel)
4. Adagio (Dvorák)
5. Spider-Man Medley
6. Presto (Vivaldi)
7. Montagues and Capulets (Prokofiev)
8. The Imperial March
9. Stabat Mater Dolorosa (Pergolesi)
10. Unholy Trinity
11. In The Hall Of The Mountain King (Grieg)
12. Pirates of the Caribbean Medley (apenas com a edição europeia)
13. Indigo
14. The Last Crusade
15. Sensorium
16. Quietus
17. Chasing the Dragon
18. Feint

CD II - Epica Set

1. Never Enough
2. Beyond Belief
3. Cry for the Moon
4. Safeguard to Paradise
5. Blank Infinity
6. Living a Lie
7. The Phantom Agony
8. Sancta Terra
9. Illusive Consensus
10. Consign to Oblivion

Site Oficial
Myspace

The Gathering anunciam nome de nova vocalista


Silje Wergeland, vocalista da banda norueguesa Octavia Sperati, é a nova voz dos The Gathering, que já pode ser escutada nos três novos temas disponibilizados no myspace da banda, retirados do novo álbum The West Pole, a sair em Maio pela editora da banda, Psychonaut Records.

Para além da voz de Silje, no lugar antes ocupado por Anneke van Giersbergen, o novo registo da banda holandesa conta com a participação de músicos convidados e de mais duas vozes – a da cantora holandesa Anne van der Hoogen e da mexicana Marcela Bovio (Stream of Passion).

Produzido pelo guitarrista da banda René Rutten e masterizado por este e por Zlaya Hadzich (que também esteve encarregue da produção de Souvenirs, em 2003), The West Pole é, segundo a banda, um álbum mais orientado para o rock, conduzido pelas guitarras e que inclui alguns elementos mais exóticos, como a utilização de instrumentos pouco habituais em alguns dos temas.

O nono longa-duração da banda marca 20 anos de uma carreira variada e eclética. O aniversário será assinalado com um pacote especial que incluirá o novo álbum, uma t-shirt exclusiva e ainda o EP City From Above. O EP incluirá algumas faixas inéditas e o tema título, um instrumental de 13 minutos composto para Arr. 2, uma combinação de dança e música.

Tracklist:

1. When Trust Becomes Sound,
2. Treasure, All You Are
3. You Promised Me A Symphony
4. The West Pole
5. Capital Of Nowhere
6. No Bird Call, Pale Traces
7. No One Spoke
8. Constant Run.

Site Oficial

Myspace

terça-feira, 10 de março de 2009

ThanatoSchizO lançam álbum semi-acústico


Os ThanatoSchizO assinaram contrato com a editora independente portuguesa Major Label Industries, para a edição do seu quinto longa-duração. O registo será constituído por remakes acústicos de temas dos quatro álbuns da banda, com algumas incursões étnicas e electrónicas. A edição terá lugar este ano, embora não estejam ainda definidos um estúdio e data de gravação.

Guilhermino Martins, guitarrista do colectivo, refere que a gravação de um álbum como este é algo que começou a despertar interesse na banda há já alguns anos. “É curioso, porque a primeira vez que fomos confrontados com a ideia de adaptar os nossos temas a esse formato aconteceu por imposição da FNAC, como única forma de podermos apresentar showcases de promoção ao nosso segundo álbum. Tomámos-lhe o gosto e, desde aí, sempre que editámos novos registos trabalhámos igualmente em remakes acústicos paralelos”. O novo registo surge um ano depois do aclamado Zoom Code, de 2008, mas segundo Guilhermino Martins este é o momento adequado para mais um lançamento. “Nesta fase da nossa carreira, o passo que nos parece mais excitante é precisamente este: gravar e editar um álbum semi-acústico e adicionar-lhe referências étnicas e de outras abordagens musicais, fruto da maturidade que sentimos ter atingido”.

Site Oficial
Myspace

terça-feira, 3 de março de 2009

Agenda - Março

06.03.2009Mons Lvnae - Transmission bar, Lisboa - 22.00h
07.03.2009 - Celtic Dance - Sede das Figueiras - Cave Bar, Marinha Grande - 22.00h
07.03.2009 - Hate Disposal - The Crow Festival III - Figueiras,Leiria - 22.00h
21.03.2009 - Mourning Lenore- Side B, Lisboa - 21.00h
26.03.2009 - Celtic Dance - Santiago Alquimista, Lisboa - 20'00h



Agradecemos a colaboração dos nossos leitores para completar esta agenda. Contactem-nos através do mail - senhorasdometal@gmail.com. Obrigada

domingo, 1 de março de 2009

REVIEW - Silentium - Seducia [2006]


Tracklist:
1. Hangman's Lullaby
2. Serpentized
3. Dead Silent
4. Unbroken
5.Frostnight
6. Children of Chaos
7. Empress of Dark
8. Seducia



Os Silentium ainda são uma banda relativamente desconhecida no universo das bandas com vocalista feminina. No entanto, se actualmente tocam aquilo que se convencionou como gothic metal, no início da sua carreira, a sonoridade deste colectivo finlandês tinha uma toada bem mais doom, com predominância da voz masculina, enquanto a voz feminina ficava relegada para um plano mais secundário.

O grande salto qualitativo deu-se em 2003, com o discreto lançamento de Sufferion - Hamartia of Prudence que, injustamente, passou ao lado de muitos reviewers e apreciadores dos género em causa. Mais do que música bem executada por músicos competentes, Sufferion - Hamartia of Prudence é um trabalho único, meio rock ópera, meio teatro, meio radionovela que, inclusivé, contou com a performance de actores profissionais.

No entanto, foi neste Seducia que o colectivo finlandês – pais que habituou os fãs do rock e do metal a grandes bandas – encontraram o seu estilo próprio. Seducia é também o álbum de estreia de Riina Rinkinen, a actual vocalista dos Silentium, senhora de uma voz grave, sensual e expressiva, algo raro no denominado female fronted metal, que desde a sua génese tem apostado em vozes agudas e límpidas.

Ao lado de Riina, Matti Aikiu cria um contraste vocal mais ou menos bem conseguido. A voz de Matti é peculiar, e situa-se algures entre os grunts e as vocalizações mais agressivas de Marco Hietala (Nightwish), mas sem atingir o patamar de excelência do vocalista/baixista da famosa banda finlandesa.

Apesar do jogo vocal entre voz masculina e feminina, da utilização de um violoncelo e das ambiências melancólicas e, por vezes, obscuras, que embebem a sonoridade, Seducia não é o típico álbum de gothic metal. Sem desbravarem terrenos virgens, os Silentium conseguem imprimir alguma originalidade à sua música, e uma personalidade vincada. Ouvir Seducia é como beber um café negro e amargo, mas com notas aveludadas e repletas de sensualidade. A teatralidade que domina algumas das faixas torna-as perfeitamente aptas para fazerem parte de uma ópera rock, contudo, o colectivo nunca se deixa cair em exageros nem no refrão orelhudo fácil. A maoria dos temas têm uma cadência mid-tempo, com a inclusão de alguns momentos mais rápidos e agressivos.

Nas melancólicas Hangman’s Lullaby, Dead Silent e Frostnight, Riina tem a oportunidade de brilhar como primeira voz, apenas acompanhada por alguns apontamentos vocais de Matti. Estas faixas são dominadas por refrães fortes na voz de Riina, teclados precisos e negros e maravilhosos apontamentos de violoncelo. Embora os instrumentistas não tenham muitas oportunidades de brilhar individualmente, os ouvidos mais atentos poderão escutar alguns riffs interessantes sob a muralha de som. No entanto, o mais importantes nestas faixas é a melodia e as linhas vocais que, embora não soem dissonantes, não são as mais habituais neste género.

O lado mais agressivo dos Silentium está presente em Serpentized, Children of Chaos e Empress of Dark. Serpentized é quase totalmente cantada por Matti, que tem aqui a sua oportunidade de brilhar. Infelizmente, a sua voz não funciona sem o apoio de Rinna e, embora a faixa tenha uma estrutura interessante, acaba por sair prejudicada pela prestação de Matti.

Children of Chaos é um grande malha, a mais original alguma vez criada pelo colectivo. Recheada de notas dissonantes, mudanças abruptas de ritmo, é uma das mais teatrais de Seducia, com Matti e Riina num dueto insidioso e sedutor. A secção rítmica desempenha um papel importante nas mudanças de ritmo, enquanto os restantes elementos se degladiam numa luta pela supremacia. Desta vez, o desafio dos ouvidos atentos é encontrar harmonia na dissonância.

Empress of Dark é uma das mais rápidas e agressivas, com excelentes vocalizações de Matti, que contrastam com o tom malicioso de Riina. O destaque vai para o violoncelo que, em certos momentos, se sobrepõe a todos os outros instrumentos, e noutros se entrelaça com a voz da vocalista.

Unbroken poderia ser a típica balada, estrategicamente colocada a meio da tracklist. No entanto, a interpretação de Riina torna esta uma das mais poderosas faixas do álbum. E se existiam dúvidas de que Riina é uma das melhores intérpretes do género, parece que esta prestação é a prova de que a vocalista desta banda ainda obscura deveria ocupar o seu merecido lugar no ranking das melhores vocalistas femininas. Sem grandes exercícios vocais, sem “lamechices” desnecessárias – e talvez por isso mesmo – Riina consegue partir o coração do metaleiro mais empedernido. Se não acreditam em mim, desafio-vos a experimentar.

E, finalmente, o tema título, Seducia, que também poderia ser a típica faixa longa que fecha o álbum, algo que se tornou já um cliché de muitas bandas de gothic metal e metal sinfónico. No entanto, e tal como Unbroken, a interpretação fabulosa dos vocalistas, que encetam um diálogo quase perverso na sua crueldade, a presença insidiosa do violoncelo, a secção rítmica poderosa, a diversidade de momentos, desde rápidos a agressivos, a lentos e sensuais – de notar que tudo isto é feio sem a presença de uma grande orquestra – elevam este tema acima de muitas outras experiências do mesmo género, algumas até de bandas mais aplaudidas.

Seducia é um álbum musicalmente coeso, negro, que pode realmente apanhar-nos se for escutado com atenção e no momento certo. Com este trabalho, os Silentium insinuam-se já como uma das melhores e mais originais propostas num género que, muitos, afirmam estar já gasto e exaurido. Seducia é esse café forte, cujas tonalidades devem ser descobertas lentamente, mas que contém a promessa de um efeito duradouro.


Destaques: Hangman’s Lullaby, Unbroken, Children of Chaos, Empress of Dark, Seducia



18 valores em 20



Cláudia Rocha (Lua Crescente)


Line-up: Riina Rinkinen (voz), Matti Aikio (baixo e voz), Jari Ojala (bateria), Juha Lehtioksa (guitarra), Sami Boman (teclados), Toni Lahtinen (guitarra)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Xandria revelam nova vocalista


A banda alemã revelou hoje a identidade da nova vocalista. Kerstin Bischof, conhecida pelas suas colaborações com a banda Axxis, é a nova voz dos Xandria, vindo ocupar o lugar deixado em Abril de 2008 por Lisa Middelhauve.

“Logo na primeira audição, eu achei que nós encaixávamos perfeitamente como banda. Claro que os rapazes foram reservados nessa altura, mas mais tarde confessaram que tinham sentido o mesmo”, revelou Kerstin.

A banda encontra-se, neste momento, a trabalhar nas músicas para o próximo álbum. Ao mesmo tempo, os Xandria preparam-se para regressar aos palcos, com uma tour de três dias pela República Checa, a ter início em Março.

No site oficial, a banda já disponibilizou a biografia de Kerstin, que confessa estar ansiosa por pisar os palcos como nova frontwoman dos Xandria.

Site oficial

Myspace

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Visions of Atlantis apresentam nova vocalista

Joanna Nieniewska é a nova voz feminina dos Visions of Atlantis, que substitui a anterior vocalista, Melissa Ferlaak. A banda publicou já uma entrevista a Joanna no seu fórum oficial, que pode ser lida aqui.


Site oficial

Myspace

After Forever: o fim

Após 15 anos de carreira e 6 álbuns lançados, os After Forever decidiram separar-se. Os motivos apontados na declaração, publicada no seu site oficial, foram a falta de energia criativa para prosseguir com a banda e a vontade de encetar outros projectos e explorar outros estilos musicais.

Os ex-membros do colectivo permanecerão activos no mundo da música e a banda já declarou que utilizará o seu myspace oficial para informar os fãs sobre estes projectos individuais.

Site Oficial
Myspace



sábado, 31 de janeiro de 2009

Anneke van Giersbergen lança Pure Air


Anneke van Giersbergen (ex-The Gathering) e a sua banda Agua de Anique lançaram a 30 de Janeiro o álbum Pure Air que, para além de versões acústicas de algumas faixas do debut álbum Air, incluirá colaborações com vários artistas convidados: Sharon den Adel (Within Temptation), Niels Geusebroek, Marike Jager, Danny Cavanagh (Anathema), John Wetton (King Crimson, Asia) e Arjen Lucassen (Ayreon).

Segundo Anneke: “Pure Air é um álbum acústico de baladas e duetos. Estou muito orgulhosa de todos os diferentes vocalistas e instrumentistas que trabalharam comigo neste álbum! Nos últimos anos fiz algumas participações especiais para vários artistas. Desta vez quis ser eu quem convida um conjunto fabuloso de músicos para o meu álbum”.

A recordar, uma destas participações foi no single Scorpion Flower, tema de Night Eternal, o último álbum dos portugueses Moonspell, lançado no ano passado.

Neste momento, a vocalista está a preparar dois live sets diferentes: um semi-acústico (na sequência do lançamento de Pure Air) e um mais rock para os seus próximos concertos na Grécia e na América Latina.

Por enquanto, está já revelada a tracklist de Pure Air:

1. The Blower's Daughter (feat. Danny Cavanagh dos ANATHEMA)
2. Beautiful One (feat. Niels Geusebroek dos SILKSTONE)
3. Wild Flowers
4. Day after Yesterday (feat. Marike Jager)
5. Come Wander With Me (feat. Kyteman)
6. Valley of the Queens (feat. Arjen Lucassen dos AYREON)
7. To Catch a Thief (feat. John Wetton dos KING CRIMSON e ASIA)
8. Ironic
9. What's the Reason? (feat. Niels Geusebroek)
10. Yalin
11. Somewhere (feat. Sharon den Adel dos WITHIN TEMPTATION)
12. Witnesses
13. The Power of Love

Site Oficial

Myspace

Dark Sanctuary convidam Victoria Francés para projecto

O sétimo longa-duração dos franceses Dark Sanctuary contará com a colaboração da ilustradora espanhola Victoria Francés, famosa pela série em três volumes Favole.

A banda ainda não avançou pormenores sobre este novo trabalho, mas já adiantou que poderá ter duas edições: uma com um livro a acompanhar o CD, outra com o CD juntamente com algumas ilustrações da artista.

Dark Sanctuary
Site Oficial
Myspace

Victoria Francés
Site Oficial
Myspace

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Cinemuerte Showcase acústico na Fnac Colombo - 23 Janeiro


Em tour com uma série de showcases acústicos, os CineMuerte, que têm no seu coração os talentos de Sophia Vieira e João Vaz, apresentam o mais recente trabalho, Aurora Core (RagingPlanet Records), sucessor de Born from Ashes, de 2006. Com mistura e masterização a cargo do lendário produtor Waldemar Sorychta (que tem no currículo nomes como Lacuna Coil, The Gathering, Moonspell, Tiamat e Samael), com as faixas gravadas por Pedro Cardoso (F.E.V.E.R.) na bateria e Ricardo Amorim (Moonspell) na guitarra, "Aurora Core nasce de uma forte paixão", segundo as palavras da vocalista Sophia Vieira durante apresentação do registo na Fnac do Colombo, no passado dia 23 de Janeiro.

O duo traz-nos uma proposta coerente e vibrante, repleta de temas emocionais. Com a simplicidade e as condições que um showcase na Fnac permite, apresentaram a uma audiência variada sete novas faixas, entre os quais se contaram I’m a fool but I love you, um tema que destila sensualidade, a mais melancólica House of The Past ou a mais progressiva Air, avançada já como primeiro single retirado desta proposta. Sophia Vieira traz sensualidade em cada movimento, em cada palavra. Vai do sussurro à tonalidade quente e crepitante, vibrante de intensidade, vivendo a paixão das melodias que os músicos vão destilando das guitarras e da fúria da bateria.

Duo formado em 2002, os CineMuerte são, como Sophia faz questão de dizer, “aquela banda que canta em inglês, tem nome espanhol, mas é bem portuguesa”. Começaram por lançar dois tributos - The Cure (Our Voices/Equinoxe Records) e The Misfits (Portuguese Nightmare/Raging Planet Records). Contribuíram em 2007 para o tributo nacional aos Mão Morta E se depois, com o tema Chabala. Com Born from Ashes pisam os palcos do Coliseu (abrindo para os HIM e My Chemical Romance) e tocaram em diversos festivais de verão.

Sophia Vieira integra actualmente o coro feminino, Crystal Mountain Singers, tendo gravado vozes para o mais recente álbum dos Moonspell, Night Eternal. Como convidada da banda, acompanha a mesma em actuações ao vivo.


Inês Rôlo Martins (Lua Miguante)



Fotografia: Inês Rôlo Martins aka A Cor do Ar copyright 2009

Site Oficial
Myspace

Ava Inferi lançam novo álbum em Abril


Os Ava Inferi entraram em estúdio em Novembro e iniciaram as gravações de Blood of Bachus, o terceiro longa duração do colectivo, com lançamento previsto para Abril. Alguns títulos dos nove temas já foram divulgados: Fireflies; A Witch She Was, a Witch I Am; Lights; Last Sign of Summer e All The Colours of the Dark.

Segundo Rune Eriksen, o novo álbum “será mais pesado do que os anteriores, e também mais metálico. Mas não desesperem, porque haverá suficiente tristeza e serenidade. Não estamos a mudar, mas a evoluir”.

O sucessor de The Silhouette contará com a presença de vários convidados, como Kristoffer Rygg dos Ulver, Live Kostöl dos Pantheon I, Fredrik Söderlind dos Puissence e o pianista Arne Martinussen.

Site Oficial
Myspace

domingo, 25 de janeiro de 2009

Eluveitie lançam álbum acústico

Evocation I: The Arcane Dominion é o nome do álbum acústico que os Eluveitie vão lançar a 10 de Abril. Este trabalho contará com a participação de vários convidados, entre os quais Oliver S. Tyr dos Faun e Alan A. Nemtheanga dos Primordial. Este álbum conceptual sobre a mitologia gaulesa terá 15 faixas folk, na sua maioria cantadas em gaulês.

A banda também já divulgou a capa:



Site Oficial
Myspace
My Dying Bride – Novo álbum em Março

O lançamento de For Lies I Sire está marcado para 23 de Março. Relembramos a tracklist:

1. Fall With Me
2. My Body, A Funeral
3. The Lies I Sire
4. Bring Me Victory
5. Echoes From A Hollow Soul
6. ShadowHaunt
7. Santuario Di Sangue
8. A Chapter in Loathing
9. Death Triumphant

Site Oficial

Myspace

Ram-Zet com nova teclista

Os Ram-Zet apresentaram a sua nova teclista, Karoline Amb. A nova integrante já está a trabalhar no quarto álbum da banda, ainda sem data prevista de lançamento. Neste momento, o colectivo encontra-se à procura de editora.

Site Oficial

Myspace

Vanguard lançam novo álbum


Os filandeses Vanguard lançaram o seu novo longa-duração a 14 de Janeiro. Hydralchemy é o successor de Succumbra, de 2005. A versão limitada em digipack inclui dez novos temas e uma cover de Black No.1 dos Type O Negative. Duas novas faixas já estão disponíveis para audição no myspace oficial da banda.

Site Oficial

Myspace

Leaves’ Eyes lançam DVD


Os Leaves’ Eyes, banda da Senhora do Metal Liv Kristine, lançam a 27 de Fevereiro o seu primeiro DVD, intitulado We came with Northern Winds – En Saga I Belgia. O DVD e CD duplos têm um total de 6 horas de duração, e incluem o concerto En Saga I Belgia, uma apresentação especial da banda (que contou com um navio viking em palco) e um documentário de duas horas sobre o colectivo.

Este DVD antecede o lançamento do próximo longa-duração do colectivo, intitulado Njord, agendado para a Primavera de 2009.

Site Oficial
Myspace


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Delain revela cover e tracklist de April Rain


A banda holandesa Delain já revelou a cover e tracklist do novo álbum, April Rain, com lançamento internacional marcado para 30 de Março. O álbum estará disponível em edição limitada em digipack com conteúdos bónus.


April Rain tracklis:

1. April Rain
2. Stay Forever
3. Invidia
4. Control the Storm
5. On the other side
6. Virtue and Vice
7. Go Away
8. Start Swimming
9. Lost
10. I’ll reach you
11. Nothing Left

Site Oficial
Myspace

Agenda Janeiro

23.01.09Cinemuerte - Fnac Colombo, Centro Comercial Colombo, Lisboa – 21.30h
30.01.09 - Kreator, Caliban, Eluveitie, Emergency Gate - Teatro Sá da Bandeira, Porto – 20.00h
31.01.09 Cinemuerte - Fnac Alfragide, Centro Comercial Alegro, Lisboa – 17.00h

Agradecemos a colaboração dos nossos leitores para completar esta agenda. Contactem-nos através do mail - senhorasdometal@gmail.com. Obrigada

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Notícias - ThanatoSchizO


Já está à venda a nova t-shirt dos ThanatoSchizO. Disponível nos tamanhos XL, L, M, S, Girlie e XS, o artigo custa 12.5 Euros e pode ser adquirido através da secção de merchandise do site oficial da banda ou do email thanatoschizo@hotmail.com.

ThanatoSchizO ao vivo no Teatro de Vila Real

Nove anos volvidos, os ThanatoSchizO voltam a actuar na sua capital de distrito. A 28 de Fevereiro de 2009, os criadores de Zoom Code vão apresentar-se em regime semi-acústico no Teatro de Vila Real, prometendo uma set list que englobará temas dos seus quatro álbuns e algumas surpresas neste regresso. O concerto iniciar-se-á pelas 21:30h e os bilhetes já estão à venda, custando entre 7 Euros (preço normal) e 5 Euros (para menores de 25 e maiores de 65 anos). As reservas são válidas por uma semana e até 48 horas antes do evento, podendo ser efectuadas in loco ou através do email bilheteira@teatrodevilareal.com

Site Oficial
Myspace

domingo, 11 de janeiro de 2009

Senhora do Metal do Mês – Janeiro

Os Silentium são uma banda com quase 14 anos de existência, mas que só agora começa realmente a dar cartas no universo do gothic metal. Com as suas raízes no gothic/doom metal, a presença de uma voz feminina foi uma constante ao longo da carreira já respeitável do colectivo, ainda que nem sempre com o mesmo grau de importância. Foi em 2003 que se deu uma reviravolta na sonoridade dos Silentium, com o lançamento de Sufferion – Hamartia of Prudence, um álbum que juntava música e teatro, e teve a participação de Tuomas Holopainen dos Nightwish. No entanto, essa mudança de sonoridade só se cristalizaria em 2004, com a entrada de uma nova vocalista com uma voz grave, poderosa e emocional, que pode ser escutada nos dois mais recentes álbuns da banda: Seducia e Amortean.


Apresentamos assim a Senhora do Metal Riina Rinkinen, vocalista dos Silentium.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Edição nº 8 - Janeiro


Editorial


Ano novo, vida nova?

O novo ano começou há uma semana atrás. Nós por cá gostamos de ser do contra e em vez de começarmos o mês no dia 1, começamos no dia 6, que é para variar. Seja como for, 2008 já lá vai e temos mais um ano novinho em folha cheio de dias fresquinhos (por enquanto mais gelados do que frescos) por estrear. 2009 vai ser duro de roer, dizem-nos os profissionais do jornalismo todos os dias, para o caso de nos esquecermos momentaneamente. Com isso em mente, o comum dos mortais decide precaver-se e desejar com toda a força que a renovação chegue à sua vida e melhores dias se anunciem. Limpamos, lavamos e arrumamos a casa, como se esta nunca tivesse visto um pano do pó na vida. Fazemos planos, traçamos metas, escrevemos listas intermináveis de coisas que queremos fazer. Juramos não fazer uma data de outras coisas. Avaliamos o que foi feito e propomo-nos fazer diferente. A esperança num ano melhor norteia todos estes esforços que de outra forma seriam tarefas bastante estúpidas. Assim, tornam-se só um bocadinho estúpidas ou uma maneira fantástica de, quando chegamos ao ano seguinte, verificarmos que não cumprimos nenhum ponto da lista.

À porta de um novo ano, estas listas fecham (esperamos nós) um ciclo envelhecido, com alguns dias simpáticos e muitos dias que não nos agradaram minimamente. Na noite de 31 para 1 decidimos fazer muito, muito barulho. Para esse efeito, fazemos uso inteligente de tachos e panelas que já viram melhores dias. Diz a tradição que o barulho afasta os maus espíritos que, aparentemente, gostam pouco de reveillons e espumante barato. Os tachos podem ser velhos, mas não a roupa. Para atrair a tal renovação benéfica, convém estrear o vestido novo. Se queremos renovação amorosa, então a solução está nas cuecas, que devem, dizem, ser azuis e novinhas em folha. Aperaltados, brindamos com o tal espumante (porque há crise, não se esqueçam) e comemos as 12 passas, tentando ter ideias à pressão para tantos desejos. O objectivo é entrar, está claro, com o pé direito, mesmo que com o esforço de nos lembrarmos deste pormenor acabemos por entrar com o esquerdo.

Independentemente do pé que entrou primeiro, o novo ano chegou. E um novo ano serve sempre para os recomeços de todos nós. E mesmo que tenhamos chegado atrasadas e entrado com o pé esquerdo, mesmo que para nós o primeiro dia do ano seja o sexto dia, um facto é que, não há como negá-lo, também esperamos a tal renovação benéfica. Assim, depois dos tachos, das panelas, dos vestidos, das cuecas e das passas, convém voltar ao mundo apaixonante do Metal no Feminino (assim mesmo, com maiúsculas). E como também somos comuns mortais, temos igualmente uma lista de desejos. Mas, como diz a superstição, é melhor não se falar deles… ou não se realizam.

Sendo mais uma vez do contra, atrevo-me a nomear alguns. Não será novidade para muitos dos nossos leitores que pretendemos ir longe com este projecto. A vontade de ir um pouco contra o sistema foi apenas o princípio da nossa dedicação absoluta a um projecto de jornalismo ainda muito amador, mas que pretende ser profissional. O Metal no Feminino é a nossa paixão, um assunto para nós inesgotável. No mês passado, ainda no velhinho 2008, lançámos aos nossos leitores um desafio: seguindo a tradição de avaliar o ano que passou, pedimos que fizessem as vossas listas e nos dissessem quem são para vocês os Melhores de 2008, no âmbito do metal/rock/alternativo com voz feminina e/ou instrumentistas femininas. O prazo de envio continua a ser até ao dia 15 de Janeiro. Até agora, a nossa caixa de correio permanece vazia.

Esperávamos algo do novo ano e ele não nos deu isso que esperávamos. Porquê? Bom, a razão terá que estar em nós. Este projecto trouxe algo de novo para muita gente. Passou a ser uma parte importante das vidas destas duas escribas e uma designer e penso que terá passado a fazer parte de uma rotina diária de alguns leitores, que passam nesta página de quando em quando, quando lhes apetece, quando não têm nada melhor para fazer, ou simplesmente porque se interessam tanto ou mais do que nós por este universo da música. O blogue trouxe algo de novo, mas não criou ainda raízes. Está a começar a criá-las em nós, pelo menos. O resto pertence ao tempo e ao nosso esforço. O que interessa é continuar mês após mês, apaixonadamente, profissionalmente. No final de mais este ano, quando até 2009 já for velhinho e tiver passado à história (e com ele, esperemos, a crise económica), no próximo Dezembro que aí vier, as SM terão já um ano e meio de vida. Nessa altura já o bebé sabe andar pelo seu próprio pé e até dizer coisas interessantes como “mamã” e “papá”.

Espero que continuem connosco até lá… um Bom Ano!


Inês Martins,

Cláudia Rocha e Ana Teixeira

REVIEW - Within Temptation - The Heart of Everything [2007]

Tracklist:
1. The Howling
2. What Have You Done feat. Keith Caputo
3. Frozen
4. Our Solemn Hour
5. The Heart Of Everything
6. Hand Of Sorrow
7. The Cross
8. Final Destination
9. All I Need
10. The Truth Beneath The Rose
11. Forgiven
12. What Have You Done (Rock Mix)


A saída do single What Have You Done causou, em 2007, o pânico entre ouvintes de metal puristas e não puristas, e entre os fãs do colectivo holandês. Longe, muito longe, do que foi Mother Earth, e ainda um pouco longe de um The Silent Force, o single escolhido - um hit rock cantado por Sharon den Adel e Keith Caputo dos Life of Agony - apresentava a banda com uma nova sonoridade, e isto não seria necessariamente bom. Felizmente que este excelente tema rock radio-friendly (que teve o mérito de levar os Within Temptation aos EUA) não tinha quase nada a ver com o resto do álbum, falhando em representá-lo como primeiro single. O quarto álbum de estúdio do colectivo holandês não se limita a ser mais um capítulo de uma já considerável carreira, mas um passo em frente ou, se quiserem, um capítulo de destaque com alguns toques de brilhantismo.

The Heart of Everything (THOE) é o álbum em que as guitarras ganham mais destaque, estando ainda longe da notoriedade que, na minha opinião, mereciam. Guitarras eléctricas e acústicas, explorando malhas rock e metal, tornam-se neste álbum mais presentes do que em qualquer outro da carreira da banda. O que continua a estar majestosamente omnipresente é a melodia excepcional dos teclados a cargo da mente e mãos criativas de Martjin Spierenburg, autor, em conjunto com Robert Westerholt e Sharon den Adel, da maioria dos temas. Produzido por Daniel Gibson, THOE traz-nos um conjunto de excelentes melodias nas quais os teclados brilham e as guitarras se impõem um pouco mais, contribuindo para tornar este um dos registos mais obscuros da carreira dos WT. Acompanhando a tendência dos últimos tempos (ou, quem sabe, liderando-a), Sharon den Adel entrega-se a vocalizações rock, as mais graves de toda a sua carreira, levando a sua voz por caminhos nunca antes explorando, utilizando com mestria ambas as tonalidades, rock e lírica, do seu timbre e fazendo uso de técnicas vocais distintas de registos anteriores. THOE é, sem qualquer dúvida, o registo da excelência da técnica vocal de Sharon den Adel.

O álbum abre com a bombástica The Howling, que começa suave para se tornar numa malha de velocidade e peso. Orquestrações e guitarras unem-se para nos dar espectáculo e a eles junta-se uma Sharon que canta em tom praticamente irreconhecível. Por entre sussurros, a sua voz surge grave e rouca, arranhando tons obscuros, nunca antes utilizados na sonoridade da banda. Refrão absolutamente viciante e vicioso, com as guitarras sempre omnipresentes, oferecendo-nos paisagens sonoras gratificantes.

What Have You Done é o tema controverso do álbum, precisamente por apelar a um lado mais comercial. A escolha para single era inevitável e falhou (como na grande maioria dos singles escolhidos pelas editoras) em representar a sonoridade deste registo. Alguns fãs mais puristas podem até considerar que, com esta faixa, os WT traem a sua própria sonoridade, mas eu tenho pouco de purista. Trata-se de um dueto muito bem conseguido entre Sharon e Keith Caputo e que não deixa em nenhum ponto de evidenciar as marcas da sonoridade dos WT. Tema orientado pelas guitarras, com um refrão claramente orelhudo e que resulta da bonita combinação entre ambas as vozes, que se harmonizam num diálogo de contrastes. E apesar de todos os comercialismos que esses fãs puristas aqui encontram (e que estão lá), também estão presentes todas as características que fazem deste tema um tema WT – melodias em profusão, sintetizadores, vocalizações fortes e guitarras adicionando peso.

Frozen tem tudo para ser uma balada rock. Desde a sua entrada discreta e depois imponente, passando pelas vocalizações dramáticas e emocionais de Sharon den Adel, que se exprime sobre uma guitarra acústica ainda mais dramática, até ao refrão cantado como um grito de desespero numa melodia inevitavelmente catchy, tudo concorre para um excelente tema de gothic rock/metal. O ouvido mais experimentado em múltiplas audições pode surpreender-se ao descobrir a voz do guitarrista Ruud Jolie em backing vocals.

Our Solemn Hour é só um dos melhores temas de sempre da banda. Não é fácil decidir por onde começar numa faixa que tem tudo do bom e do melhor – desde refrão orelhudo, a coros gregorianos, passando por guitarras e melodias viciantes. Esta faixa é um somatório de tudo o que de melhor os WT sabem fazer. Inicialmente, a voz de Sharon canta quase num sussurro – "Sanctus Espiritus" – e ouvimos o discurso de Winston Churchill, transportando-nos para o cenário da Segunda Guerra Mundial. Um coro de vozes explode e com ele a música. A voz de Sharon desce ao mais profundo desespero, os sintetizadores servindo-lhe de tapete até as guitarras nos atingirem como se nos encontrássemos no meio do campo de batalha. O refrão é das coisas mais catchy alguma vez compostas por uma banda de metal sinfónico. Fugir-lhe é impossível. Lá mais para frente temos direito a solo de guitarra [e que solo!], cortesia de Ruud Jolie.

The Heart of Everything é o tema título deste álbum e possivelmente uma das músicas mais negras da discografia dos WT. Introdução épica e dramática com a voz de Sharon a erguer-se numa melodia e depois guitarras ao poder e estamos perante a composição onde elas têm um destaque fundamental. A voz de Sharon percorre novos trilhos, mais grave do que nunca, rodeada pelas malhas sucessivas das guitarras, concorrendo para a criação de uma atmosfera obscura. O melhor desta música não é, infelizmente, o refrão – passa-se bem por ele quase sem o notar. O que esta música tem de melhor é mesmo todas as restantes partes, a forma como a voz de Sharon se encaixa com habilidade nas malhas tecidas pelas guitarras, destilando uma letra acusatória, a lembrar um purgatório de destino para a alma humana. A finalizar, Sharon rende-se finalmente a uma interpretação mais lírica, erguendo-se etérea e angélica com as imparáveis guitarras por baixo. Uma das melhores prestações vocais de sempre.

Hand of Sorrow é mais um incrível tema épico com selo WT. Tem tudo aquilo em que este colectivo se especializou ao longo destes anos – melodia encantatória de piano na abertura, bateria e guitarras a explodirem em seguida, e os teclados de Martjin Spirenburg a levarem-nos numa dança até Sharon começar a cantar/contar mais uma história. A música é, sem dúvida mais alegre, do que a história que é contada: uma história de lutas e perdas inspirada na figura de William Wallace. Mas os WT são únicos na sua forma de contar histórias e nestes quase 6 minutos oferecem-nos um dos melhores refrães da sua carreira. De destacar o momento mágico recorrente em que a música serena e Sharon é deixada quase sozinha para uma interpretação vocal carregada de emoção.

The Cross é uma preferência pessoal e, para mim uma, das interpretações emocionais – vocais e instrumentais – mais belas por parte dos WT. Sharon den Adel garante ter demorado um ano para a compor música e letra, mas valeu a pena o tempo demorado. A voz de Sharon carrega, como sempre, toda a emoção consigo, que também não falta às guitarras incrivelmente dramáticas, que convergem num refrão absolutamente inesquecível. Aliás, para mim, as guitarras são mesmo o que este tema tem de melhor: insidiosas e penetrantes. Por mais vezes que ouça esta The Cross nunca deixo de descobrir nela elementos novos – ou é o piano num momento inesperado, ou os violinos em lamentos emotivos e sempre aquela voz, negra e profunda, angélica e desesperada. Sem dúvida uma das melhores intérpretes de metal da actualidade.

Final Destination, inspirada no filme com o mesmo nome, é uma faixa musicalmente inferior às restantes. Não quero com isto dizer que é uma faixa má, mas simplesmente que não é tão boa, nem tão emocionalmente verdadeira como as outras. Na verdade, talvez a sua localização no álbum também não seja a melhor, uma vez que quase desaparece entre a majestosa The Cross e a balada dramática All I Need. Ainda assim, somos brindados por uma excelente combinação entre as melodias dos sintetizadores e as guitarras.

All I Need poderia ser a música mais cliché de sempre a ter o selo WT, ou não estivesse tão bem feita. A qualidade desta típica balada é reforçada pelo facto de os WT terem sido sempre tão pouco ortodoxos na composição das suas baladas, quase todas elas atípicas e fugindo a estruturas ditas comuns. All I Need não foge a nenhum lugar-comum – desde a estrutura à letra – e, ainda assim, soa incrivelmente bem. Trata-se de uma composição em que a guitarra acústica tem destaque, seguida de uma bateria apropriadamente lenta, sobre a qual a voz de Sharon soa melancólica e frágil. Numa balada com tudo para ser cliché, os WT demonstram que dominam como ninguém os segredos da melodia, introduzindo no momento certo a guitarra eléctrica, conduzindo a música a um clímax apropriado e deixando depois a voz de Sharon dar o seu espectáculo.

The Truth Beneath The Rose é um colosso épico, a lembrar uma The Promise (Mother Earth). Composição épica, melodia negra e opressiva, letra de contornos obscuros e inspiração num livro de autoria de Dan Brown bem conhecido do mundo ocidental. Tudo o que esperamos de uma faixa épica está presente – entrada majestosa, coros gregorianos em profusão e cantando em latim, guitarras adicionando peso e uma das melhores interpretações líricas por parte de Sharon. Este tema leva-nos, em certos pontos, de volta às origens da banda, com a bateria a soar agradavelmente semelhante aos seus primórdios sonoros.

Forgiven é mais uma das baladas atípicas que esta banda tão bem sabe criar. Martjin Spierenburg ao piano e Sharon na voz, pouco mais é necessário para criar um dos melhores temas da discografia da banda. Basta a belíssima composição da melodia para piano e uma interpretação doce e emocional.

Sem erguerem muito a fasquia, os WT foram um pouco mais longe com este álbum. O apurado sentido melódico que sempre possuíram é levado ao extremo neste registo que nos oferece um conjunto impressionante de refrães marcantes, letras extremamente bem construídas e melodias fortes. O destaque dado às guitarras torna este um disco com um sentimento mais obscuro, ao mesmo tempo que Sharon atinge o apogeu da sua interpretação vocal. É caso para perguntar não What Have You Done? Mas sim What Will They Do Next? Esperemos para ouvir.

18.5 valores em 20

Inês Rôlo Martins (Lua Minguante)

Line-up: Sharon den Adel (voz), Jeroen van Veen (baixo), Martijn Spierenburg (teclado), Robert Westerholt (guitarra), Ruud Jolie (guitarra), Stephen van Haestregt (bateria)