segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Alliance Fest 2008 – 09/08/2008



Quem disse que as mulheres são o sexo fraco?! Certamente alguém que não esteve no Alliance Fest a 9 de Agosto deste ano onde, quer Sofia Loureiro (We Are the Damned), quer Angela Gossow (Arch Enemy) tiveram pestações mais brutas e explosivas do que qualquer homem nessa noite.

Neste segundo dia do festival substituto do “Marés Negras” as mulheres estiveram presentes em duas das seis bandas que pisaram o palco do Pavilhão dos Lombos em Carcavelos. A primeira presença feminina foi às 18:15, depois dos Blacksunrise, e coube a Sofia Loureiro e aos seus We Are the Damned. A segunda coube aos suecos Arch Enemy, liderados pelo Senhor Guitarrista Michael Amott e com Angela Gossow na voz.

As duas primeiras sonoridades a ouvir-se no Pavilhão dos Lombos nessa tarde foram o Trash/Death metal dos Echidna, oriundos de Vila Nova de Gaia, e o Metalcore dos Blacksunrise.
Os We Are the Damned são originários de Lisboa e tocam Death Metal, embora seja de notar alguns laivos Hardcore, o que implica necessariamente um instrumental bastante violento e guturais rasgados. Foi exactamente o que os We Are the Damned fizeram e, embora o público não tenha aderido propriamente bem (compreenda-se que tocaram depois dos colossos Blacksunrise, em que até tivemos direito a uma Wall of Death), penso que ninguém pode ter ficado indiferente à prestação quer dos instrumentistas, quer da vocalista, que, além de arrancar grunts extremamente rasgados como se estivesse a ser submetida a uma intervenção cirúrgica sem anestesia, teve uma prestação e uma presença absolutamente explosivas em palco, igualando e chegando inclusivamente, em alguns aspectos, a superar a própria Angela Gossow, que actuaria às 23:00.

Seguiu-se a actuação dos Marduk, que subiu ao palco por volta das 19:45. A banda de Black Metal sueca teve uma actuação bastante efusiva e com uma adesão fabulosa por parte do público, embora, fosse de notar uma certa repetitividade nos temas e arrastar do concerto, ao ponto de, a certa altura, dar a sensação de que estavam a repetir faixas e já muitas pessoas suspirarem quando viam que eles nunca mais abandonavam o palco. Ainda assim é de frisar uma actuação muito boa, com uma enorme adesão por parte do público e cheia de carácter Black Metal.

Às 21:00 entraram em palco os britânicos Anathema numa actuação que, pela hora a que foi, só poderia ser dirigida a um público muito específico, pois as restantes pessoas não aderiram de uma forma propriamente efusiva; o que se compreende visto que foi uma quebra de violência musical bastante grande. Ainda assim, para os fãs de Anathema, foi um grande concerto e que, para delírio de muitos, incluindo não-fãs da banda britânica, teve direito a uma surpresa especial... Uma cover de Comfortably Numb dos Pink Floyd fabulosamente executada pelo guitarrista Danny Cavanagh com um solo espantoso no final.

Pouco depois das 23:00 entravam em palco os cabeças de cartaz. Havia quem dissesse que tinha esperado seis anos por aquele momento... Entrou em palco o baterista Daniel Erlandsson, seguido do genial guitarrista e líder do colectivo de Halmstad, Michael Amott, o seu irmão guitarrista Chris Amott, o baixista Sharlee D'Angelo e, por último, a grande estrela da noite, a vocalista Angela Gossow. O público percebeu logo às primeiras notas tocadas que os Arch Enemy se vinham redimir de nunca terem vindo a Portugal, e, de facto, fizeram-no.
Todos os membros da banda sueca estavam visivelmente emocionados com a forma como os fãs portugueses reagiram a malhas como Blood on your Hands, My apocalypse, Nemesis, The Last Enemy, Revolution Begins, Taking Back my Soul, Dead bury their dead, Dead eyes see no future, We will rise, entre outras... Um grande concerto que se pode resumir a um circulo vicioso de gratidão. Os fãs portugueses encantados por finalmente poderem ver os Arch Enemy e a reagir como se pede num concerto de Metal, com muito moche, muitos saltos, muito headbanging, muitos dedos e punhos no ar e, os membros da banda, ao verem toda esta adesão, intensificaram ainda mais a sua actuação individual. Angela Gossow com uma boa disposição fantástica para com o público. Imparável nos guturais e com o à-vontade, o feeling e a presença em palco a que sempre nos habituou; os irmãos Amott irrepreensíveis no seu virtuosismo e a dividir os magníficos solos característicos dos Arch Enemy; baixista e baterista a imporem o ritmo avassalador dos Arch Enemy de uma forma sublime e sem falhas...
Enfim, a estreia dos Arch Enemy em terras portuguesas não podia ter sido mais intensa. Além de se terem redimido de nunca cá terem actuado, ainda explicaram, para quem ainda não soubesse, o porquê de tantas vezes se verem as palavras Pure Fucking Metal no seu merchandise. De facto foi um concerto de Metal no seu estado mais puro: Melodia aliada a uma agressividade sem nome, ritmos avassaladoramente rápidos e muitos solos fabulosos, tudo misturado em verdadeiros Anthems of Rebellion...
No final, todo o público de “barriga cheia” e com a promessa de Angela ainda a ecoar nos ouvidos: “We will be back soon”


Agradecimentos: Sérgio Almeida

5 comentários:

Senhora do Metal disse...

Obrigada pela excelente review, Sérgio! Adorei. Quem me dera ter estado lá... por isso espero que os Arch Enemy voltem mesmo.
Também fiquei muito curiosa acerca dos We Are The Damned. Vou procurar o cd.

Um abraço \m/

Cláudia, Lua Crescente

Anónimo disse...

Procura... E se encontrares, orienta-mo x'D LOL \m/

De nada, limitei-me a cumprir aquilo que prometi, ajudar no que puder ;) lol

Anónimo disse...

Também estive no Alliance (em ambos os dias) e o dia 9 foi de facto brutal (a contrastar com todos os incidentes que ocorreram no dia anterior).
Queria deixar a minha opinião acerca de algumas considerações do Sérgio (excelente review, a propósito).
Os We Are The Damned têm muito mais de core do que de metal, e quanto à Sofia (embora goste dos seus berros, e não grunts - raramente os utilizou)a forma nervosa como comunicou com o público prejudicou-a bastante. Ela não conseguiu sequer encarar de frente o público.
Em relação a Marduk, não percebo quem é que podia estar a querer que a sua actuação terminasse (exceptuando, obviamente os que não apreciam o estilo musical).
De resto...keep up the pure fucking metal \m/!

Anónimo disse...

Também me pareceu que os We are the Damned têm mais de core do que de metal (aliás, referi na review o lado core deles) mas como no myspace tinham death metal, escrevi isso porque me pareceu que eles, mais do que ninguém, devem saber o que andam a tocar apesar de ser vísivel o seu lado core, até pelos elementos constituintes da banda (membros dos ex-Twenty Inch Burial). Quanto aos Marduk, ambos temos que concordar, Rui, que eles se repetiram um bocado... Houve momentos em que cheguei mesmo a pensar "eles já tocaram isto, não já?". Eu gosto de black metal, é verdade que nunca fui grande fã de Marduk, mas gosto de black metal e já vi muitos concertos brutais de bandas que eu não aprecio. Os Marduk estiveram bem, o público aderiu bué bem e eles deram um belo concerto, mas lá está, foi um bocado repetitivo. Quanto à parte d querer que terminasse... Bem, eu disse isso por causa das partes em que parecia que eles se iam embora e depois afinal voltavam. Não sei, mas pareceu-me que houve um bocado aquele sentimento do "Quê? Mais uma? Não chega?".

De resto, obrigado pela crítica, vou tentar melhorar na próxima ;)

Anónimo disse...

E mais uma vez em relação à Sofia, sim, a forma como comunicou com o público prejudicou-a um bocado, mas temos que concordar que ela em palco canta com um feeling, um à vontade e uma presença fabulosas, ainda para mais tratando-se de uma "menina" de apenas vinte e um anos. O que significa que, por ser ainda muito nova, tem uma enorme margem de progressão e pode evoluir muito.

Volto a agradecer a crítica e prometo fazer melhor na próxima ;)