sábado, 31 de janeiro de 2009

Anneke van Giersbergen lança Pure Air


Anneke van Giersbergen (ex-The Gathering) e a sua banda Agua de Anique lançaram a 30 de Janeiro o álbum Pure Air que, para além de versões acústicas de algumas faixas do debut álbum Air, incluirá colaborações com vários artistas convidados: Sharon den Adel (Within Temptation), Niels Geusebroek, Marike Jager, Danny Cavanagh (Anathema), John Wetton (King Crimson, Asia) e Arjen Lucassen (Ayreon).

Segundo Anneke: “Pure Air é um álbum acústico de baladas e duetos. Estou muito orgulhosa de todos os diferentes vocalistas e instrumentistas que trabalharam comigo neste álbum! Nos últimos anos fiz algumas participações especiais para vários artistas. Desta vez quis ser eu quem convida um conjunto fabuloso de músicos para o meu álbum”.

A recordar, uma destas participações foi no single Scorpion Flower, tema de Night Eternal, o último álbum dos portugueses Moonspell, lançado no ano passado.

Neste momento, a vocalista está a preparar dois live sets diferentes: um semi-acústico (na sequência do lançamento de Pure Air) e um mais rock para os seus próximos concertos na Grécia e na América Latina.

Por enquanto, está já revelada a tracklist de Pure Air:

1. The Blower's Daughter (feat. Danny Cavanagh dos ANATHEMA)
2. Beautiful One (feat. Niels Geusebroek dos SILKSTONE)
3. Wild Flowers
4. Day after Yesterday (feat. Marike Jager)
5. Come Wander With Me (feat. Kyteman)
6. Valley of the Queens (feat. Arjen Lucassen dos AYREON)
7. To Catch a Thief (feat. John Wetton dos KING CRIMSON e ASIA)
8. Ironic
9. What's the Reason? (feat. Niels Geusebroek)
10. Yalin
11. Somewhere (feat. Sharon den Adel dos WITHIN TEMPTATION)
12. Witnesses
13. The Power of Love

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Dark Sanctuary convidam Victoria Francés para projecto

O sétimo longa-duração dos franceses Dark Sanctuary contará com a colaboração da ilustradora espanhola Victoria Francés, famosa pela série em três volumes Favole.

A banda ainda não avançou pormenores sobre este novo trabalho, mas já adiantou que poderá ter duas edições: uma com um livro a acompanhar o CD, outra com o CD juntamente com algumas ilustrações da artista.

Dark Sanctuary
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Victoria Francés
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Cinemuerte Showcase acústico na Fnac Colombo - 23 Janeiro


Em tour com uma série de showcases acústicos, os CineMuerte, que têm no seu coração os talentos de Sophia Vieira e João Vaz, apresentam o mais recente trabalho, Aurora Core (RagingPlanet Records), sucessor de Born from Ashes, de 2006. Com mistura e masterização a cargo do lendário produtor Waldemar Sorychta (que tem no currículo nomes como Lacuna Coil, The Gathering, Moonspell, Tiamat e Samael), com as faixas gravadas por Pedro Cardoso (F.E.V.E.R.) na bateria e Ricardo Amorim (Moonspell) na guitarra, "Aurora Core nasce de uma forte paixão", segundo as palavras da vocalista Sophia Vieira durante apresentação do registo na Fnac do Colombo, no passado dia 23 de Janeiro.

O duo traz-nos uma proposta coerente e vibrante, repleta de temas emocionais. Com a simplicidade e as condições que um showcase na Fnac permite, apresentaram a uma audiência variada sete novas faixas, entre os quais se contaram I’m a fool but I love you, um tema que destila sensualidade, a mais melancólica House of The Past ou a mais progressiva Air, avançada já como primeiro single retirado desta proposta. Sophia Vieira traz sensualidade em cada movimento, em cada palavra. Vai do sussurro à tonalidade quente e crepitante, vibrante de intensidade, vivendo a paixão das melodias que os músicos vão destilando das guitarras e da fúria da bateria.

Duo formado em 2002, os CineMuerte são, como Sophia faz questão de dizer, “aquela banda que canta em inglês, tem nome espanhol, mas é bem portuguesa”. Começaram por lançar dois tributos - The Cure (Our Voices/Equinoxe Records) e The Misfits (Portuguese Nightmare/Raging Planet Records). Contribuíram em 2007 para o tributo nacional aos Mão Morta E se depois, com o tema Chabala. Com Born from Ashes pisam os palcos do Coliseu (abrindo para os HIM e My Chemical Romance) e tocaram em diversos festivais de verão.

Sophia Vieira integra actualmente o coro feminino, Crystal Mountain Singers, tendo gravado vozes para o mais recente álbum dos Moonspell, Night Eternal. Como convidada da banda, acompanha a mesma em actuações ao vivo.


Inês Rôlo Martins (Lua Miguante)



Fotografia: Inês Rôlo Martins aka A Cor do Ar copyright 2009

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Ava Inferi lançam novo álbum em Abril


Os Ava Inferi entraram em estúdio em Novembro e iniciaram as gravações de Blood of Bachus, o terceiro longa duração do colectivo, com lançamento previsto para Abril. Alguns títulos dos nove temas já foram divulgados: Fireflies; A Witch She Was, a Witch I Am; Lights; Last Sign of Summer e All The Colours of the Dark.

Segundo Rune Eriksen, o novo álbum “será mais pesado do que os anteriores, e também mais metálico. Mas não desesperem, porque haverá suficiente tristeza e serenidade. Não estamos a mudar, mas a evoluir”.

O sucessor de The Silhouette contará com a presença de vários convidados, como Kristoffer Rygg dos Ulver, Live Kostöl dos Pantheon I, Fredrik Söderlind dos Puissence e o pianista Arne Martinussen.

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domingo, 25 de janeiro de 2009

Eluveitie lançam álbum acústico

Evocation I: The Arcane Dominion é o nome do álbum acústico que os Eluveitie vão lançar a 10 de Abril. Este trabalho contará com a participação de vários convidados, entre os quais Oliver S. Tyr dos Faun e Alan A. Nemtheanga dos Primordial. Este álbum conceptual sobre a mitologia gaulesa terá 15 faixas folk, na sua maioria cantadas em gaulês.

A banda também já divulgou a capa:



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My Dying Bride – Novo álbum em Março

O lançamento de For Lies I Sire está marcado para 23 de Março. Relembramos a tracklist:

1. Fall With Me
2. My Body, A Funeral
3. The Lies I Sire
4. Bring Me Victory
5. Echoes From A Hollow Soul
6. ShadowHaunt
7. Santuario Di Sangue
8. A Chapter in Loathing
9. Death Triumphant

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Ram-Zet com nova teclista

Os Ram-Zet apresentaram a sua nova teclista, Karoline Amb. A nova integrante já está a trabalhar no quarto álbum da banda, ainda sem data prevista de lançamento. Neste momento, o colectivo encontra-se à procura de editora.

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Vanguard lançam novo álbum


Os filandeses Vanguard lançaram o seu novo longa-duração a 14 de Janeiro. Hydralchemy é o successor de Succumbra, de 2005. A versão limitada em digipack inclui dez novos temas e uma cover de Black No.1 dos Type O Negative. Duas novas faixas já estão disponíveis para audição no myspace oficial da banda.

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Leaves’ Eyes lançam DVD


Os Leaves’ Eyes, banda da Senhora do Metal Liv Kristine, lançam a 27 de Fevereiro o seu primeiro DVD, intitulado We came with Northern Winds – En Saga I Belgia. O DVD e CD duplos têm um total de 6 horas de duração, e incluem o concerto En Saga I Belgia, uma apresentação especial da banda (que contou com um navio viking em palco) e um documentário de duas horas sobre o colectivo.

Este DVD antecede o lançamento do próximo longa-duração do colectivo, intitulado Njord, agendado para a Primavera de 2009.

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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Delain revela cover e tracklist de April Rain


A banda holandesa Delain já revelou a cover e tracklist do novo álbum, April Rain, com lançamento internacional marcado para 30 de Março. O álbum estará disponível em edição limitada em digipack com conteúdos bónus.


April Rain tracklis:

1. April Rain
2. Stay Forever
3. Invidia
4. Control the Storm
5. On the other side
6. Virtue and Vice
7. Go Away
8. Start Swimming
9. Lost
10. I’ll reach you
11. Nothing Left

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Agenda Janeiro

23.01.09Cinemuerte - Fnac Colombo, Centro Comercial Colombo, Lisboa – 21.30h
30.01.09 - Kreator, Caliban, Eluveitie, Emergency Gate - Teatro Sá da Bandeira, Porto – 20.00h
31.01.09 Cinemuerte - Fnac Alfragide, Centro Comercial Alegro, Lisboa – 17.00h

Agradecemos a colaboração dos nossos leitores para completar esta agenda. Contactem-nos através do mail - senhorasdometal@gmail.com. Obrigada

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Notícias - ThanatoSchizO


Já está à venda a nova t-shirt dos ThanatoSchizO. Disponível nos tamanhos XL, L, M, S, Girlie e XS, o artigo custa 12.5 Euros e pode ser adquirido através da secção de merchandise do site oficial da banda ou do email thanatoschizo@hotmail.com.

ThanatoSchizO ao vivo no Teatro de Vila Real

Nove anos volvidos, os ThanatoSchizO voltam a actuar na sua capital de distrito. A 28 de Fevereiro de 2009, os criadores de Zoom Code vão apresentar-se em regime semi-acústico no Teatro de Vila Real, prometendo uma set list que englobará temas dos seus quatro álbuns e algumas surpresas neste regresso. O concerto iniciar-se-á pelas 21:30h e os bilhetes já estão à venda, custando entre 7 Euros (preço normal) e 5 Euros (para menores de 25 e maiores de 65 anos). As reservas são válidas por uma semana e até 48 horas antes do evento, podendo ser efectuadas in loco ou através do email bilheteira@teatrodevilareal.com

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domingo, 11 de janeiro de 2009

Senhora do Metal do Mês – Janeiro

Os Silentium são uma banda com quase 14 anos de existência, mas que só agora começa realmente a dar cartas no universo do gothic metal. Com as suas raízes no gothic/doom metal, a presença de uma voz feminina foi uma constante ao longo da carreira já respeitável do colectivo, ainda que nem sempre com o mesmo grau de importância. Foi em 2003 que se deu uma reviravolta na sonoridade dos Silentium, com o lançamento de Sufferion – Hamartia of Prudence, um álbum que juntava música e teatro, e teve a participação de Tuomas Holopainen dos Nightwish. No entanto, essa mudança de sonoridade só se cristalizaria em 2004, com a entrada de uma nova vocalista com uma voz grave, poderosa e emocional, que pode ser escutada nos dois mais recentes álbuns da banda: Seducia e Amortean.


Apresentamos assim a Senhora do Metal Riina Rinkinen, vocalista dos Silentium.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Edição nº 8 - Janeiro


Editorial


Ano novo, vida nova?

O novo ano começou há uma semana atrás. Nós por cá gostamos de ser do contra e em vez de começarmos o mês no dia 1, começamos no dia 6, que é para variar. Seja como for, 2008 já lá vai e temos mais um ano novinho em folha cheio de dias fresquinhos (por enquanto mais gelados do que frescos) por estrear. 2009 vai ser duro de roer, dizem-nos os profissionais do jornalismo todos os dias, para o caso de nos esquecermos momentaneamente. Com isso em mente, o comum dos mortais decide precaver-se e desejar com toda a força que a renovação chegue à sua vida e melhores dias se anunciem. Limpamos, lavamos e arrumamos a casa, como se esta nunca tivesse visto um pano do pó na vida. Fazemos planos, traçamos metas, escrevemos listas intermináveis de coisas que queremos fazer. Juramos não fazer uma data de outras coisas. Avaliamos o que foi feito e propomo-nos fazer diferente. A esperança num ano melhor norteia todos estes esforços que de outra forma seriam tarefas bastante estúpidas. Assim, tornam-se só um bocadinho estúpidas ou uma maneira fantástica de, quando chegamos ao ano seguinte, verificarmos que não cumprimos nenhum ponto da lista.

À porta de um novo ano, estas listas fecham (esperamos nós) um ciclo envelhecido, com alguns dias simpáticos e muitos dias que não nos agradaram minimamente. Na noite de 31 para 1 decidimos fazer muito, muito barulho. Para esse efeito, fazemos uso inteligente de tachos e panelas que já viram melhores dias. Diz a tradição que o barulho afasta os maus espíritos que, aparentemente, gostam pouco de reveillons e espumante barato. Os tachos podem ser velhos, mas não a roupa. Para atrair a tal renovação benéfica, convém estrear o vestido novo. Se queremos renovação amorosa, então a solução está nas cuecas, que devem, dizem, ser azuis e novinhas em folha. Aperaltados, brindamos com o tal espumante (porque há crise, não se esqueçam) e comemos as 12 passas, tentando ter ideias à pressão para tantos desejos. O objectivo é entrar, está claro, com o pé direito, mesmo que com o esforço de nos lembrarmos deste pormenor acabemos por entrar com o esquerdo.

Independentemente do pé que entrou primeiro, o novo ano chegou. E um novo ano serve sempre para os recomeços de todos nós. E mesmo que tenhamos chegado atrasadas e entrado com o pé esquerdo, mesmo que para nós o primeiro dia do ano seja o sexto dia, um facto é que, não há como negá-lo, também esperamos a tal renovação benéfica. Assim, depois dos tachos, das panelas, dos vestidos, das cuecas e das passas, convém voltar ao mundo apaixonante do Metal no Feminino (assim mesmo, com maiúsculas). E como também somos comuns mortais, temos igualmente uma lista de desejos. Mas, como diz a superstição, é melhor não se falar deles… ou não se realizam.

Sendo mais uma vez do contra, atrevo-me a nomear alguns. Não será novidade para muitos dos nossos leitores que pretendemos ir longe com este projecto. A vontade de ir um pouco contra o sistema foi apenas o princípio da nossa dedicação absoluta a um projecto de jornalismo ainda muito amador, mas que pretende ser profissional. O Metal no Feminino é a nossa paixão, um assunto para nós inesgotável. No mês passado, ainda no velhinho 2008, lançámos aos nossos leitores um desafio: seguindo a tradição de avaliar o ano que passou, pedimos que fizessem as vossas listas e nos dissessem quem são para vocês os Melhores de 2008, no âmbito do metal/rock/alternativo com voz feminina e/ou instrumentistas femininas. O prazo de envio continua a ser até ao dia 15 de Janeiro. Até agora, a nossa caixa de correio permanece vazia.

Esperávamos algo do novo ano e ele não nos deu isso que esperávamos. Porquê? Bom, a razão terá que estar em nós. Este projecto trouxe algo de novo para muita gente. Passou a ser uma parte importante das vidas destas duas escribas e uma designer e penso que terá passado a fazer parte de uma rotina diária de alguns leitores, que passam nesta página de quando em quando, quando lhes apetece, quando não têm nada melhor para fazer, ou simplesmente porque se interessam tanto ou mais do que nós por este universo da música. O blogue trouxe algo de novo, mas não criou ainda raízes. Está a começar a criá-las em nós, pelo menos. O resto pertence ao tempo e ao nosso esforço. O que interessa é continuar mês após mês, apaixonadamente, profissionalmente. No final de mais este ano, quando até 2009 já for velhinho e tiver passado à história (e com ele, esperemos, a crise económica), no próximo Dezembro que aí vier, as SM terão já um ano e meio de vida. Nessa altura já o bebé sabe andar pelo seu próprio pé e até dizer coisas interessantes como “mamã” e “papá”.

Espero que continuem connosco até lá… um Bom Ano!


Inês Martins,

Cláudia Rocha e Ana Teixeira

REVIEW - Within Temptation - The Heart of Everything [2007]

Tracklist:
1. The Howling
2. What Have You Done feat. Keith Caputo
3. Frozen
4. Our Solemn Hour
5. The Heart Of Everything
6. Hand Of Sorrow
7. The Cross
8. Final Destination
9. All I Need
10. The Truth Beneath The Rose
11. Forgiven
12. What Have You Done (Rock Mix)


A saída do single What Have You Done causou, em 2007, o pânico entre ouvintes de metal puristas e não puristas, e entre os fãs do colectivo holandês. Longe, muito longe, do que foi Mother Earth, e ainda um pouco longe de um The Silent Force, o single escolhido - um hit rock cantado por Sharon den Adel e Keith Caputo dos Life of Agony - apresentava a banda com uma nova sonoridade, e isto não seria necessariamente bom. Felizmente que este excelente tema rock radio-friendly (que teve o mérito de levar os Within Temptation aos EUA) não tinha quase nada a ver com o resto do álbum, falhando em representá-lo como primeiro single. O quarto álbum de estúdio do colectivo holandês não se limita a ser mais um capítulo de uma já considerável carreira, mas um passo em frente ou, se quiserem, um capítulo de destaque com alguns toques de brilhantismo.

The Heart of Everything (THOE) é o álbum em que as guitarras ganham mais destaque, estando ainda longe da notoriedade que, na minha opinião, mereciam. Guitarras eléctricas e acústicas, explorando malhas rock e metal, tornam-se neste álbum mais presentes do que em qualquer outro da carreira da banda. O que continua a estar majestosamente omnipresente é a melodia excepcional dos teclados a cargo da mente e mãos criativas de Martjin Spierenburg, autor, em conjunto com Robert Westerholt e Sharon den Adel, da maioria dos temas. Produzido por Daniel Gibson, THOE traz-nos um conjunto de excelentes melodias nas quais os teclados brilham e as guitarras se impõem um pouco mais, contribuindo para tornar este um dos registos mais obscuros da carreira dos WT. Acompanhando a tendência dos últimos tempos (ou, quem sabe, liderando-a), Sharon den Adel entrega-se a vocalizações rock, as mais graves de toda a sua carreira, levando a sua voz por caminhos nunca antes explorando, utilizando com mestria ambas as tonalidades, rock e lírica, do seu timbre e fazendo uso de técnicas vocais distintas de registos anteriores. THOE é, sem qualquer dúvida, o registo da excelência da técnica vocal de Sharon den Adel.

O álbum abre com a bombástica The Howling, que começa suave para se tornar numa malha de velocidade e peso. Orquestrações e guitarras unem-se para nos dar espectáculo e a eles junta-se uma Sharon que canta em tom praticamente irreconhecível. Por entre sussurros, a sua voz surge grave e rouca, arranhando tons obscuros, nunca antes utilizados na sonoridade da banda. Refrão absolutamente viciante e vicioso, com as guitarras sempre omnipresentes, oferecendo-nos paisagens sonoras gratificantes.

What Have You Done é o tema controverso do álbum, precisamente por apelar a um lado mais comercial. A escolha para single era inevitável e falhou (como na grande maioria dos singles escolhidos pelas editoras) em representar a sonoridade deste registo. Alguns fãs mais puristas podem até considerar que, com esta faixa, os WT traem a sua própria sonoridade, mas eu tenho pouco de purista. Trata-se de um dueto muito bem conseguido entre Sharon e Keith Caputo e que não deixa em nenhum ponto de evidenciar as marcas da sonoridade dos WT. Tema orientado pelas guitarras, com um refrão claramente orelhudo e que resulta da bonita combinação entre ambas as vozes, que se harmonizam num diálogo de contrastes. E apesar de todos os comercialismos que esses fãs puristas aqui encontram (e que estão lá), também estão presentes todas as características que fazem deste tema um tema WT – melodias em profusão, sintetizadores, vocalizações fortes e guitarras adicionando peso.

Frozen tem tudo para ser uma balada rock. Desde a sua entrada discreta e depois imponente, passando pelas vocalizações dramáticas e emocionais de Sharon den Adel, que se exprime sobre uma guitarra acústica ainda mais dramática, até ao refrão cantado como um grito de desespero numa melodia inevitavelmente catchy, tudo concorre para um excelente tema de gothic rock/metal. O ouvido mais experimentado em múltiplas audições pode surpreender-se ao descobrir a voz do guitarrista Ruud Jolie em backing vocals.

Our Solemn Hour é só um dos melhores temas de sempre da banda. Não é fácil decidir por onde começar numa faixa que tem tudo do bom e do melhor – desde refrão orelhudo, a coros gregorianos, passando por guitarras e melodias viciantes. Esta faixa é um somatório de tudo o que de melhor os WT sabem fazer. Inicialmente, a voz de Sharon canta quase num sussurro – "Sanctus Espiritus" – e ouvimos o discurso de Winston Churchill, transportando-nos para o cenário da Segunda Guerra Mundial. Um coro de vozes explode e com ele a música. A voz de Sharon desce ao mais profundo desespero, os sintetizadores servindo-lhe de tapete até as guitarras nos atingirem como se nos encontrássemos no meio do campo de batalha. O refrão é das coisas mais catchy alguma vez compostas por uma banda de metal sinfónico. Fugir-lhe é impossível. Lá mais para frente temos direito a solo de guitarra [e que solo!], cortesia de Ruud Jolie.

The Heart of Everything é o tema título deste álbum e possivelmente uma das músicas mais negras da discografia dos WT. Introdução épica e dramática com a voz de Sharon a erguer-se numa melodia e depois guitarras ao poder e estamos perante a composição onde elas têm um destaque fundamental. A voz de Sharon percorre novos trilhos, mais grave do que nunca, rodeada pelas malhas sucessivas das guitarras, concorrendo para a criação de uma atmosfera obscura. O melhor desta música não é, infelizmente, o refrão – passa-se bem por ele quase sem o notar. O que esta música tem de melhor é mesmo todas as restantes partes, a forma como a voz de Sharon se encaixa com habilidade nas malhas tecidas pelas guitarras, destilando uma letra acusatória, a lembrar um purgatório de destino para a alma humana. A finalizar, Sharon rende-se finalmente a uma interpretação mais lírica, erguendo-se etérea e angélica com as imparáveis guitarras por baixo. Uma das melhores prestações vocais de sempre.

Hand of Sorrow é mais um incrível tema épico com selo WT. Tem tudo aquilo em que este colectivo se especializou ao longo destes anos – melodia encantatória de piano na abertura, bateria e guitarras a explodirem em seguida, e os teclados de Martjin Spirenburg a levarem-nos numa dança até Sharon começar a cantar/contar mais uma história. A música é, sem dúvida mais alegre, do que a história que é contada: uma história de lutas e perdas inspirada na figura de William Wallace. Mas os WT são únicos na sua forma de contar histórias e nestes quase 6 minutos oferecem-nos um dos melhores refrães da sua carreira. De destacar o momento mágico recorrente em que a música serena e Sharon é deixada quase sozinha para uma interpretação vocal carregada de emoção.

The Cross é uma preferência pessoal e, para mim uma, das interpretações emocionais – vocais e instrumentais – mais belas por parte dos WT. Sharon den Adel garante ter demorado um ano para a compor música e letra, mas valeu a pena o tempo demorado. A voz de Sharon carrega, como sempre, toda a emoção consigo, que também não falta às guitarras incrivelmente dramáticas, que convergem num refrão absolutamente inesquecível. Aliás, para mim, as guitarras são mesmo o que este tema tem de melhor: insidiosas e penetrantes. Por mais vezes que ouça esta The Cross nunca deixo de descobrir nela elementos novos – ou é o piano num momento inesperado, ou os violinos em lamentos emotivos e sempre aquela voz, negra e profunda, angélica e desesperada. Sem dúvida uma das melhores intérpretes de metal da actualidade.

Final Destination, inspirada no filme com o mesmo nome, é uma faixa musicalmente inferior às restantes. Não quero com isto dizer que é uma faixa má, mas simplesmente que não é tão boa, nem tão emocionalmente verdadeira como as outras. Na verdade, talvez a sua localização no álbum também não seja a melhor, uma vez que quase desaparece entre a majestosa The Cross e a balada dramática All I Need. Ainda assim, somos brindados por uma excelente combinação entre as melodias dos sintetizadores e as guitarras.

All I Need poderia ser a música mais cliché de sempre a ter o selo WT, ou não estivesse tão bem feita. A qualidade desta típica balada é reforçada pelo facto de os WT terem sido sempre tão pouco ortodoxos na composição das suas baladas, quase todas elas atípicas e fugindo a estruturas ditas comuns. All I Need não foge a nenhum lugar-comum – desde a estrutura à letra – e, ainda assim, soa incrivelmente bem. Trata-se de uma composição em que a guitarra acústica tem destaque, seguida de uma bateria apropriadamente lenta, sobre a qual a voz de Sharon soa melancólica e frágil. Numa balada com tudo para ser cliché, os WT demonstram que dominam como ninguém os segredos da melodia, introduzindo no momento certo a guitarra eléctrica, conduzindo a música a um clímax apropriado e deixando depois a voz de Sharon dar o seu espectáculo.

The Truth Beneath The Rose é um colosso épico, a lembrar uma The Promise (Mother Earth). Composição épica, melodia negra e opressiva, letra de contornos obscuros e inspiração num livro de autoria de Dan Brown bem conhecido do mundo ocidental. Tudo o que esperamos de uma faixa épica está presente – entrada majestosa, coros gregorianos em profusão e cantando em latim, guitarras adicionando peso e uma das melhores interpretações líricas por parte de Sharon. Este tema leva-nos, em certos pontos, de volta às origens da banda, com a bateria a soar agradavelmente semelhante aos seus primórdios sonoros.

Forgiven é mais uma das baladas atípicas que esta banda tão bem sabe criar. Martjin Spierenburg ao piano e Sharon na voz, pouco mais é necessário para criar um dos melhores temas da discografia da banda. Basta a belíssima composição da melodia para piano e uma interpretação doce e emocional.

Sem erguerem muito a fasquia, os WT foram um pouco mais longe com este álbum. O apurado sentido melódico que sempre possuíram é levado ao extremo neste registo que nos oferece um conjunto impressionante de refrães marcantes, letras extremamente bem construídas e melodias fortes. O destaque dado às guitarras torna este um disco com um sentimento mais obscuro, ao mesmo tempo que Sharon atinge o apogeu da sua interpretação vocal. É caso para perguntar não What Have You Done? Mas sim What Will They Do Next? Esperemos para ouvir.

18.5 valores em 20

Inês Rôlo Martins (Lua Minguante)

Line-up: Sharon den Adel (voz), Jeroen van Veen (baixo), Martijn Spierenburg (teclado), Robert Westerholt (guitarra), Ruud Jolie (guitarra), Stephen van Haestregt (bateria)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

REVIEW - Within Temptation - The Silent Force [2004]

Tracklist
1. Intro
2. See who I am
3. Jilian (I'd give my heart)
4. Stand my ground
5. Pale
6. Forsaken
7. Angels
8. Memories
9. Aquarius
10. It's the fear
11. Somewhere
12. A dangerous mind
13. The Swan Song



Ao lançamento do brilhante Mother Earth (ME), em 2001, seguiu-se um intenso período de tour, no qual os Within Temptation actuaram nos principais festivais europeus. Dessa longa sucessão de concertos resultou um DVD ao vivo – Mother Earth Tour – e o início da ascensão da banda holandesa. Entre 2001 e 2004 deu-se um interregno no que diz respeito a trabalhos de estúdio, quebrado apenas pelo o EP Running up that hill, uma cover de Kate Bush. No entanto, este pequeno aperitivo não diminuiu a sede dos fãs por um novo álbum de longa duração. Após o sucesso de ME, tanto junto da crítica como dos fãs, as expectativas eram altas.

The Silent Force (TSF) foi lançado no final de 2004 e, embora tenha sido o álbum que catapultou os WT para uma espécie de estrelato raramente atingido por bandas de metal, graças ao qual atingiram novos públicos, muitos fãs ficaram desiludidos e alguma crítica especializada foi implacável.

A verdade é que se deu uma viragem no som que os fãs mais antigos consideravam marcadamente WT. TSF não tem os traços doom de Enter e The Dance, e afastou-se um pouco do gothic/symphonic metal com influências new wave de ME. Tenho algumas dúvidas se sequer podemos considerar TSF um álbum de Metal e, ainda que o queiramos fazer cair nessa categoria, percebemos à primeira audição que se trata de um híbrido com influências rock, metal e muito pop.

As questões impõem-se: os WT venderam-se, aproveitando a onda de sucesso de bandas rock com vocalista feminina iniciada pelos Evanescence? É TSF um álbum radio friendly que atrairá públicos que, por norma, não ouvem metal? A resposta é um quase indubitável "sim". No entanto, outra questão se levanta: é TSF um mau álbum? E aí minha resposta é um rotundo "não".

Apesar das mudanças significativas no som, das quais falarei mais à frente, este é um álbum facilmente identificável como sendo WT. Estes holandeses têm uma capacidade rara de criar álbuns completamente diferentes uns dos outros e, ainda assim, manterem o seu estilo muito próprio. Um dos motivos é Sharon den Adel, que é inconfundível apesar explorar novas formas de interpretar, surpreendendo-nos com versatilidade da sua voz.
Em TSF, Sharon abandonou as notas mais agudas (embora se tenha mantido o registo agudo) e os seus tons mais malevolentes, que foram tão marcantes em ME. Desta vez, optou por um estilo mais suave e angelical, e também mais acessível, mas que vai totalmente ao encontro do espírito de TSF.

As mudanças mais radicais sentidas pelos fãs, e sobretudo pelos admiradores de ME, ocorreram principalmente na estrutura dos temas. Ao invés das estruturas relativamente complexas a que os WT nos haviam habituado, optaram por fórmulas mais simples e mais pop. A inclusão de uma orquestra e de um coro também não pode deixar de ser notada, sobretudo tendo em conta que as guitarras foram quase totalmente obliteradas pela explosão orquestral. Finalmente, a aposta em temas radio friendly, como é o caso de Stand my ground, Angels ou Memories.

Este foi o primeiro álbum que os WT abriram com uma intro, que é tão épica como seria de esperar, com especial ênfase no coro que contrasta com a suavidade da voz de Sharon, que utiliza o seu tom mais operático. Da Intro passamos rapidamente para See who I am, uma das mais bombásticas do álbum, em que o coro e a orquestra são utilizados em full power. O refrão é catchy e épico, característica comum de uma boa parte das faixas de TSF. Outra característica presente neste álbum, e na grande maioria dos temas escritos pelos WT é a força das letras, profundas e emocionais, e que nesta See Who I Am são vibrantes e desafiadoras.

Mas a grande pérola de TSF e, na nossa opinião, uma das melhores composições da sua carreira, é Jillian (I'd give my heart). Este é um tema que desafia qualquer classificação, que fica perfeitamente alinhado num álbum de metal, mas também não cairia nada mal num musical. A voz de Sharon soa mais angélica do que nunca, alcançando notas puras e cristalinas; o trabalho orquestral é soberbo e o coro causa arrepios, num refrão repleto de beleza e força. São os WT no seu melhor.

Stand My Ground
foi o primeiro single, e o cerne da polémica aquando do lançamento de TSF. É de facto uma faixa especificamente pensada para ser tocado nas rádios, com fortes influências rock e um refrão extremamente catchy. Ainda assim, trata-se de um tema típico da sonoridade do colectivo holandês e pouco ou nada tem a ver com a referida banda (ou devo dizer, artista a solo?) americana. À melodia não falta intensidade, as guitarras e o imaginário tipicamente WT.

Pale
vai beber da fonte ME, com reminiscências celtas na melodia. Um tema entre o luminoso e o obscuro, com a voz de Sharon suave sobre um piano delicado e uma secção rítmica a impor uma cadência dolente e arrastada.

Forsaken
é outra das brilhantes composições da carreira dos WT. A voz de Sharon faz-se anunciar angélica e os coros explodem em seguida, com guitarras lançando-se depois. A história que Forsaken nos traz não poderia ser mais apropriada à história da humanidade e ao momento histórico de crise e convulsões que estamos a viver. O refrão é de um grande brilhantismo melódico, enquanto os coros e a letra que se recusam a sair da cabeça do ouvinte.

Seguem-se Angels e Memories, dois temas com nada em comum a não ser o facto de terem passado um sem número de vezes nas rádios um pouco por todo o mundo. Ambos sofrem desse mesmo mal, no sentido em que, depois de tanto os ouvirmos, o inevitável tédio invade-nos. Angels, com a sua toada mais rock, torna-se um pouco menos saturante. Já Memories é uma excelente balada, como já é tradição desta banda. Os WT brindam-nos com o som de violinos, a melodia de piano é encantadora, a voz de Sharon bela como sempre. O lado mais suave e romântico dos WT evidencia-se grandemente neste tema, que foi praticamente assassinado pela fúria das rádios.

Aquarius
está ao nível de uma Forsaken. Trata-se de um dos temas mais obscuros do álbum, com a voz de Sharon a aflorar um tom mais negro e perigoso. Uma grande interpretação vocal para uma das faixas mais metal deste álbum. Camadas de sintetizadores, bateria presente, guitarras pesadas.

It’s the Fear
entra com um piano saltitante e é um dos temas mais divertidos do álbum, apesar da letra sombria. Uma malha nitidamente rock, com coros lançando mais um refrão pegajoso.

Somewhere
é uma das melhores baladas de sempre da carreira dos WT. A música é uma pérola de inspiração, com uma letra arrebatadora. A voz de Sharon cria um tapete musical sobre o som do piano e da bateria.

A edição especial de TSF oferecia ainda duas faixas bónus: A dangerous mind e The swan song. A primeira não nos trás realmente nada de novo. Trata-se de um tema rock, que se encaixa perfeitamente na ambiência de TSF. Por seu lado, The swan song é mais uma balada WT, que nos oferece uma melodia bela e poderosa e uma composição lírica de carácter poético, com o piano e os violinos a darem-nos um belíssimo espectáculo.

Com TSF os WT deram um salto quantitativo – fazendo chegar a sua música a públicos mais diversificados e abrangentes. Independentemente das contrapartidas que possa ter, TSF é um bom álbum, um álbum com selo WT, que nos traz toda a beleza do sinfónico e do orquestral, sem esquecer algum peso e apresentando mais um conjunto de melodias inesquecíveis. Pode ser chocante para os metaleiros mais empedernidos – aqueles que apreciaram os lançamentos mais antigos do colectivo – verem as suas irmãs mais novas, vestidas com roupas coloridas, a escutarem uma banda que, até há bem pouco tempo, se encontrava no underground. No entanto, os WT têm o mérito de terem criado um álbum acessível sem sacrificarem a qualidade e a honestidade daquilo que fazem. Se mantiverem a mente aberta, poderão apreciar a beleza deste TSF.

Destaques:
See Who I Am, Jillian, Forsaken, Aquarius, Somewhere, The Swan Song



17 valores em 20


Cláudia Silva, Lua Crescente
Inês Rôlo Martins, Lua Minguante

Site oficial
Myspace

Line-up: Sharon den Adel (voz), Jeroen van Veen (baixo), Martijn Spierenburg (teclado), Robert Westerholt (guitarra), Ruud Jolie (guitarra), Stephen van Haestregt (bateria)