Nasci em Cologne, na Alemanha, a meio de uma noite de 5 de Novembro, o que faz de mim uma nativa de Escorpião com ascendente em Caranguejo – por outras palavras, uma personalidade ambivalente que adora o que é extremo. Tive uma infância fantástica no campo, com os meus três irmãos, antes me tornar numa adolescente revoltada, que trocava os seus vinis dos Queen por LPs dos Carcass, Morbid Angel e Cannibal Corpse. Tinha 16 anos e consegui chatear os meus pais cristãos.
Entrei na minha primeira banda em 1991: Asmodina. Pouco depois, saí de casa (digamos que fugi. Tinha apenas 17 anos na altura). Num piscar de olhos, a minha infância tinha-se tornado num inferno adolescente. Os meus pais divorciaram-se e perderam o negócio. A casa foi hipotecada. Eu era uma outsider na escola, já que tinha um gosto muito diferente no que respeitava a música e roupas. Gostava de música extrema e ensaiava com a minha banda. Era um pouco problemática. Sofri de graves desordens alimentares, mas consegui ultrapassá-las completamente. Se sofres de anorexia ou bulimia procura ajuda! Quanto mais cedo, melhor!
Terminei a escola e comecei a trabalhar numa empresa de publicidade. Especializei-me em Marketing online e, ao mesmo tempo, comecei a estudar Economia na Universidade de Cologne. Nunca parei de berrar na minha banda durante estes anos. Em 1997 os Asmodina acabaram e eu formei os Mistress. Éramos bastante activos, dávamos concertos todos os fins-de-semana e gravávamos demos, mas não sonhava fazer nada disto profissionalmente, porque me parecia algo impossível. E depois comecei a trabalhar numa revista online, no secção do Rock e do Metal, onde conheci os Arch Enemy numa entrevista, durante a tour do Burning Bridges, em 1999. E, então, o destino pegou-me pela mão.
Tinha levado uma demo tape dos Mistress e dei-a ao Christopher Amott (estávamos sempre em busca de apoios). Os tipos dos Arch Enemy ouviram-na durante a tour e o Chris ficou com ela, porque estavam um pouco surpreendidos com a forma como eu cantava. Mantive-me em contacto com ele, já que, antes de mais, era uma fã. No Outono de 2000 recebi um telefonema do próprio Sr. Michael Amott, que me disse que o Johan Liiva tinha saído da banda e que estavam à procura de um novo vocalista. Perguntou-me se eu queria ir à Suécia para uma audição… Tinham encontrado a minha demo tape… FUCK YES!
Algumas semanas depois, estava aos berros na sala de ensaios deles. E, subitamente, estávamos nos Fredman Studios, à experiência. Depois de ter gravado a minha primeira música, Enemy Within, a decisão foi tomada: a Angela Gossow seria a nova vocalista dos Arch Enemy. O quê? O quê?? O quê??? A minha vida mudou muito desde aquele dia em Novembro de 2000. Aquele era o meu primeiro trabalho musical profissional, com uma banda a sério. Com os Arch Enemy, por amor ao Inferno! Larguei o emprego (Oh que dia feliz aquele. Entrar no gabinete do meu patrão e vê-lo a implorar-me para que ficasse. Eu a dizer “Não, vou ser uma música a tempo inteiro”. A expressão de espanto na cara dele foi demais). Também parei de estudar.
Não tinha compromissos. Queria ser livre. Estava muito, muito determinada em fazer aquilo acontecer. Ensaiávamos e ensaiávamos. Depois perdi completamente a voz antes da tour no Japão. Foram-me diagnosticados nódulos. Más notícias! Todos aqueles anos a berrar sem qualquer técnica tinham, finalmente, dado cabo das minhas cordas vocais, atingindo-me no pior momento possível. Levei seis meses a aprender tudo de novo: a falar, a respirar e a gritar – começar do zero, desta vez com conhecimentos e técnicas. Hoje estou contente por aquilo ter acontecido. Aprendi muito com os meus erros do passado, o que me ajudou durante situações problemáticas que tivemos em tour ou no estúdio. Por favor, dêem uma olhadela na minha secção de conselhos vocais em http://www.angelagossow.com se também estiverem com problemas.
O que não nos mata torna-nos mais fortes. Porque caíamos? Para nos levantarmos de novo. Os últimos anos não têm sido fáceis, mas têm sido os melhores! Dei a volta ao mundo várias vezes; estive nos 5 continentes. Toquei em pequenos e grandes palcos, em óptimas arenas e em buracos. Os nosso fãs, os nossos amigos… tenho recebido tanto amor, palavras gentis, presentes, flores… És esmagador e difícil de compreender. Mas está a acontecer-me e estou muito, muito grata! Dedico 100% do meu tempo aos Arch Enemy. Tenho hobbies, mas estes estão todos, de certa forma, ligados aos Arch Enemy.
Leio muito, sempre à procura de inspiração para as minhas letras. Pelo mesmo motivo, vejo muitos filmes. E, claro, oiço música. Faço exercício para estar em forma para cantar e estar em palco. Como e vivo de forma saudável para manter o meu corpo = instrumento em ordem. Adoro comida. Sou vegetariana, embora seja alérgica à maioria dos produtos à base de leite. Estou sempre a cozinhar quando estou em casa. Adoro amoras. E pão caseiro com uma grossa camada de manteiga. De marmelada caseira, de cajú, de queijo de cabra… E claro, de space cookies. Mas isso é outra história…
Porque sou vegetariana? Cresci sem carne. Não me agrada a ideia de comer um animal morto, um cadáver, uma carcaça. E não gosto da indústria da carne. É produção em massa e exploração dos animais.
Sou canhota. Toquei acórdão durante 6 anos e guitarra durante algum tempo.
O meus planos para o futuro e os meus sonhos: os Arch Enemy durante os próximos anos. Também comecei a receber treino vocal e vou trabalhar com a Melissa Cross (http://www.blogger.com/www.melissacross.com) no futuro. Depois disso, não sei. Talvez me mude para uma pequena ilha verde. Talvez algo completamente diferente. A vida dá voltas completamente inesperadas.
Que mais? Sou uma pessoa pragmática… Não acredito na religião organizada. Não estou certa acerca de Deus. Acredito que existe mais neste mundo do que aquilo que conseguimos ver. Acredito no amor. E na responsabilidade. Somos responsáveis pela nossa vida e pelos nossos actos. Somos responsáveis por este planeta e pelas suas criaturas. Estamos finalmente a acordar? Como ovelhas para o matadouro… E não acredito nos políticos. Mas voto. Para deixar bem claro, a Direita NÃO recebe o meu voto. Tenho medo da morte e da perda. Não quero que ninguém que eu amo morra antes de mim. Detesto apanhar uma constipação. Não tenho medo de aranhas. Mas tenho medo da guerra, do terror e do crime. Penso que este mundo é um lugar terrível e maravilhoso ao mesmo tempo. Gostaria que não existisse doença, pobreza, homicídios, violência, inveja, mentiras e ódio. Mas estas coisas existem e é por isso que o Metal também existe – as Sinfonias da Destruição. A minha e a VOSSA maneira de lidar com a frustração, com a raiva, com a dor, canalizando-as e retirando-as do nosso sistema. Não consigo viver sem música, porque ela faz-me sentir viva e forte, não importa o que aconteça. Espero que também vocês consigam sentir o poder da música!
Com amor,
Angela
E agora, uma aulinha de canto:
1 comentário:
Basicamente... Uma grande Senhora lol
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