sexta-feira, 31 de outubro de 2008

REVIEW ThanatoSchizO - Zoom Code [2008]

Tracklist
1.Thick ’n’ Blurry
2. L.
3. Hereafter Path
4. (Un)bearable Certainty
5. Pleasure Pursuit
6. The Shift
7. Last of the Few
8. Pale Blue Perishes
9. Pervasive Healing
10. Nothing as it Seems


O Metal é, talvez, o estilo musical que mais subgéneros tem sob a sua alçada. Por o espectro ser tão alargado, há a necessidade de segmentar, de criar compartimentos mais ou menos estanques, mais ou menos artificiais. E embora estas divisões sejam sempre redutoras, elas existem para nossa comodidade; são guias que nos orientam num caos de sonoridades tão díspares que, por vezes, nem parecem pertencer ao mesmo género musical.

No entanto, algumas bandas destacam-se por não se encaixarem em nenhum destes compartimentos. À falta de melhor classificação, a imprensa e os senhores das editoras criaram o rótulo metal avant-garde, que procura reunir aquelas bandas cuja criatividade, originalidade e irreverência desafiam todas as tentativas de classificação.

No que respeita a colectivos com participação feminina, os últimos anos têm sido prolíficos. Ram-Zet, Stolen Babies, UnExpect, Diablo Swing Orchestra, Aesma Daeva ou os muito aclamados To-Mera, são apenas alguns nomes que ajudaram a catapultar o metal avant-garde para a ribalta da cena metálica. Mas apesar de até terem uma etiqueta, estas bandas pouco ou nada têm em comum. Estruturas bizarras, fusão, instrumentos invulgares, vocalizações estranhas – tudo o que desafie os cânones e deixe o ouvinte fascinado, perturbado ou, então, completamente à nora, é perfeitamente aceitável.

Em Portugal, os ThanatoSchizO (TSO) são os principais representantes desta tendência. Ao longo dos seus dez anos de existência, têm tido uma carreira sólida, alicerçada em trabalhos discográficos de inegável qualidade. Em 2004, Turbulence marcou uma importante viragem na sonoridade dos TSO, tendo sido um dos melhores lançamentos a nível nacional. Quatro anos depois, o colectivo transmontano alcança a mesma proeza com o seu quarto longa-duração, Zoom Code.

Não são necessárias muitas audições para perceber que Zoom Code representa um importante salto qualitativo na sonoridade da banda. Todos aqueles elementos que se tornaram parte integrante da identidade musical dos TSO estão presentes: o trabalho fabuloso das guitarras, as variações de ritmo, os apontamentos étnicos, a diversidade de registos vocais. Contudo, em relação a Turbulence, todos estes aspectos foram elevados até à mais alta potência, resultando num trabalho de grande qualidade.

Este salto qualitativo também se fez sentir na produção, que é muito mais poderosa do que a dos álbuns anteriores. Contudo, embora os instrumentos estejam perfeitamente audíveis, as vozes são, em muitos momentos, obliteradas pelo som maciço das guitarras – o que é uma pena, visto que a prestação dos vocalistas é praticamente irrepreensível. Patrícia Rodrigues está no seu melhor e, não obstante o seu timbre não ser muito característico, a sua garra é uma importante mais-valia para a sonoridade da banda. O tom limpo de Eduardo amadureceu e está em perfeita sintonia com a bela voz de Patrícia. Já os guturais, embora relativamente esparsos, surgem em momentos estratégicos para imprimirem energia e brutalidade. Aliás, a presença de grunts é o vestígio mais evidente das influências death metal que, aos poucos, os TSO têm vindo a abandonar, para as substituírem por um som mais experimental e progressivo.

Zoom Code é um álbum sofisticado, em que o caos se encontra apenas à superfície. Os TSO sabiam muito bem onde queriam chegar e concluíram a sua viagem com sucesso. Nada é deixado ao acaso e à medida que nos vamos embrenhando no labirinto de som, o código vai-se tornando cada vez menos críptico. No entanto, não revela os seus mistérios de ânimo leve e, para ser plenamente apreendido, exige muitas e cuidadosas audições. A persistência compensa, porque há sempre um novo pormenor delicioso para descobrir.

Uma das grandes dificuldades de algumas bandas avant-garde é manter a atenção do ouvinte. As estruturas bizarras, a ausência de riffs e linhas vocais catchy criam barreiras entre a música e o ouvinte. No caso dos TSO, isto não sucede. Apesar da imprevisibilidade que permeia todas as faixas e das constantes mudanças de ritmo, a comunicação com o ouvinte não é descurada. No meio do caos podemos ancorar-nos a um riff, a uma linha vocal ou a um refrão marcante.

É difícil destacar faixas, uma vez que não existem maus momentos em Zoom Code, e todas as músicas têm uma identidade muito própria. A faixa de abertura, Thick ‘n’ Blurry remete-nos um pouco para uns Lacuna Coil, enquanto que a fantástica e atmosférica (Un)bearable Certainty faz lembrar uns The Gathering, sobretudo devido à prestação vocal de Patrícia que, em certos momentos, se parece com Anneke Van Giersbergen. Outra faixa incontornável é L., onde se destaca um belíssimo solo de violino, cortesia de Tim Harris dos Estradasphere. Já em Hereafter Path somos enredados em riffs de guitarra poderosos e melódicos e contagiados pela loucura da concertina de António Pereira.

The Shift, um interlúdio com pouco mais de um minuto, faz a passagem para um registo mais pesado e negro. Os TSO usam e abusam dos ruídos electrónicos, que conferem uma ambiência fria e opressiva, e até um pouco psicadélica, que contrasta com as faixas mais positivas e orgânicas que abrem o álbum. Destaque para Pale Blue Perishes, uma das malhas instrumentalmente mais complexas, onde os vocalistas cantam com uma garra e um desespero viscerais. Arrepiante. Outra favorita é Pervasive Healing, com as suas constantes mudanças de ritmo e momentos atmosféricos. Awareness, uma faixa com influências jazz, fecha o álbum, contando, mais uma vez, com a participação de António Pereira, desta vez no saxofone.

Com Zoom Code, os TSO afirmam-se como uma das grandes bandas do panorama do metal português, estando ao nível do que melhor se faz a nível internacional. Por agora, esta talentosa banda tem percorrido o país em diversos concertos. No entanto, e com a promoção certa, acredito que, muito em breve, a sua esquizofrenia invada palcos europeus. Esperemos que assim seja.

Destaques: L., Hereafter Path, (Un)bearable Certainty, Pale Blue Perishes, Pervasive Healing

17,7 em 20

Cláudia Rocha (Lua Crescente)
Sérgio Almeida (Cronos)


Line-up: Patrícia Rodrigues (voz), Eduardo Paulo (voz, guitarras e percussão), Filipe Miguel (teclados e sampling), Guilhermino Martins (guitarras, voz e sampling), Miguel Ângelo (baixo) Paulo Adelino (bateria e percussão)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

REVIEW ThanatoSchizO - Turbulence [2004]

Tracklist:

1. Sweet Suicidal Serenade
2. Traces
3. Soured Memory
4. inExistence
5. Untiring Harbour
6. Freedom Subways
7. Void






Em 2004, após dois registos de longa duração, os ThanatoSchizO (TSO) tinham para nos oferecer o seu melhor álbum até então. Turbulence constitui o ponto de convergência das múltiplas vertentes da sonoridade TSO, cuja exploração começara nos registos anteriores. Simultaneamente, este foi momento da consagração da Senhora do Metal Patrícia Rodrigues como vocalista e intérprete de relevo na sonoridade da banda, tendo passado a repartir a composição lírica com Eduardo Paulo (vocalista).


Turbulence traz consigo um som mais coeso e definido, o que não quer dizer que os TSO tenham abandonado a esquizofrenia que os caracteriza e lhes dá nome. Muito pelo contrário.

Este terceiro longa-duração da banda trasmontana traz-nos um doom/death metal de carácter progressivo e ambiental, que afirma a consistência técnica dos músicos e as suas capacidades de composição e interpretação. Os momentos thanatos (na mitologia grega Thanatos era o deus da Morte) e os momentos schizo (loucura, esquizofrenia) interligam-se na perfeição como se tivessem nascido para uma [dir-se-ia improvável!] harmoniosa parceria. Apropriadamente intitulado Turbulence [e digo apropriadamente, porque ninguém passa por esta turbulência e fica indiferente], este registo oferece-nos momentos que vão da quase completa esquizofrenia [o tal schizo], a ritmos sincopados, passando por paisagens experimentais, ambientes soturnos e melancólicos de profusas melodias, conjugados com riffs pesados e grunts de arrepiar [quem sabe, o tal thanatos].

Cada uma das sete longas composições (a mais curta tem 6.17 minutos) constitui uma identidade própria, contendo momentos rápidos e mais lentos [mas nunca demasiado lentos], configurando em cada um deles esse lugar indefinido onde os TSO se movem, algo entre a violência e a extrema fragilidade, algo entre thanatos e schizo. Um lugar único, permitam-me acrescentar.

À conquista de mares nunca antes navegados [ou melhor, talvez pouco ou raramente navegados], os TSO espalham tempestades da sua loucura saudável. É como se a matéria-prima em bruto fosse o peso dos instrumentos e tudo o resto um terreno infinito de possibilidades inexploradas. Sempre demasiado originais para se manterem dentro dos cânones de um género, a música dos TSO faz-se entre extremos, buscando um contraste que se ancora não só na vasta secção instrumental mas também, e de forma evidente, nas vozes díspares e harmoniosamente articuladas dos vocalistas que nos oferecem não apenas dois, mas três registos distintos. Desde o tom melódico e directo de Patrícia Rodrigues, aos grunts de Eduardo Paulo, que oscila entre os berros death metal e um tom límpido e melancólico, nunca a dicotomia funcionou tão bem. Beauty and the Beast seria um rótulo possível para a magnífica prestação destes vocalistas, mas a verdade é que esta denominação está longe [muito longe!] de começar, sequer, a descrever o que estes dois fazem.

E já que falamos de [palavra terrível!] rótulos, Patrícia Rodrigues tem sido comparada com Sharon den Adel (Within Temptation). Confesso que não vejo qualquer semelhança. Aliás a voz de Patrícia tem a qualidade rara de não se parecer claramente com nenhuma outra que tenha ouvido, soando fresca e suave, forte e desesperada, adequando-se a cada momento. A apontar alguma influência, podemos talvez reconhecer a inspiração em Anneke Van Giersbergen (Agua de Annique, ex-The Gathering) ou Cristina Scabbia (Lacuna Coil), sem que, porém, soe como uma ou como outra. Mais do que uma cantora, Patrícia demonstra ser uma verdadeira intérprete, não se limitando a entoar as melodias, transmitindo um sentimento em cada palavra, um desespero quase real. Como vocalista tem, acima de tudo, sensibilidade – algo raro e que se estende também ao vocalista masculino. Eduardo Paulo explora, de forma harmoniosa, os dois registos da sua voz: a sensibilidade melancólica do seu tom limpo e quase frágil e a força destrutiva dos seus magníficos grunts. Um excelente trabalho vocal que se apoia em toda uma estrutura musical completamente desconcertante, complexa e perturbadora.


Este é o fabuloso mundo dos TSO, concebido pelas melodias e riffs de guitarra de Guilhermino Martins, pelo trabalho intrincado do baixo de Miguel Ângelo, pelas atmosferas criadas pelos sintetizadores a cargo de Filipe Miguel e pela excepcional secção rítmica de Paulo Adelino. Dinamismo é, aqui, a palavra-chave e a explicação para a turbulência constante em que nos vemos mergulhados a partir do momento em que carregamos no play. As guitarras têm uma presença avassaladora, oscilando entre a velocidade dos riffs e uma prestação mais emocional e dramática. Na sua esquizofrenia saudável, os TSO exploram territórios étnicos, com apontamentos arábicos, asiáticos e africanos, para os quais contribui a presença dos sintetizadores e dos ritmos tribais que Paulo Adelino retira habilmente da bateria e restante percussão.

Liricamente, são explorados temas obscuros, algures entre a dor e o desespero, sendo que as letras constituem um trabalho de características quase literárias, que foge à estrutura típica verso-refrão-verso-refrão-verso dramático-refrão ad infinitum. Mais do que simples letras de música, os TSO criam verdadeiras composições poéticas.

Sweet Suicidal Serenade abre o disco de forma bombástica e retumbante. Com riffs de guitarras contagiantes e um refrão que se recusa a abandonar a nossa mente durante semanas a fio, é talvez a faixa mais memorável do registo. Os grunts de Eduardo entram a abrir, viciando-nos quase de imediato. Uma desaceleração traz uma súbita melancolia, emocionalmente decalcada pela voz de Patrícia e explodindo de forma gloriosa no tal refrão absolutamente catchy. E depois disto é praticamente impossível fugir. Destaque para os riffs viciantes de guitarra e para o trabalho dos dois vocalistas que, nesta faixa, têm um dos melhores momentos de combinação dos seus timbres, tornando este num dos temas mais dinâmicos do álbum.

Segue-se Traces, uma composição absolutamente indescritível. A cada audição descobre-se algo que antes parecia nem lá estar. Esta música é, em si mesma, uma autêntica viagem pelo estranho mundo TSO, que nos leva desde a suavidade ambiental, transportando-nos para um lugar mais perto da natureza, tecido pelos sintetizadores profusos, arrastando-nos através do tom limpo de Eduardo Paulo, que nos conduz por uma espécie de sonho perturbador que logo se transforma em berros graves, por sobre a insistência das guitarras, e com a voz de Patrícia a sobrevoar o peso como se dançasse. A música torna-se mais agressiva, os grunts de Eduardo dominam por momentos, até a voz melodiosa de Patrícia os envolver. Mas o seu tom não traz sossego à nossa alma já angustiada, mas sim mais alguma inquietação, por se erguer numa espécie de desespero quase tangível. A bateria torna-se insistente mas a viagem está longe de terminar. Patrícia tem ainda mais umas doses de desespero para nos oferecer em momentos de devaneio vocal e a sua emoção é palpável, exercendo um contraste arrepiante com os guturais de Eduardo. Uma vez rendidos a Traces, o espírito rende-se ao resto do álbum.

Soured Memory repousa sobre os magníficos poderes dos teclados de Filipe Miguel e da tal precursão meio tribal, que vai desde logo marcando o compasso de influências mais díspares e étnicas. A dinâmica vocal é mais uma vez acentuada, com a magnífica combinação entre grunts profundos e as tonalidades mais limpas de ambas as vozes, masculina e feminina, destacando-se claramente esta última, pela profunda fragilidade emocional aqui interpretada.

inExistence traz toda a magnificência da melodia deste jogo entre thanatos e schizo, com a bateria e a guitarra a encenarem uma dança vertiginosa. A interpretação de Patrícia aflora fragilidades e desesperos, dançando harmoniosamente sobre o peso, enquanto os guturais de Eduardo pontuam de violência os espaços deixados em branco. A música mergulha em ambiências suaves com Eduardo a entoar um dos versos de que mais gosto – No longer will I dig/My grave under your body”. A composição termina com um glorioso solo de Guilhermino. Um momento brilhante.

Untiring Harbour realça o lado mais experimental e melancólico, sem dispensar o peso. Destaque para a excelente prestação do tom mais límpido de Eduardo, que revela ser o companheiro mais que perfeito para os tons melódicos e delicados de Patrícia. Destaque também para a omnipresente guitarra e para o trabalho de percussão de Paulo Adelino.

Freedom Subways é, a par de Sweet Suicidal Serenade, outro dos temas mais viciantes. Começa com percussão, logo seguida das guitarras e dos grunts de Eduardo. O refrão é incontornável, os guturais absolutamente contagiantes. Ainda assim, há tempo para alguns momentos mais soturnos e experimentais, com o baixo a estabelecer linhas intricadas e a voz de Patrícia a destacar-se pela sua interpretação dramática, mas nada teatral. Sem dúvida, a minha preferida de todo o álbum.

Por fim, thanatos e schizo unem-se para um final feliz em Void, a composição mais experimental de todo o álbum. Os cerca de 10 minutos de Void oferecem-nos tudo aquilo que melhor os TSO sabem fazer. Marcada por diversas influências étnicas, Void tem momentos de calma e de agressividade, passagens gloriosas de sintetizadores, riffs de guitarra [alguns incrivelmente schizo], culminando, inclusive, com um furioso riff trash a grande velocidade. Toda a parte instrumental é de destacar nesta faixa, mas os sintetizadores têm aqui o seu momento de apogeu, conjuntamente com as incursões tribais da bateria. O trabalho da guitarra é também de destacar, criando passagens melodiosas e momentos de uma autêntica esquizofrenia voraz. Absolutamente indescritível.

Tudo isto se junta em diferentes camadas, que absorvemos lentamente, até elas se infiltrarem completamente em nós e já não sermos capazes de fugir. Este não é, de maneira nenhuma, um disco de fácil digestão. Exige tempo e muitas audições para se entender a esquizofrenia dos TSO, e compreender que essa esquizofrenia não é sem sentido. Aliás, há um sentido e os TSO sabem qual é, e para ele caminham a passos largos. A nós resta-nos procurá-lo em múltiplas audições deste eclético e híbrido registo, tão brutal quanto atmosférico. No final, todas as portas abertas para novas evoluções, orientações e inspirações culminaram num brilhante Zoom Code.

Destaques: Sweet Suicidal Serenade, Traces, Freedom Subways, Void

16,5 em 20

Inês Martins (Lua Minguante)


Line up: Patrícia Rodrigues (voz), Eduardo Paulo (voz, guitarras e percussão), Filipe Miguel (teclados e sampling), Guilhermino Martins (guitarras, voz e sampling), Miguel Ângelo (baixo) Paulo Adelino (bateria e percussão)

Site Oficial

Myspace

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ANÚNCIO

A redacção das Senhoras do Metal decidiu, como medida excepcional, prolongar a actual edição até ao dia 1 de Novembro. Deste modo, as edições passarão a ter início no primeiro dia de cada mês. Com esta alteração, pretendemos tornar a contagem dos meses menos confusa, tanto para a nossa organização interna, como para os nossos leitores.
Assim, terminamos Outubro com a Senhora do Metal Patrícia Rodrigues, vocalista dos portugueses ThanatoSchizO.

Obrigada por continuarem connosco!

As Senhoras do Metal

domingo, 19 de outubro de 2008

Sirenia - Novo Album + Informações


"The 13th Floor"

É assim que se intitula o novo álbum dos Sirenia, com data prevista para 23 de Janeiro de 2009.
O álbum foi gravado na França (Sound Suite Studios) e na Noruega (Stargoth Studios), tendo sido compilado e misturado na Dinamarca (Antfarm Studios).
Para este novo trabalho, a banda apresenta-nos uma sonoridade melódica, com a presença de coros, assim como a participação da violinista Stephanie Valentin e Jan Kenneth Barkved (At Sixes And Sevens).

Tracklist:

01. The Path To Decay
02. Lost In Life
03. The Mind Maelstrom
04. The Seventh Summer
05. Beyond Life's Scenery
06. The Lucid Door
07. Led Astray
08. Winterborn 77
09. Sirens Of The Seven Seas


Site Oficial
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Imagens:
Mypace oficial

Agenda Outubro

31.10.08 – ThanatoSchizO – 18.00h – Fnac – Porto
31.10.08 – ThanatoSchizo – 22.00h – Fnac - Matosinhos
31.10.08 – Witchbreed – 21.00h – Side B, Benavente

- Agradecemos a colaboração dos nossos leitores para completar esta agenda. Contactem-nos através do mail - senhorasdometal@gmail.com Obrigada.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entrevista Exclusiva - Patrícia Rodrigues - ThanatoSchizO

Em 2001 era apenas artista convidada dos ThanatoSchizO [TSO]. Hoje, Patrícia Rodrigues é um elemento essencial na sonoridade da banda, determinante, não só a nível vocal, mas também a nível da composição dos temas. Mais uma característica única de uma banda que prima constantemente pela originalidade.

Patrícia tem 29 anos e nasceu em Mesão Frio, no distrito de Vila Real. Licenciada em Inglês e Alemão (via de ensino), é actualmente professora, um trabalho que confessa adorar. «Apesar de não ser uma profissão nada fácil em variadíssimos aspectos, não me veria a fazer outra coisa... a não ser estar em palco constantemente». Para além dos ThanatoSchizO, Patrícia tem participações no álbum Phoenix Rising, da banda portuguesa Cycles e ainda no EP Lozenge's First Triangle, dos Invisible FlameLight. Uma voz e uma personalidade para conhecer e escutar… com toda a atenção.

Apresentamos-vos a Senhora do Metal, Patrícia Rodrigues. Na primeira pessoa.
(In)Sustentável Certeza





Senhoras do Metal [SM] - Qual o primeiro contacto com o mundo da música de que te recordas? Foi um apelo natural em ti, ou algo que se foi formando ao longo da tua vida?

Patrícia Rodrigues [PR] - A música foi ganhando um espaço dentro de mim ao longo do tempo. Não foi um amor de infância, já que em minha casa não se ouvia muita música, mas aos poucos fui-me apercebendo dos vários estilos que existiam e fui escolhendo os que mais me interessavam e faziam vibrar. Foi também assim que fui descobrindo que gostava de cantar, mesmo sem saber ao certo se tinha talento ou não. Depois segui o percurso normal, cantando para os amigos e recebendo alguns elogios. O ponto alto surgiu no meu primeiro ano de faculdade, quando conheci o Guilhermino [Martins, guitarrista, vocais e sampling TSO] e ele me mostrou outros mundos dentro da música. A partir daí a minha vida nunca mais foi a mesma.


SM - E foi, portanto, nesse processo de descoberta que tomaste contacto com a música mais extrema?

PR - Exactamente! O meu primeiro contacto com a música extrema não foi propriamente auspicioso! Comecei por bandas mais pesadas como Deicide e Cannibal Corpse, portanto a minha primeira impressão foi de estranheza e até de desconforto. Achava que este estilo era demasiado barulhento, incómodo, sem ritmo, sem nexo. Deste modo coloquei logo de lado este género e só lhe voltei a tocar quando me apercebi de que havia muito mais para além das vozes horripilantes e das batidas ferozes. Apercebi-me que tudo fazia sentido e que afinal tinha era de prestar atenção e deixar-me possuir pela força das melodias.


SM – A tua entrada oficial para os TSO deu-se no ano de 2001 (antes do primeiro longa duração Schizo Level), mas já tinhas colaborado com a banda em anos anteriores. Segundo li algures, essa colaboração deu-se por um mero acaso. Fala-nos desse momento.

PR - É algo deveras engraçado e dá-me sempre um prazer imenso contar como tudo aconteceu. Como te disse, mal entrei na faculdade travei conhecimento com o Guilhermino e nessa altura os Thanatos estavam a dar os primeiros passos. Andavam à procura de um vocalista masculino (não faziam qualquer tenção de ter uma voz feminina) e eu assisti a todo o processo que levou à selecção do Tomané [primeiro vocalista], sendo que a etapa seguinte foi a gravação do EP Melégnia [1999]. No dia das gravações, o Guilhermino perguntou-me se eu queria ir com a banda ao Porto assistir à gravação das vozes, visto que ele já tinha conhecimento do meu gosto pela área e porque queria ter mais uma opinião. A parte que eu canto no EP era para ser inicialmente gravada por ele, mas algo aconteceu e ele não estava a acertar com o tom. Isto é algo extremamente estranho, porque o Guilhermino é mesmo muito afinado. Assim, como ele não estava a chegar ao objectivo pretendido, os outros elementos da banda disseram para eu tentar cantar o que ele estava a fazer. Levei aquilo como uma brincadeira, mas aceitei o desafio. Já conhecia muito bem as linhas, o tom e... cantei. Eles gostaram imenso do resultado, da simbiose de vozes e foi assim que comecei a participar em esporádicos concertos como convidada.

SM – E hoje já não imaginarias a tua vida sem este acaso que te surgiu pela frente?

PR - Não. TSO é uma parte bastante importante da minha vida e trabalhei bastante para chegar onde estou. Lembro-te que comecei como convidada e aos poucos fui cantando mais, ganhando mais destaque e peso no som que o colectivo pratica.

SM - A maior parte da imprensa especializada parece ter imensa dificuldade em classificar a sonoridade dos TSO. Há muitos músicos que consideram isso extremamente positivo, uma vez que impossibilita o rótulo fácil e imediato. Como definirias aquilo que os TSO têm feito e fazem actualmente?

PR - Pessoalmente nunca gostei de rótulos, por isso agrada-me imenso fazer parte de um colectivo que se pauta precisamente pela dificuldade em ser classificado. Porém, creio que essa é uma necessidade que as pessoas têm para melhor poderem organizar as coisas na sua cabeça. Respeito isso. Respondendo à tua pergunta, posso dizer que ThanatoSchizO tem vindo a tentar demarcar-se dentro de um estilo demasiado saturado, em que muitos preferem fazer mais do mesmo, em vez de se esforçarem por fazer algo minimamente original e que não pareça uma cópia do que na altura se está a fazer. Isto traduz-se numa congregação de diferentes vertentes do mundo da música, sendo que não temos qualquer pejo em mesclar sons que à partida são completamente divergentes e que muitos pensavam impossíveis de juntar.

SM - Ainda assim, o rótulo que se convencionou, acabou por ser música avant garde, isto é, qualquer coisa como música à frente do seu próprio tempo, contendo elementos inovadores e uma fusão de estilos. Consideras que os TSO estão "à frente do seu tempo"?

PR - Posso, provavelmente, soar um pouco presunçosa, mas creio que estamos mesmo à frente do nosso tempo. Todos os nossos álbuns saíram, por assim dizer, na altura "errada", isto porque as pessoas não os compreendiam, não estavam sincronizadas para assimilar o seu conteúdo. No entanto, aquela era a altura ideal para os lançar, uma vez que assim teríamos a certeza de que não passariam despercebidos, que mesmo passado algum tempo iriam ser recordados.

SM - Fala-me um bocadinho do que cada um dos vossos álbuns significou para ti e qual elegerias como o teu preferido em termos musicais e da tua participação na composição e a nível vocal.

PR - Numa retrospectiva, tanto o Melégnia [EP, 1999], o SchizO Level [2001] e o InsomniousNightLift [2002] são apenas pequenos passos na minha evolução como cantora e como elemento da banda. O grande salto, a meu ver, aconteceu com o Turbulence [2004], onde a minha participação se torna verdadeiramente significativa e presente. Quem conhecer bem o nosso trabalho apercebe-se de que fui evoluindo ao longo dos anos, mas a minha prestação torna-se francamente melhor no nosso terceiro álbum. A minha voz deixa um bocado de parte aquela fragilidade, que sempre a caracterizou, e adquire uma nova força. No entanto, o meu maior orgulho tem o nome de Zoom Code [2008], pois é neste trabalho mais recente que me liberto completamente e mostro uma confiança renovada no que estou a fazer. Aqui respiro melhor, expresso-me melhor, mostro do que sou capaz e deixo no ar a promessa de fazer ainda mais no futuro. Este registo é o culminar de um trabalho pessoal bastante intensivo de descoberta, o qual me possibilitou sentir-me plenamente satisfeita com o resultado final. Nunca antes me tinha sentido tão potente, liberta e confiante.
A acompanhar a evolução vocal, as letras também sofreram mudanças e isso era também um objectivo meu. Estava um pouco cansada do carácter negativo do que escrevia e, por isso mesmo, decidi que o
Zoom Code
veicularia uma mensagem de esperança.

SM - O que achas que a tua voz e a tua presença veio trazer, em 2001, aos TSO?

PR - Em 2001, na altura do SchizO Level, o meu peso ainda era bastante pequeno. Apenas cantava algumas linhas, destacando-se a música Nightmares Within e o poema declamado Cântico Negro, nos quais a minha voz dominava. Naquela fase, a minha voz não trouxe nada de muito novo em relação ao EP Melégnia, porque continuava com uma presença tímida, embora um pouco mais alargada. Creio é que serviu para demarcar o som da banda e mostrar que esta contaria com uma dualidade de vozes, como se se tratasse da "Bela e do Monstro" por assim dizer.

SM - Algo ainda muito em voga na altura…

PR - Sim, mas desde sempre que tentámos fugir ao estereótipo que rodeia esse conceito. Ou seja, as minhas vocalizações não são extensões do que a voz masculina faz, mas sim uma resposta independente e com vida própria.

SM - Actualmente a tua presença perdeu essa timidez inicial de que falaste. Inclusive, tens hoje um papel determinante a nível da composição. Tu e o Eduardo Paulo (voz, guitarra e percursão) têm vindo a partilhar a parte da composição lírica mais a partir do Turbulence [2007], quase 50/50. Compões letras desde o Schizo Level [2001] e à medida que avançamos pela vossa discografia, o teu nome surge cada vez com mais frequência na composição lírica. Como foi que te envolveste nesta parte do processo de composição?

PR - O meu crescente envolvimento foi, mais uma vez, algo perfeitamente natural e espontâneo. Escrever sempre foi algo que quis fazer a par de cantar, uma vez que seria mais uma forma criativa de me expressar. Dá-me um prazer imenso quando consigo transpor para palavras o que penso, sinto, vivo ou projecto como vivências de outrem e o público me diz que se identificou com esta ou aquela frase ou letra. A par da minha maior participação vocal, tornou-se natural o meu maior envolvimento na parte lírica.

SM - Como é esse processo de escrita? De onde surge a inspiração? Consideras que há um imaginário lírico próprio dos TSO, uma espécie de linha comum que percorre todos os vosso temas?

PR - O processo de escrita começa muitas vezes em simultâneo com o processo de composição dos temas, mas também acontece que algumas letras sejam escritas muito antes de sequer pensarmos em editar outro álbum. No fundo não existe apenas um conceito subjacente ao mundo lírico de TSO; existem sim várias ideias, várias vidas, várias esferas e camadas. Quer eu, quer o Eduardo escrevemos sobre tudo o que nos motivar e na etapa final é feita uma selecção das palavras que melhor aprofundam os temas quando ainda são instrumentais.

SM - Sei que o teu tema preferido dos TSO é (Un)bearable Certainty [Zoom Code, 2008], tema para o qual escreveste as letras. Porque razão é este tema especial para ti?

PR - A primeira vez que ouvi a (Un)bearable Certainty fiquei completamente arrepiada. Isto já tinha acontecido antes com a Nightmares Within [do álbum Schizo Level, 2001] e com a Sublime Loss [do álbum InsomniousNightLift, 2002], mas agora sei que a minha ligação com esta música é muito mais forte, não só por ser mais recente, mas também por reflectir a tal evolução pessoal de que te falei. É um tema extremamente especial e claro que isso também está ligado ao facto de ter sido eu a escrever a sua letra. Nela se espelha um estado de espírito demarcado pelo tempo, mas que nem por isso deixa de me ser actual. Será um tema que dificilmente irei interpretar em concertos eléctricos, mas garanto que fará parte dos nossos reportórios acústicos, o que me agradará muito!

SM - Como é para ti a experiência ao vivo?

PR - Absolutamente estonteante! Dá-me um prazer imenso poder estar tão perto do público e receber a sua reacção no imediato. É sempre algo intimidador termos tantos olhos colados em nós (ainda para mais sendo eu mulher), mas tal é ultrapassado quando agarro no microfone e começo a expressar o que tenho guardado. O formato que mais me agrada é, indubitavelmente, o acústico. Aqui sinto-me mais "desprotegida" e "nua", mas ao mesmo tempo mais confortável e confiante. Posso ouvir-me e ouvir melhor, respirar melhor, libertar-me, sentir-me. Posso também improvisar mais, porque será mais fácil para o público entender o que estou a fazer. No registo eléctrico isto torna-se mais difícil por causa da distorção, o que me limita mais um bocado.

SM - Quais são as referências e/ou influências mais determinantes para ti enquanto música e vocalista? No teu myspace podemos ver uma lista bastante variada, que vai desde Norah Jones e Bjork a Cephalic Carnage e Cult Of Luna... Aquilo que ouves constitui uma referência determinante no teu trabalho? São estas influências que trazes para os TSO?

PR - A minha maior referência é a Anneke van Giersbergen [Agua de Annique, ex-The Gathering] e já sei que, ao afirmar isto, muitos vão procurar as semelhanças, os pontos em que possivelmente posso ter tentado tocar a voz dela. A questão é que, apesar de apreciar imenso a sua voz, nunca a tentei imitar ou seguir os passos dela. Sempre quis demarcar-me das demais vocalistas, ter um timbre que não se parecesse com ninguém em particular e que facilmente seria reconhecido como meu. No entanto, as pessoas sentem-se mais confortáveis quando põem rótulos no que ouvem, daí que é inevitável compararem-me sempre a alguém. No Zoom Code têm-me comparado maioritariamente à Anneke e à Cristina Sccabbia [Lacuna Coil], o que me deixa num estado ambíguo: por um lado é bom compararem-me com duas vozes tão boas, por outro detesto os rótulos.
Quanto à segunda parte da tua questão, o que ouço não constitui uma referência determinante na maneira como interpreto os temas de TSO. Claro que influencia sempre e, de alguma maneira, o som final, mas não são determinantes nas orientações que dou às linhas vocais que crio.

SM - O projecto SM é um projecto empenhado em desmistificar e valorizar a figura feminina no metal e música alternativa. Qual é a tua opinião sobre este assunto? Que mudanças consideras que as mulheres vieram trazer a um meio anteriormente dominado quase exclusivamente pela figura masculina?

PR - Por muito que queiramos contrariar a corrente, a verdade é que o mundo continua a ser muito masculino. Isso nota-se na sociedade em geral e nas suas várias vertentes: política, religião, ciência. Apesar do longo caminho que a Mulher tem percorrido, muito há ainda a fazer para que certos preconceitos sejam derrubados e substituídos pela ideia correcta. Focando-me apenas nesta vertente da música que é o metal, as mulheres são olhadas com uma certa suspeição quando assumem um instrumento. Por exemplo, é raro ver uma mulher a tocar bateria e, quando se vê, nota-se que todos os seus movimentos são medidos, todas as falhas são cruelmente apontadas, mesmo que nem sejam assim tão graves. Creio que existe uma certa intolerância para com as mulheres que assumem certos papéis numa banda de metal. No entanto, há que continuar a lutar para assumir o nosso lugar e mostrar que podemos ser tão boas quanto os homens. Acredito que o papel da Mulher neste meio vai abrindo cada vez mais os horizontes e que o importante é continuar.

SM – A par desse preconceito dirigido em especial à figura feminina, há ainda um certo preconceito quanto à própria música extrema...

PR - Penso que a tolerância para com este estilo de música se vai construindo aos poucos, depois de derrubares as barreiras e acabares com o preconceito. As pessoas têm todas uma ideia muito má deste estilo de música.

SM - Os TSO são a tua maneira de lidar com esta visão fechada de algumas pessoas e mostrar-lhes um mundo que desconheciam e que se calhar podem vir a gostar?

PR - Em TSO nem sequer penso nesse aspecto. No seio da banda não me sinto pressionada a provar nada em concreto, só pelo simples facto de ser mulher. Sou uma vocalista e dou o meu melhor, empenho-me e expresso-me como qualquer um dos outros elementos. Creio que essa é a melhor maneira de provar a minha posição neste mundo e lidar com as mentes fechadas com que me vou deparando.

SM - Na tua ficha no site oficial da banda, tens escrito a seguinte frase, que achei muito interessante - "Dream of eternity - To find harmony and equilibrium within a dream called life". Consideras que os TSO fazem parte dessa tua busca pela harmonia e o equilíbrio? Como procuras atingir esse estado na tua vida do dia-a-dia?

PR - TSO permite-me realizar um sonho que sempre alimentei e é uma maneira de estar constantemente a procurar melhorar-me. Isso permite-me encontrar uma certa harmonia, porque para mim é extremamente importante superar as minhas limitações e daí retiro forças e incentivo para lidar com certas adversidades. Tendo em conta que estamos em Portugal, encontrar equilíbrio e harmonia torna-se arduamente difícil, caso te baseies apenas em factores materiais. Por isso, tento atingir esse estado através de coisas simples como as pessoas que me são próximas, o meu trabalho e, claro, todas as actividades que me permitam extravasar emoções, nas quais está incluído fazer parte de TSO.

SM - Que caminho vão os TSO percorrer agora, depois de quatro álbuns de estúdio e um EP e tendo percorrido tantos meandros diferentes da música?

PR - A direcção vai mudar novamente! Desde sempre habituámos o público a esperar o inesperado de nós, porque cada vez que alguém pensou que não podíamos fazer algo diferente, decepcionámos esse pensamento. Já começámos a pensar no que virá a seguir e mais uma vez garanto que não é algo de que estejam à espera.


SM - O que pensas da cena metal nacional e em especial das Senhoras do Metal portuguesas?

PR - No meu entender, nos últimos anos têm aparecido muitas bandas e projectos que dignificam, em muito, o que de melhor se vai fazendo pelo nosso país. Optar por este género de música não é uma escolha pacífica, por isso é de louvar que tantos tentem fazer cada vez mais e melhor. O nosso maior problema é que não existem muitos sítios com qualidade onde se possa promover o trabalho desenvolvido. O ideal seria existir um circuito de bares e recintos, nos quais se pudesse ouvir novos talentos e divulgar mais o metal no nosso país.
No que diz respeito à presença feminina neste mundo, devo dizer que ainda é muito tímida. Não foram muitas as vezes em que partilhei o palco com outra mulher e isso deixa-me um bocado decepcionada. Creio que muitas precisam de um incentivo para se começarem a mostrar e provar que também somos capazes de chegar ao topo. A ideia limitada de que a mulher não sabe tocar um instrumento tão bem como um homem tem de acabar!

SM - Qual a Senhora do Metal, vocalista, intérprete ou instrumentista, que mais admiras ou aprecias? Falaste há pouco da Anneke…

PR - Para mim a palavra "admirar" é muito forte. Gosto imenso do trabalho que ela desenvolveu com os The Gathering e agora no seu projecto a solo, mas não sou fanática. Tenho aversão a fanatismos! No entanto, respondendo à tua pergunta, todas as mulheres que se destaquem no mundo do metal pela sua prestação profissional, que demonstrem empenho e dedicação e que mostrem o quão talentosas são, têm todo o meu apoio e eu faço questão de exaltar o seu trabalho pessoalmente sempre que tenho essa oportunidade. Acho que é muito importante reconhecer o trabalho de quem se esforça por evoluir e melhorar, por isso nunca me coibi de o fazer.

SM - Por fim, gostarias de deixar uma mensagem aos nossos leitores?

PR - Queria aproveitar para agradecer o facto de o projecto Senhoras do Metal me ter dado a oportunidade de dar a conhecer o meu percurso musical, dando a possibilidade às pessoas de se aproximarem um pouco mais daquilo que sou enquanto vocalista de uma banda de metal. De resto, espero que quem não conhece ThanatoSchizO fique com vontade de descobrir o mundo que temos para oferecer em cada álbum a que demos vida. Quem já conhece, espero que continuem a querer viajar connosco.


Nota: A redacção das Senhoras do Metal gostaria de agradecer a disponibilidade e interesse da Patrícia Rodrigues, que desde o primeiro momento demonstrou ser extremamente prestável e atenciosa. Foi um prazer conhecer mais sobre ti. Muito obrigada pelo teu contributo para este nosso projecto e continua o excelente trabalho! Nós estaremos por cá para apoiar.




Inês Rôlo Martins (Lua Minguante)

Links:

Site Oficial ThanatoSchizO

Myspace Oficial

Myspace Patrícia Rodrigues


Fotografia - créditos:
Myspace Patrícia Rodrigues

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Breves

Visual Karma: Body, Mind and Soul – Tracklist Oficial + Artwork


Os Lacuna Coil, revelam por fim, o conteúdo do seu tão esperado DVD assim como o artwork do mesmo:


DVD

1. Wacken 2007: Intro
2. To The Edge
3. Fragments Of Faith
4. Swamped
5. In Visible Light
6. Fragile

7. Closer
8. Senzafine

9. What I See
10. Enjoy The Silence
11. Heaven's A Lie
12. Our Truth
13. Loudpark 2007: Intro/To The Edge

14. Swamped
15. Closer
16. Within Me
17. Daylight Dancer
18. Our Truth
19. Our Truth (Video Promocional)
20. Enjoy The Silence (
Video Promocional
)
21. Closer (
Video Promocional)
22. Within Me (Video Promocional
)
23. The Band: Simple As Water

24. Inside Milan
25. The Leaning Journey Of Pizza
26. 7-Seven... Strings Life
27. The Real Thing
28. Enter The Drummer

29. Behind The Scenes: Australian Tour 2007
30. First Time In Japan
31. Making Of The Our Truth Video
32. Making Of The Closer Video

33. Fan Submissions (Lacuna Coil - Clip Introdutório)
34. Empty Spiral Interview
35. To The Edge Remix Contest (Galeria)
36. Inside The Spiral (Link)
37.
Links


Arch Enemy - Tyrants Of The Rising Sun: Live In Japan


Tyrants Of The Rising Sun: Live In Japan, será o novo DVD+CD dos Arch Enemy.

Este DVD irá conter o concerto em Tokyo, assim como, todos os vídeos filmados para o último álbum: "Rise Of The Tyrant"


Datas de Lançamento: 24 de Novembro na Europa e 25 de Novembro na América do Norte




DVD


I. Main Live Show (aprox. 95 minutes)

01.
Intro / Blood On Your Hands
02. Ravenous

03.
Taking Back My Soul

04.
Dead Eyes See No Future

05.
Dark Insanity

06.
The Day You Died

07.
Christopher Solo

08.
Silverwing

09.
Night Falls Fast

10.
Daniel Solo

11.
Burning Angel
12. Michael Amott Solo

13.
Dead Bury Their Dead

14.
Vultures

15.
Enemy Within

16.
Snowbound

17.
Shadows And Dust

18.
Nemesis

19.
We Will Rise
20. Fields Of Desolation / Outro

II. The Road To Japan (Entrevistas/ Road Movie) (aprox. 45 minutes)

III. Promo Videos


01.
Revolution Begins (Versão Original)
02.
Revolution Begins
03.
I Will Live Again


CD1:


01.
Intro / Blood On Your Hands

02.
Ravenous
03. Taking Back My Soul

04.
Dead Eyes See No Future

05.
Dark Insanity

06.
The Day You Died

07.
Christopher Solo

08.
Silverwing

09.
Night Falls Fast

10.
Daniel Solo


CD2:

01.
Burning Angel

02.
Michael Amott Solo (incl. "Intermezzo Liberté")

03.
Dead Bury Their Dead

04.
Vultures

05.
Enemy Within

06.
Snowbound

07.
Shadows And Dust
08. Nemesis

09.
We Will Rise

10.
Fields Of Desolation / Outro



DYSTERA - Lançamento Adiado



Impossibilitados de conseguir gravar um CD com a qualidade que todos estavam à espera, os Dysteria anunciam assim o adiamento do seu novo álbum para fins de Outubro.
Em breve mais informações.


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Imagens:

Site Oficial Lacuna Coil

Site Oficial Arch Enemy

Site Oficial Dystera

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

REVIEW - Darkside of Innocence + Insaniae - 26.09.08 - Man's Ruin, Cacilhas





Finais de Setembro, três elementos da nossa equipa deslocaram-se até ao Man's Ruin (ex Culto Bar), em Cacilhas, para ver ao vivo três bandas do panorama underground nacional, Darkside of Innocence, Insaniae e Gwydyon, e um colectivo britânico, de seu nome Ravenage.

Centremo-nos, para já, nos Darkside of Innocence pois, além de terem uma vocalista, foram a primeira banda a subir ao palco nesta noite de sexta-feira à beira-rio.
Os Darkside of Innocence são uma banda de black/death metal sinfónico que a pouco e pouco se tem vindo a afirmar como uma das grandes bandas dentro do panorama underground português, mesmo apesar da tenra idade dos seus membros.

Ao fim de algum tempo de atraso, os Darkside of Innocence entraram em palco e logo agarraram o pequeno e animado público com a poderosa Angel of Sin. Cedo se percebeu que este seria um grande concerto, devido à excelente qualidade do som e ao facto de podermos ter todos os elementos (incluindo o teclista e, ainda, a vocalista feminina) em palco. O desfile de músicas continuou sempre com uma bela adesão da parte do público amistoso, que não se poupou a comentários brincalhões respondidos à letra pelo vocalista principal Pedro Bruno, com a boa disposição que caracteriza qualquer um dos elementos do colectivo.



A Angel of Sin seguiu-se An impending commence for decay e, posteriormente, To her Spawn in full submission na qual a vocalista Cátia Marques brindou o público com um registo gutural digno de nota, embora a mesma afirme que não é a sua especialidade. Seguiu-se The eve to a colder epoch e Of a cursed dawn eclipsed. Por fim, para grande êxtase de muitos e um sabor amargo para alguns, foram tocados os primeiros acordes da música final, o “hino” dos Darkside of Innocence, Bloody Mistress que, provocou, como já era de esperar, muito headbanging, um moshpit e muitos, muitos sorrisos na cara dos presentes que, inclusivamente, a cantaram em coro.

Foi uma actuação fabulosa por parte do hepteto português, em que todos os elementos mostraram grandes qualidades no desempenho da sua função. André Reis e Paulo Roque imparáveis nas guitarras (o último chegou mesmo a tocar um solo de improviso a pedido do público); João Arcanjo provou (mais uma vez) ser um baixista irrepreensível; o baterista Pedro Bandeira mostrou que, no que toca a técnica, a idade não conta; o vocalista Pedro Bruno, mais uma vez, rebentou os tímpanos a quem se encontrava próximo das colunas; o teclista Pedro Antunes é um grande músico e fez questão de o mostrar (ele e o técnico de som, pois o timbre do teclado e dos restantes instrumentos chegou aos ouvidos do público nas proporções correctas) e, por fim, a Senhora do Metal Cátia Marques, provou ter muitas qualidades como vocalista, quer em registo melódico, quer em registo gutural.



Aos Darkside of Innocence seguiram-se os Insaniae. Esta banda é seguramente capaz de dar um concerto melhor do que aquele a que assistimos... Não que a culpa seja da Senhora do Metal Isabel Cristina ou de qualquer um dos outros elementos da banda. Simplesmente, na minha opinião, creio que colocar uma banda de doom metal no meio de tantas bandas muito mais agressivas não é propriamente bom para o espectáculo. O doom tem uma sonoridade mais lenta e arrastada e, como tal, deve ser ouvido e apreciado em separado. O que aconteceu foi que houve uma grande quebra de intensidade na passagem de uma banda para a outra, o que fez com que muito do público desligasse completamente do que estava a ver e, inclusivamente, viesse até cá fora... Ficamos portanto à espera de um concerto melhor dos Insaniae, que de certeza são capazes de oferecer uma experiência interessante, desde que seja entre as bandas certas e os apreciadores do género.


Myspace Darkside of Innocence

Myspace Insaniae

Texto - Sérgio Almeida (Cronos)

Fotografia - Inês Martins (Lua Minguante)