Editorial
Ano novo, vida nova?
O novo ano começou há uma semana atrás. Nós por cá gostamos de ser do contra e em vez de começarmos o mês no dia 1, começamos no dia 6, que é para variar. Seja como for, 2008 já lá vai e temos mais um ano novinho em folha cheio de dias fresquinhos (por enquanto mais gelados do que frescos) por estrear. 2009 vai ser duro de roer, dizem-nos os profissionais do jornalismo todos os dias, para o caso de nos esquecermos momentaneamente. Com isso em mente, o comum dos mortais decide precaver-se e desejar com toda a força que a renovação chegue à sua vida e melhores dias se anunciem. Limpamos, lavamos e arrumamos a casa, como se esta nunca tivesse visto um pano do pó na vida. Fazemos planos, traçamos metas, escrevemos listas intermináveis de coisas que queremos fazer. Juramos não fazer uma data de outras coisas. Avaliamos o que foi feito e propomo-nos fazer diferente. A esperança num ano melhor norteia todos estes esforços que de outra forma seriam tarefas bastante estúpidas. Assim, tornam-se só um bocadinho estúpidas ou uma maneira fantástica de, quando chegamos ao ano seguinte, verificarmos que não cumprimos nenhum ponto da lista.
À porta de um novo ano, estas listas fecham (esperamos nós) um ciclo envelhecido, com alguns dias simpáticos e muitos dias que não nos agradaram minimamente. Na noite de 31 para 1 decidimos fazer muito, muito barulho. Para esse efeito, fazemos uso inteligente de tachos e panelas que já viram melhores dias. Diz a tradição que o barulho afasta os maus espíritos que, aparentemente, gostam pouco de reveillons e espumante barato. Os tachos podem ser velhos, mas não a roupa. Para atrair a tal renovação benéfica, convém estrear o vestido novo. Se queremos renovação amorosa, então a solução está nas cuecas, que devem, dizem, ser azuis e novinhas em folha. Aperaltados, brindamos com o tal espumante (porque há crise, não se esqueçam) e comemos as 12 passas, tentando ter ideias à pressão para tantos desejos. O objectivo é entrar, está claro, com o pé direito, mesmo que com o esforço de nos lembrarmos deste pormenor acabemos por entrar com o esquerdo.
Independentemente do pé que entrou primeiro, o novo ano chegou. E um novo ano serve sempre para os recomeços de todos nós. E mesmo que tenhamos chegado atrasadas e entrado com o pé esquerdo, mesmo que para nós o primeiro dia do ano seja o sexto dia, um facto é que, não há como negá-lo, também esperamos a tal renovação benéfica. Assim, depois dos tachos, das panelas, dos vestidos, das cuecas e das passas, convém voltar ao mundo apaixonante do Metal no Feminino (assim mesmo, com maiúsculas). E como também somos comuns mortais, temos igualmente uma lista de desejos. Mas, como diz a superstição, é melhor não se falar deles… ou não se realizam.
Sendo mais uma vez do contra, atrevo-me a nomear alguns. Não será novidade para muitos dos nossos leitores que pretendemos ir longe com este projecto. A vontade de ir um pouco contra o sistema foi apenas o princípio da nossa dedicação absoluta a um projecto de jornalismo ainda muito amador, mas que pretende ser profissional. O Metal no Feminino é a nossa paixão, um assunto para nós inesgotável. No mês passado, ainda no velhinho 2008, lançámos aos nossos leitores um desafio: seguindo a tradição de avaliar o ano que passou, pedimos que fizessem as vossas listas e nos dissessem quem são para vocês os Melhores de 2008, no âmbito do metal/rock/alternativo com voz feminina e/ou instrumentistas femininas. O prazo de envio continua a ser até ao dia 15 de Janeiro. Até agora, a nossa caixa de correio permanece vazia.
Esperávamos algo do novo ano e ele não nos deu isso que esperávamos. Porquê? Bom, a razão terá que estar em nós. Este projecto trouxe algo de novo para muita gente. Passou a ser uma parte importante das vidas destas duas escribas e uma designer e penso que terá passado a fazer parte de uma rotina diária de alguns leitores, que passam nesta página de quando em quando, quando lhes apetece, quando não têm nada melhor para fazer, ou simplesmente porque se interessam tanto ou mais do que nós por este universo da música. O blogue trouxe algo de novo, mas não criou ainda raízes. Está a começar a criá-las em nós, pelo menos. O resto pertence ao tempo e ao nosso esforço. O que interessa é continuar mês após mês, apaixonadamente, profissionalmente. No final de mais este ano, quando até 2009 já for velhinho e tiver passado à história (e com ele, esperemos, a crise económica), no próximo Dezembro que aí vier, as SM terão já um ano e meio de vida. Nessa altura já o bebé sabe andar pelo seu próprio pé e até dizer coisas interessantes como “mamã” e “papá”.
Espero que continuem connosco até lá… um Bom Ano!
Inês Martins,
Cláudia Rocha e Ana Teixeira
Cláudia Rocha e Ana Teixeira
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