sexta-feira, 27 de junho de 2008

Breves

» Os DELAIN, projecto de metal gótico de Martijn Westerholt (ex-Within Temptation), já começaram o processo de escrita e composição dos temas que vão integrar o seu segundo álbum, o sucessor de Lucidity, de 2006. O novo álbum, ainda sem nome à vista, deverá ser lançado no próximo ano, mas o processo de gravações poderá, naturalmente, ser acompanhado através do site oficial. Por enquanto, a banda da Senhora do Metal, Charlotte Wessels, continua a dar concertos no norte da Europa.

Site oficial
Myspace



» A Senhora do Rock Gótico, Amy Lee (EVANESCENCE), ganhou o prémio Songwriter Icon Award do ano de 2008, atribuído anualmente pela NMPA (Nation Music Publishers Association). O prémio reconhece compositores musicais de qualidade pelas suas capacidades pessoais, sendo atribuído àqueles que melhor personificam o ideal da NMPA.

Site oficial


» O novo álbum da banda feminina finlandesa de pop rock INDICA está a ser produzido pelo mentor e teclista dos NIGHTWISH, Tuomas Holopainen.
Nas palavras da banda, «no princípio estávamos um pouco preocupadas em fazer os nossos horários coincidir, uma vez que os Nightwish estão em tour, mas todos concordámos em vender a nossa alma por este projecto».
O novo álbum, de título ainda desconhecido, deverá sair em Setembro deste ano. Este último trabalho de originais segue outros dois, o álbum de estreia, Ikuinen Virta, de 2004, que chegou a platina no país natal das Indica e Kadonnut Puutarha, lançado em 2007.
O projecto Indica iniciou-se em 2002 quando Jani Jalonen da Sony Music se interessou pelo projecto, sendo o contrato com a banda assinado um ano depois. O site oficial das Indica, pela sua originalidade e beleza, merece ser visitado. Lá poderão encontrar uma descrição cheia de humor do processo de produção e gravações do novo registo da banda e ainda uma biografia tão misteriosa e romântica como a música destas Senhoras.





» Os TRAIL OF TEARS, inevitável referência no metal gótico, vão realizar a sua primeira tour pela América do Sul no final deste ano, entre os meses de Setembro e Outubro. Após longas negociações ao longo dos anos, a banda vai finalmente levar a sua música até aos fãs sul-americanos. A tour insere-se na promoção do mais recente trabalho dos Trail of Tears - Existencia, lançado este ano pela Napalm Records.





» A banda de power metal DARK MOOR tem como convidada especial no seu próximo albúm a cantora soprano lírica Itea Benedicto, vocalista desde 2004 da banda de metal sinfónico NÍOBETH. Os Dark Moor estão a trabalhar no material para o sucessor de Tarot, de 2007, álbum que contou com a prestação da vocalista Manda Ophuis dos Nemesea. Em princípio para ser gravado este Verão nos New Sin Studios em Itália, o álbum deverá estar concluído entre o final deste ano e o início do próximo.
Entretanto, a banda espanhola Níobeth, já começou a trabalhar nos temas para o seu novo albúm que será gravado em Valencia durante o mês de Agosto. O novo trabalho segue a demo de estreia de 2006, Infinite Ocean Of Stars, recuperando alguns temas deste como Rhyme For My Gone Beloved, fragmentos de The Awakening e the Night Queen Aria.






» Encontrando-se em pleno processo de composição de um novo álbum, os IMPERIA aceitaram o convite para uma performance exclusiva na edição deste ano da Mystic Fair. O evento de fantasia e cultura gótica terá lugar em Ahoy, nos subúrbios de Rotterdam, na Holanda. A banda será cabeça de cartaz do festival no dia 19 de Julho.


quinta-feira, 19 de junho de 2008

WITHIN TEMPTATION anunciam data de DVD


Os Within Temptation anunciaram a data de lançamento do seu próximo DVD. A 22 de Setembro, Black Symphony já está disponível nas lojas. O DVD conterá o concerto em Ahoy, que teve lugar em Roterdão a 7 de Fevereiro, no qual os Within Temptation dividiram o palco com sessenta músicos e um coro de trinta e cinco de vozes, para além de terem contado com a presença de convidados especiais, entre os quais a Senhora do Metal Anneke van Giersbergen.

Os Within Temptation também anunciaram que, a partir de 5 de Agosto, os álbuns Mother Earth e The Silence Force serão lançados nos EUA através da Roadrunner Records. Até ao momento, apenas o último álbum da banda, The Heart of Everything, estava disponível.



Créditos Sérgio Almeida


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sabine Dünser - "My Heart and Soul"


“My heart and soul are filled with sadness
Deep as grey oceans in your eyes”
Forgotten Love, Elis, Griefshire 2006

Comecei e recomecei este texto diversas vezes, hesitante e desconfortável. Recolhidos os dados nominativos e descritivos, tinha pedaços de biografias, pedaços de entrevistas, pedaços da vida que passou de Sabine. Tarefa extremamente emocional para mim, foi-me e é-me difícil escrever sobre isto, encontrar maneira de falar desta mulher e da sua vida e dos seus sonhos. Estranha a sensação de quando uma voz nos toca a alma e parece que nos fala para dentro e por dentro de nós, que temos a sensação de conhecê-la tão bem, que essa voz se torna nossa também. Não queria falar da morte de Sabine (contrariamente à grande maioria dos artigos que surgem perante nós quando pesquisamos o seu nome no Google). Sabia que queria falar da sua vida e da sua música, da sua voz e das suas melodias, das letras que escreveu e cantou. Mas os dados, essa matéria-prima sobre a qual deveria trabalhar, entristeciam-me. Nas entrevistas era a voz de Sabine que eu lia, falando entusiasmada de tours e concertos futuros. Nas biografias desenhava-se, quase friamente, um percurso musical que foi resultado de um dom para a música que despertara cedo em Sabine. Lia e descobria coisas que desconhecia. Que Sabine tocava piano e que os teclados que ouvimos nos temas dos Elis são da sua autoria. Que a voz foi desde cedo parte da sua vida – cantou em múltiplos coros e musicais, teve mais tarde aulas de canto e nem um problema a nível das cordas vocais a conseguiu afastar do seu sonho. Profissionalmente, Sabine estudara terapia e era terapeuta da fala, trabalho que nunca chegou a abandonar durante toda a sua vida. O seu sonho era um sonho comum entre músicos – viver, única e exclusivamente, da música que compõem. O sonho nunca se cumpriu, mas começou em 2000 com o projecto musical que fundou - Erben der Schöpfung (numa tradução livre significa “Herdar/Herança da Criação”), que deu origem, mais tarde e, com a saída de um dos membros, à banda Elis. Natural do pequeno Liechtenstein, a vida de Sabine, enquanto Senhora do Metal escreve-se na vida deste seu projecto musical, que começou em 2001, com o primeiro single Elis e o álbum de estreia Twilight. Após apresentação ao vivo no Festival Wave Gotik em Leipzig, a carreira da banda levou um impulso ao ser reconhecida pela imprensa alemã como a banda revelação do ano. Dois anos depois os Elis entravam em estúdio para gravar um novo álbum, produzido por Alexander Krull (Atrocity, Leaves’ Eyes) – nascendo aí God’s Silence, Devil’s Temptation que os levou em tour pela Alemanha, Suíça e Bélgica. Um ano depois saía Dark Clouds in a Perfect Sky, igualmente produzido por Alexander Krull e mostrando o crescimento e maturidade da banda. A The Dark Clouds Tour levou os Elis a tocar pela Alemanha, Áustria e Bélgica, conjuntamente com os Visions of Atlantis e os Lyriel, seguida de nova tour já na companhia dos Battelore e dos amigos Atrocity e Leaves’ Eyes. Um novo álbum começou depois a ser preparado, um projecto conceptual pensado e escrito por Sabine, que criou para ele todo um enredo narrativo. O álbum póstumo viria a ser chamado simbolicamente Griefshire (Terra da Dor) e foi lançado em Novembro de 2006, em memória de Sabine, que a ele se referia carinhosamente como “meu bebé”.

A história poderia terminar aqui, um percurso curto de apenas 6/7 anos, resumidos em 4 álbuns, mas Sabine foi como “aqueles, que por obras valerosas, se vão da lei da morte libertando”, como dizia o poeta. Dela ficou um percurso de força de vontade e determinação evidentes, quando num país tão pequeno como o Liechtenstein se escolhe o obscuro sonho de ter uma banda de metal gótico, anichada numa minúscula cena metal quase irrisória neste país. Nada que impedisse Sabine e restantes companheiros de banda, de contrariar todo o cenário fatalista e encetar um projecto de criação de música negra, gótica e de profusos ritmos rock. Dela ficou a sua música, as suas letras, a sua voz e, com ela, uma parte da sua vida, da sua alma, do seu sonho. Combinando peso de baterias, guitarras e guturais, melodias vocais e paisagens elaboradas por teclados, a música dos Elis é ponto incontornável do metal gótico, assim como a voz etérea de Sabine o é, incontestavelmente.

Termino ao som de Forgotten Love, tema do último álbum Griefshire, todo ele ainda gravado com a voz de Sabine. Lembro a minha determinação inicial - não queria escrever sobre a partida de Sabine, mas sei que a emotividade que me levou em cada linha, foi essa. Fugir do sentimento é impossível e na minha busca por pedaços da vida de Sabine para escrever este texto, encontrei muitas preciosidades desta sua vida que ficou, não posso evitar dizê-lo, tristemente incompleta. A música que me acompanha faz a catarsis das minhas emoções e em cada verso, a voz de Sabine canta palavras que assumem um imenso significado. Estranho ou não, a voz de Sabine demorou, quando a ouvi pela primeira vez, a penetrar no meu espírito. Mas, subitamente, um dia, estava lá. Mas ela já não.



A voz ficará sempre.



Sabine, descansa em paz, canta com os anjos. E obrigada pelas horas de felicidade, calma e sonhos que me deste.






Elis - membros:
Sabine Dünser (RIP) - Voz (2000– 2006)
Sandra Schleret - Vocals (desde 2006)
Pete Streit - Guitar (desde 2000)
Chris Gruber - Guitar (desde 2005)
Tom Saxer - Bass, Grunts (desde 2000)
Max Naescher - Drums (desde 2004)

Discografia:
Erben der Schöpfung:
Twilight – 2001
Elis (Maxi CD) - 2001

- Elis
God's Silence, Devil's Temptation - 2003
Dark Clouds in a Perfect Sky - 2004
Griefshire - 2006
Show Me The Way MCD - 2007

- Singles
"Der Letze Tag" - 2004
"Show Me the Way" - 2007


- Videos
"Der Letzte Tag" - 2004



"Past is haunting me
Fragments of memory
disturb my peace of mind
Hours of delight
now seem a thousand years away
I was a fool to let you go


My heart and soul are filled with sadness
Deep as grey oceans in your eyes
My heart and soul are filled with sadness
Despair spreads its fingers around my mind


Days of love and hope
were followed by aeons of loneliness
as darkness sunk into our hearts
The other one’s shadow
stood between us, a silent wall of doom
darkening the sky

My heart and soul are filled with sadness
Deep as grey oceans in your eyes
My heart and soul are filled with sadness
Despair spreads its fingers around my mind

Only memories remain
in a world now cold and dark
Where flowers grew now dust has covered everything

Crying doesn’t help anymore
so what can I do?
Torn in pieces is my heart
I don’t know where to go"




Inês Martins, Lua Minguante

terça-feira, 17 de junho de 2008

Senhora do Metal Junho/Julho

Num mês simbólico, infelizmente não pelas razões mais alegres, foi decidido que o espaço da Senhora do Metal iria ser dedicado a Sabine Dünser.

Sabine, começou cedo no mundo da música, mas só em 1999 integrou naquela que passou a ser a sua nova família durante 7 anos: Erben der Schöpfung ou Elis como viria a ser conhecida posteriormente.

Dedicando assim a sua voz e a sua presença ao Metal Gótico e deixando uma ponta de saudade após a sua morte em 8 de Julho de 2006, Sabine irá acompanhar-nos durante este mês como a nova Senhora do Metal.



Ana Teixeira

domingo, 15 de junho de 2008

EDITORIAL Junho / Julho

Quando a ideia para este blog estava ainda a germinar, fizemos uma pesquisa na Internet, em busca de projectos semelhantes. Encontrámos sites de todo o tipo, desde webzines até outros blogs, alguns de grande qualidade, outros nem tanto. No entanto, a maioria destes sites dedicados às mulheres na música mais alternativa ou extrema tinham algo em comum: a tag Female Fronted Metal. Há já algum tempo – muito antes deste projecto nascer – eu já tinha reflectido acerca desta “etiqueta” que surge colada às bandas que têm uma mulher ao microfone, questionando-se sobre a sua pertinência.

Não conheço muitos casos, mesmo no Metal, em que o vocalista seja determinante para definir um estilo de música. Sim, temos os famosos grunts à Death Metal ou à Black Metal; é sabido que as bandas de Power Metal dão preferência a um certo tipo de vocalista, e estes são apenas exemplos. Mas o facto é que, mesmo nestes casos, não é apenas o vocalista que determina o estilo da banda.

Female Fronted Metal não é um subgénero. Refere-se, pura e simplesmente, a bandas que têm vocalistas femininas. No entanto, é curioso ver em quantos sites dedicados ao assunto a tal etiqueta surge como se estivesse a definir um estilo musical. Como se todas as bandas que têm uma vocalista pertencessem ao mesmo subgénero. É um erro que tem as suas implicações.

Não oiço Metal há assim tanto tempo. Na verdade, sou uma neófita nestas andanças, pois a minha viragem musical só aconteceu em 2004. E tendo em conta os meus 25 anos, comecei tarde. Mas nestes escassos anos nunca vi, em nenhum site ou publicação, a expressão Male Fronted Metal. Porquê? Uma resposta é: porque o Metal só há muito pouco tempo deixou de ser um território onde “menina não entra”.

A verdade, é que este foi, durante muito tempo, um estilo de música de homens e direccionado a um público masculino. Kari Rueslatten, umas das primeiras vocalistas de uma banda de Doom Metal – os The 3rd and the Mortal – contou numa entrevista que, nos seus primeiros concertos, chegou a ser vaiada e mandada “para casa coser meias”. Felizmente, as coisas mudaram, e ver uma mulher num palco rodeada por uns tipos cabeludos já não é novidade para ninguém mas… será que as coisas mudaram tanto assim?

Quando os Metallica actuaram no Rock in Rio eu estava fora, em trabalho. Por isso, eu e uma colega que dividia o quarto de hotel comigo, assistimos ao concerto pela tv. O comentário dela quando as câmaras deram o público que era maioritariamente masculino.

Será que as mulheres não estão predispostas para ouvir música pesada? Será genético? Hormonal? Será falta de testosterona? Caros leitores, não me parece. A questão aqui é educacional. Há as coisas dos meninos e há coisas das meninas. O Metal, devido à sua violência (e, atenção, não estou a atribuir uma carga negativa a esta palavra) não é considerado uma coisa de meninas.

Há quatro anos atrás, quando comecei a ouvir metal, quando comprei as minhas primeiras botas de biqueiras de aço e comecei a ir a concertos, fui criticada por família, amigos e colegas. Porque as botas eram masculinas. Porque a música era demasiado agressiva. Porque o metal não é uma coisa para meninas, que se querem femininas. Eu nunca considerei que a música que oiço, a roupa que visto afectasse, de alguma forma, a minha feminilidade. Mas o que está aqui em jogo são estereótipos, e eles são poderosos.

Mas o que é que isto tem a ver com Female Fronted Metal? Esta espécie de nicho só existe porque, quer se queira quer não, a presença feminina no Metal é escassa, circunscrita e recente. Somos vistas como a excepção, e como excepção que somos, acabamos um pouco colocadas à parte.

É verdade que a maioria das senhoras do metal são vocalistas. É também verdade que uma boa parte delas encontram-se em bandas de Gothic Metal ou de Metal Sinfónico. Mas, mesmo em termos de vocalistas, temos mulheres ao microfone em todos os subgéneros do Metal. E é estranho pensar que tanto os Within Temptation como os Cadaveria estão sob a grande alçada do Female Fronted Metal, quando a única coisa que têm em comum é o género da vocalista.

O Female Fronted Metal também acaba por excluir as instrumentistas. A explicação pode ser mais ou menos óbvia. A voz é o elemento mais humano da música, por isso acaba por ser o centro das atenções. No entanto, o trabalho dos instrumentos, masculinos e femininos, necessita de um maior reconhecimento.

Este não é um blog dedicado ao Female Fronted Metal por si só. Já usámos, e continuaremos a usar, a expressão quando nos referimos a bandas com vocalistas femininas, mas nunca para definir um estilo musical. Este é um blog dedicado a todas as mulheres do Metal: vocalistas, instrumentistas e fãs; e também aos senhores do metal que, como parte integrante das bandas e como admiradores, merecem todo o destaque pelo talento e dedicação à música.

Já é tempo de vermos mais meninas nos concertos, a escreverem em publicações especializadas ou na Internet, e a tocarem instrumentos musicais. As portas já estão abertas e, agora, as meninas já podem entrar!

Deixamo-vos o convite… e o desafio.

Cláudia Rocha
e Ana Teixeira, Inês Martins, Milene Emídio

LIV KRISTINE - A Voz

O ano de 1995 foi um ano de viragem para o metal no feminino: foi o ano em que os Theatre of Tragedy, na época uma obscura banda de Doom Metal, lançaram o seu primeiro álbum. O self-titled combinava guturais com uma bela voz soprano o que – embora hoje seja comum até à exaustão – na época era uma ideia inovadora.

Os TOT não foram os primeiros. Na primeira metade dos anos 90, os Paradise Lost já tinha feito algumas experiências no estilo que, mais tarde, seria denominado Beauty & and the Beast. No entanto, os TOT têm o mérito de terem sido os primeiros a fazê-lo de forma ostensiva, e a terem uma soprano a tempo inteiro, como parte da formação da banda.

Liv Kristine era, então, uma jovem desconhecida. Em Theatre of Tragedy, a fraca produção não permitiu que a sua voz brilhasse, à excepção da faixa ... A Distance There is..., em que a voz etérea de Liv é apenas acompanhada por um delicado piano e pelo som da chuva a cair. Esta é, na minha opinião, e apesar da sua simplicidade, a melhor faixa do disco, e uma das melhores composições da carreira da banda norueguesa.

TOT


Mas foi em 1997 que os TOT lançaram o álbum que mudaria a sua carreira de forma determinante: Velvet Darkness They Fear. Se o primeiro álbum se destacou pela novidade, neste segundo trabalho atingiram a mestria no estilo no qual foram os precursores. Obtiveram excelentes reviews e alguma atenção, a qual confluiu na voz e imagem de Liv Kristine, que se tornou a rosto da banda e um ícone do female fronted metal.

Para o ouvinte de 2008, Velvet Darkness They Fear não apresenta nada de novo, mas para o ouvinte de 1997 representou algo diferente e exótico, especialmente numa época em que a participação das mulheres em bandas de metal era escassa. A partir daqui, muitas foram as bandas que seguiram as pisadas dos TOT. Estamos a falar de formações como os Tristania, os Within Temptation, os Sirenia ou os The Sins of Thy Beloved, entre muitas outras, que utilizaram o mesmo contraste entre grunts e vozes femininas angelicais, com grande sucesso, embora muitas tenham acabado por abandonar o estilo em trabalhos posteriores. As Senhoras do Metal que fazem, ou fizeram, parte destas bandas tornaram-se, elas próprias, ícones. No entanto, Liv Kristine foi a pioneira.

Estes primeiros álbuns dos TOT têm um som essencialmente sóbrio. Não esperem grandes riffs, baterias rápidas, ou algo de muito original em termos de composição. O ritmo é lento e cadenciado, as faixas não são muito diferentes umas das outras, e os instrumentos estão presentes para criarem certa uma ambiência de mistério e obscuridade. O ênfase vai todo para as vozes, para os diálogos teatrais, em inglês antigo, entre Liv e Raymond.

A voz frágil de Liv contrasta com os guturais apaixonados de Raymod, soando fria e etérea, como se não estivesse realmente presente – ela é a mulher inacessível, a Laura de Petrarca; mas outras vezes, a sua voz soa quase infantil, com um ligeiro toque de malevolência. Nestes primeiros lançamentos, Liv não incorre em grandes voos vocais e denota ainda alguma insegurança e inexperiência. No entanto, a sua voz pura e cristalina destaca-se pela sua grande beleza, tornando estes álbuns verdadeiramente poderosos, apesar da sua sobriedade.

Destaques para ... a Distance There is..., Sweet Art Thou, And When He Falleth, Der Tanz der Schatten e On Whom the Moon Doth Shine.

Photobucket


Após o lançamento do EP A Rose For The Dead, os TOT abandonam o estilo que os tornou famosos. Em Aégis já não se ouvem grunts e o Doom Metal passa a fazer parte do passado. Este terceiro álbum de longa duração é pautado por sonoridades entre o Gothic Rock, o Metal, com umas pitadas de New Age. Dedicado à figura feminina, os títulos das faixas correspondem a nomes de mulheres reais ou mitológicas. Aqui a voz de Liv torna-se mais suave, e os grunts desaparecem quase completamente, substituídos pelas vocalizações limpas de Raymond, que não são tão poderosas como eram o seus guturais. No entanto, Aégis é o álbum mais original da carreira dos TOT, com composições de grande beleza, onde a voz de Liv se eleva a um novo patamar, sobretudo na faixa Siren.

Em 2000 dá-se uma nova viragem: os TOT abandonam as sonoridades metálicas e experimentam um som mais electrónico. Musique e Assembly não são bem recebido pelos fãs, e recebem críticas arrasadoras. Porém, estes dois álbuns podem ser interessantes para quem tenha uma mente aberta e seja apreciador de industrial com uns laivos pop. Experimentem as faixas: Machine, Fragment, Image, Automatic Lover, Let You Down e Starlit.

Em 2003, Liv Kristine deixa os TOT e, logo no ano seguinte, lança Lovelorn, o primeiro trabalho da sua nova banda: os Leaves Eyes, da qual faz parte os membros dos Atrocity, entre os quais o seu marido, Alexander Krull. O nome Leaves Eyes foi imaginado pelo próprio Alexander, que se inspirou nos olhos de Liv.

LE


Em Leaves Eyes, Liv está no seu melhor. A sua voz torna-se mais forte, variando entre incursões líricas poderosas e vocalizações doces e luxuriantes, e outras ainda mais estéreas. Para além de emprestar a sua voz ao projecto, Liv toma também parte da composição, sobretudo nas letras, tendo criado os conceitos para os dois álbuns – tanto Lovelorn como posterior Vinland Saga são álbuns conceptuais, que tratam das lendas e tradições escandinavas. Em Leaves Eyes, voltamos a ouvir a voz de Liv a contrastar com grunts poderosos, desta vez de Alexander Krull.
As faixas que considero mais representativas desta fase de Liv são: Oceans’s Way, Lovelorn, The Dream, Farewell Pround Men, Elegy e Solemn Sea.

Para além da sua carreira nos TOT e nos Leaves Eyes, Liv Kristine também tem a sua carreira paralela, a solo. Entre 1998 e 2006 lançou dois álbuns. O primeiro, Deus ex Machina mistura o pop com sons mais electrónicos, passando também pelo New Age. O segundo, Enter My Religion, representa um salto qualitativo em termos de produção e composição e, embora seja um álbum de música pop, é mais coeso do que o anterior, e tem bastante para oferecer aos fãs da vocalista, uma vez que Liv tem mais espaço para explorar as várias facetas da sua voz, numa abordagem mais pessoal e intimista.

LIV


Finalmente, há que destacar as participações especiais de Liv Kristine em outras bandas, especialmente nos Atrocity, a banda do seu marido, nos Cradle of Filth e nos Delain.

Liv Kristine tem uma voz doce e suave, e não uma voz impositiva como a de outras grandes senhores do Metal. No entanto, na sua já relativamente longa carreira, Liv já experimentou vários estilos musicais, desde o Doom Metal ao pop, passando pela música electrónica, o que prova a sua grande versatilidade. Em 2008 continuaremos a falar dela, uma vez que aguardarmos o lançamento de um DVD ao vivo e, talvez, um novo álbum dos Leaves Eyes.

Cláudia Rocha - Quarto Crescente


Despedimo-nos da nossa primeira grande Senhora do Metal do mês com um vídeo de uma grande prestação de Liv nos TOT. Enjoy!

LACUNA COIL - OFFICIAL DVD FAN COMPETITION

Com um novo albúm à vista (ou pelo menos quase) os Lacuna Coil preparam-se também para lançar o seu primeiro DVD referente à Tour do Karmacode...dando uma oportunidade de os fãs participarem no mesmo!




-> Informações e Regulamento <-

quarta-feira, 11 de junho de 2008

ARCH ENEMY em Portugal

Os ARCH ENEMY vão actuar em Portugal no festival Alliance Fest, que se realiza entre os dias 8 e 9 de Agosto, no Pavilhão dos Lombos em Carcavelos. Outros grandes nomes que também vão marcar presença são os ANATHEMA, os MARDUK, os EXODUS e os 3 INCHES OF BLOOD.
Os portugueses SHADOWSPHERE, WE ARE DAMNED, BLACKSUNRISE e ECHIDNA também estão confirmados.

Site Oficial
Créditos Pedro Silva

Lagoa Burning Live adiado/cancelado


No site oficial do evento é possível ler-se a seguinte notícia:

"A Organização do Festival “LAGOA BURNING LIVE 2008” vem por este meio anunciar que o evento está neste momento suspenso.

O recinto onde o festival iria ter lugar nos dias 25, 26 e 27 de Julho foi barbaramente destruído e os prejuízos adjacentes são de valor elevadíssimo, o que a cerca de um mês e meio do início dos espectáculos torna-se completamente impossível preparar o recinto adequadamente para a realização do Festival.

Ainda não foram encontrados e identificados os responsáveis por tão bárbaros e incompreensíveis actos de vandalismo, mas pede-se a quem souber de alguma coisa relacionada com estes acontecimentos que contacte a organização do evento e as autoridades policiais. Nem que seja pelo menos para saber o porquê de tão estúpidas acções...

Nos próximos dias serão acrescentadas ao site algumas fotografias que demonstram as condições em que o Parque de Feiras e Exposições de Estombar ficou após estes acontecimentos.
Durante estes dias tentou-se encontrar um outro lugar que suportasse toda a logística que um festival desta envergadura suporta, mas todas as tentativas tornaram-se infrutíferas.

Esta notícia é simplesmente desastrosa visto que será quase impossível encontrar uma nova data que permita contar com todas as bandas previamente anunciadas e confirmadas, já que existem compromissos a serem cumpridos num futuro próximo."

terça-feira, 10 de junho de 2008

Simone Simons estreia-se em musical

Simone Simons (EPICA) vai estrear-se na metal opera Equilibrio, um projecto dos XYSTUS. Para além de Simone Simons, o elenco conta ainda com outro nome do metal holandês: George Oosthoek (ex-ORPHANAGE).
O site oficial do projecto disponibiliza alguns trechos das músicas desta opera rock. A estreia terá lugar a 3 de Julho, em Utrecht.

Site Oficial Equilibrium
Simone Simons Myspace

segunda-feira, 9 de junho de 2008

XANDRIA lançam Best Of

Já está disponível o Best Of dos Xandria, lançado no dia 6 deste mês. "Now & Forever - The Best Of Xandria" contém vinte faixas, entre as quais músicas raras, nunca editadas. Todas as faixas foram remasterizadas, permitindo, de acordo com a banda, escutar mais pormenores, especialmente nas músicas mais bombásticas.
Para além do cd áudio, o best of também inclui um dvd com o concerto que os Xandria deram no Summer Breeze Festival 2007, todos os videoclips, uma entrevista e material behind-the-scenes.

Tracklist:

Cd áudio (remasterizado)
01. Now & Forever
02. Ravenheart
03. Kill The Sun
04. In Love with the Darkness
05. Eversleeping
06. Only for the Stars in your Eyes
07. The End of Every Story
08. The Lioness
09. India
10. Save My Life
11. Ginger
12. Firestorm
13. Some Like it Cold
14. Black Flame
15. Like a Rose on the Grave of Love
16. Sisters of the Light
17. Mermaids
18. Drown in me (rare bonus track)
19. One Word (previously unreleased bonus track)
20. Lullaby (rare bonus track)

DVD
Inclui:

- Summer Breeze festival show 2007
- Todos os Videoclips (Ravenheart, Eversleeping & Save My Life)
- Entrevista - The History and Future of Xandria
- Material behind-the-scenes

Os Xandria estão à procura de uma nova vocalista, depois de, em Abril, Lisa Middelhauve ter saído da banda por razões pessoais. O prazo para busca da nova voz termina a 10 de Junho.


sexta-feira, 6 de junho de 2008

The Crystal Mountain Singers com Moonspell no Rock in Rio Lisboa - 05.06.08


A actuação dos Moonspell ontem no Rock in Rio (RIR) trouxe ao palco um coro de fantásticas vozes femininas - The Crystal Mountain Singers, coro composto pelas Senhoras do Metal portuguesas, Carmen Simões (AVA INFERI), Sophia Vieira (CINEMUERTE), Patrícia Andrade (ex-VOLSTAD e, actualmente, THE VANITY CHAIR) e Sílvia (Ex-SARCASTIC). As Senhoras do Metal cederam ao espectáculo beleza e sensibilidade transmitidos em coros melodiosos que procuraram captar o espírito essencial do mais recente álbum dos Moonspell, Night Eternal, descrito pelo vocalista Fernando Ribeiro como tendo uma essência pagã que recupera o imaginário feminino ancestral e intemporal. Nas palavras do vocalista, Night Eternal incide sobre dois temas essenciais, a terra e a mulher, numa "mistura perfeita e depurada entre a fúria e a beleza". Segundo Fernando Ribeiro, "a terra é comparável ao abuso de que as mulheres também são alvo", facto que torna importante o alerta aqui feito.
Na actuação de ontem destacam-se a ausência da convidada Anneke Van Giesbergen (ex-The Gathering e, actualmente, Agua de Annique), que não pode estar presente para o dueto com Fernando Ribeiro no novo single Scorpion Flower, por motivos de doença. O destaque principal vai para a voz excepcional de Carmen Simões, com uma presença arrebatadora na música dos Moonspell.
Fotografia - A Cor do Ar aka Lua Minguante