2. Surya Namascara
3. Trianon
4. Aengus Og Fiddle
5. Fading Empire
6. Ghost of the Crescent Moon
7. Flow My Tears
8. Sailing Alone
9. Lullaby
10. Battle Of Kadesh
11. Sleep Now, Quiet Forest
Sleep Now, Quiet Forest é o album de estreia dos norte-americanos Todesbonden, a banda de Laurie Ann Haus, a fundadora, principal compositora e vocalista deste projecto. Para quem não a conhece, esta senhora cruza os caminhos do Metal há já alguns anos, tendo iniciado a sua carreira musical nos Rain Fell Within, onde desempenhava os back vocals ao vivo. Teve uma pequena participação no último álbum deste colectivo, Refuge, onde a sua voz pode ser escutada na faixa Passing Time. Quando a banda terminou, alguns ex-membros reuniram-se em torno de um novo projecto, os Ephemeral Sun, onde Laurie era vocalista.
A partir daqui, a sua carreira expandiu-se e floresceu. Laurie fez parte de várias bandas e projectos que cobrem um admirável leque de estilos, desde o Metal Progressivo dos Ephemeral Sun, ao Black Metal Atmosférico dos Ol Onuf, passando pelo Neoclássico dos Autumn Tears. Foi também vocalista e/ou teclista convidada dos Garden of Shadows e dos Anomalous Feather, tendo ainda emprestado a sua voz a muitos outros projectos.
Foi a partir desta fusão de géneros que a sonoridade dos Todesbonden foi forjada. As influências estão todas lá: o Folk, o Doom Metal, o Metal Progressivo, o Neoclássico, a World Music, um pouco de The 3rd and the Mortal com umas pitadas de Dead Can Dance e personalidade e orginalidade q.b. No entanto, apesar desta misclelânea de estilos que, à primeira vista, parece não fazer grande sentido, Laurie e companhia oferecem-nos um produto final diverso e coeso que revela uma grande sensibilidade aos pormenores, algo pouco comum num álbum de estreia.
Mais do que uma vocalista, Laurie é uma verdadeira intérprete. Embora se defina a si mesma como uma cantora lírica, o seu tom operático é apenas mais uma faceta da sua voz. Sem necessidade de recorrer a grandes floreados, demonstra um grande profissionalismo na forma como enquadra as linhas vocais com os outros instrumentos, deixando-as fluir harmoniosamente com a música, sem se sobrepôr. Todos os músicos que compõem a banda têm o seu espaço próprio e, em diferentes momentos, todos têm a oportunidade de brilhar, sobretudo os instrumentos acústicos. De destacar o trabalho fabuloso das guitarras acústicas, que são do melhor que ouvi num álbum de Metal.
A atenção dedicada aos pormenores torna este Sleep Now, Quiet Forest um poderoso evocador de imagens. A começar pela lindíssima capa, na qual figura a própria Laurie. De costas para nós, diante de uma paisagem melancólica e outonal, a temática não anda muito longe da arte do Romantismo, e a proposta que nos faz também não é muito diferente. Tal como muitas das personagens dos quadros dos século XIX, a figura de cabelos vermelhos virou as costas às coisas mundanas e convida os ouvintes a momentos de introspecção. E se, infelizmente, muitas capas são enganadoras, este não é decerto o caso. A arte da capa, tal como o misterioso título, não perdem a sua aura assim que a primeira faixa começa a rodar.
Surrender to the Sea abre com teclados delicados e a voz suave de Laurie; porém, a calmaria transforma-se em tempestade quando as guitarras entram no refrão, evocando a fúria de um mar revoltoso. Esta tensão de forças entre teclado e guitarras mantém-se até ao final da faixa, quando a vocalista irrompe num cântico étnico, lançando o mote para o tema seguinte. Em Surya Namascara é como se, de repente, os Dead Can Dance se tivessem tornado metaleiros. As semelhanças vocais entre Laurie Ann Haus e Lisa Gerrard são assinaláveis e, tal como a grande diva, Laurie utiliza a sua voz como se fosse mais um instrumento, vocalizando sons que não chegam a formar palavras. Violino, teclado e guitarra tomam a dianteira em diferentes momentos, entrelaçados com instrumentos étnicos e percussões. Uma das faixas mais interessantes e complexas deste álbum.
Em Trianon são evidentes as influências neoclássicas que Laurie bebeu dos Autumn Tears. Pela primeira vez neste álbum, a vocalista mostra-nos os seu tom operático e somos brindados com vários solos de violino. Os instrumentos acústicos tornam a estar em destaque em Aengus Og Fiddle. De inspiração celta, tem uma toada mais folk, e uma ambiência acolhedora, enfatizada pelo tom quente de Laurie.
Fading Empire é um duelo entre violino, teclado e guitarras, no qual a bela voz de Laurie assume um papel conciliador, ajustando-se aos diferentes momentos da música, por vezes mais suave outras vezes mais agressiva. E se pensam nos Todesbonden como “mais um banda com vocalista feminina em que os outros músicos estão relegados para segundo plano”, então escutem esta faixa com atenção, porque estamos perante instrumentistas muito talentosos.
Ghost of the Crescent Moon é uma balada em que a temática é, uma vez mais, o mar. E se em Fading Empire elogiei técnica e mestria, aqui rendo-me à emoção de cada nota tocada e cada palavra cantada. Novamente, o teclado e o violino são os grandes protagonistas, e as guitarras estão presentes para conferirem força e dramatismo ao refrão. A emoção de Laurie é quase palpável e a sua interpretação, conjuntamente com os solos de teclado e violino e um refrão memorável, tornam este o melhor tema do álbum e, até ao momento, o mais representativo da sonoridade dos Todesbonden.
A esta balada segue-se outra, Flow My Tears, em que temos a oportunidade escutar a voz lírica de Laurie, apenas acompanhada pelo violino e o som de uma harpa, funcionando como interlúdio para Sailing Alone, que fecha a trilogia sobre o mar. Aqui as guitarras estão mais presentes e mais agressivas, tornando-a a faixa mais metálica de Sleep Now Quiet Forest.
Lullaby, um interlúdio com pouco mais de um minuto, representa a calma antes da tempestade, já que antecede a épica Battle of Kadesh. Regressam os elementos étnicos mas, desta vez, o efeito obtido é verdadeiramente cinematográfico e, se tiverem uma imaginação suficientemente activa, conseguirão “ver” a batalha a desenrolar-se diante dos vossos olhos. De novo, temos as vocalizações a la Lisa Gerrard misturadas com um pouco de canto lírico, uma panóplia de instrumentos étnicos, e um jogo interessante entre momentos mais acústicos e outros mais metálicos.
Sleep Now, Quiet Forest, um pequeno epílogo melancólico no qual os instrumentos acústicos tornam a ser senhores, fecha o álbum, deixando-nos com uma sensação de solidão e a vontade de regressar.
Em Sleep Now, Quiet Forest, o Metal é apenas mais uma das muitas influências que compõem o universo eclético dos Todesbonden. É provável que os metaleiros mais puristas não encontrem grandes pontos de interesse, mas os apreciadores de uma onda mais neoclássica vão certamente gostar deste álbum. No entanto, este primeiro longa duração dos Todesbonden não se dirige a nenhum segmento de público em particular, mas a todos aqueles que apreciam música criada e executada por múscos criativos e competentes. Para mim, a banda revelação de 2008.
Destaques: Surya Namascara, Aengus Og Fiddle, Ghost of the Crescent Moon, Battle of Kadesh
18 Valores
Cláudia Rocha, Lua Minguante
Line Up: Laurie Ann Haus (voz), Jason Aaron Wood (guitarra), Patrick Geddes (violino), James Lamb (teclados), Jason Ian-Vaugham Eckert (baixo), Alex Hicks (bateria)
Site Oficial: http://www.todesbonden.com/
Myspace: http://www.myspace.com/todesbonden
Site Oficial: http://www.todesbonden.com/
Myspace: http://www.myspace.com/todesbonden
3 comentários:
Eu nunca tinha ouvido falar desta banda, vi a referência ao lançamento do album numa revista de metal algures, mas não fazia ideia que tipo de musica era. Este review deixou com a ideia como se já tivesse ouvido o album e preciso ouvir de novo para captar os promenores que não se ouvem a primeira, estou mesmo ansioso para ouvir o albúm.
Bom trabalho, Cláudia
Karel
Uma excelente review de um álbum lindíssimo, pelas mãos de uma óptima e linda escriba:)
Excelente trabalho, minha querida guerreirinha^^
beijinhos,
Inês
Conheci a banda por sugestão da Cláudia e fiquei encantada desde o primeiro momento em que ouvi!A rewiew está brilhante e reflecte na perfeição a essência do albúm!
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