1. Intro
2. See who I am
3. Jilian (I'd give my heart)
4. Stand my ground
5. Pale
6. Forsaken
7. Angels
8. Memories
9. Aquarius
10. It's the fear
11. Somewhere
12. A dangerous mind
13. The Swan Song
Ao lançamento do brilhante Mother Earth (ME), em 2001, seguiu-se um intenso período de tour, no qual os Within Temptation actuaram nos principais festivais europeus. Dessa longa sucessão de concertos resultou um DVD ao vivo – Mother Earth Tour – e o início da ascensão da banda holandesa. Entre 2001 e 2004 deu-se um interregno no que diz respeito a trabalhos de estúdio, quebrado apenas pelo o EP Running up that hill, uma cover de Kate Bush. No entanto, este pequeno aperitivo não diminuiu a sede dos fãs por um novo álbum de longa duração. Após o sucesso de ME, tanto junto da crítica como dos fãs, as expectativas eram altas.
The Silent Force (TSF) foi lançado no final de 2004 e, embora tenha sido o álbum que catapultou os WT para uma espécie de estrelato raramente atingido por bandas de metal, graças ao qual atingiram novos públicos, muitos fãs ficaram desiludidos e alguma crítica especializada foi implacável.
A verdade é que se deu uma viragem no som que os fãs mais antigos consideravam marcadamente WT. TSF não tem os traços doom de Enter e The Dance, e afastou-se um pouco do gothic/symphonic metal com influências new wave de ME. Tenho algumas dúvidas se sequer podemos considerar TSF um álbum de Metal e, ainda que o queiramos fazer cair nessa categoria, percebemos à primeira audição que se trata de um híbrido com influências rock, metal e muito pop.
As questões impõem-se: os WT venderam-se, aproveitando a onda de sucesso de bandas rock com vocalista feminina iniciada pelos Evanescence? É TSF um álbum radio friendly que atrairá públicos que, por norma, não ouvem metal? A resposta é um quase indubitável "sim". No entanto, outra questão se levanta: é TSF um mau álbum? E aí minha resposta é um rotundo "não".
Apesar das mudanças significativas no som, das quais falarei mais à frente, este é um álbum facilmente identificável como sendo WT. Estes holandeses têm uma capacidade rara de criar álbuns completamente diferentes uns dos outros e, ainda assim, manterem o seu estilo muito próprio. Um dos motivos é Sharon den Adel, que é inconfundível apesar explorar novas formas de interpretar, surpreendendo-nos com versatilidade da sua voz.
Em TSF, Sharon abandonou as notas mais agudas (embora se tenha mantido o registo agudo) e os seus tons mais malevolentes, que foram tão marcantes em ME. Desta vez, optou por um estilo mais suave e angelical, e também mais acessível, mas que vai totalmente ao encontro do espírito de TSF.
As mudanças mais radicais sentidas pelos fãs, e sobretudo pelos admiradores de ME, ocorreram principalmente na estrutura dos temas. Ao invés das estruturas relativamente complexas a que os WT nos haviam habituado, optaram por fórmulas mais simples e mais pop. A inclusão de uma orquestra e de um coro também não pode deixar de ser notada, sobretudo tendo em conta que as guitarras foram quase totalmente obliteradas pela explosão orquestral. Finalmente, a aposta em temas radio friendly, como é o caso de Stand my ground, Angels ou Memories.
Este foi o primeiro álbum que os WT abriram com uma intro, que é tão épica como seria de esperar, com especial ênfase no coro que contrasta com a suavidade da voz de Sharon, que utiliza o seu tom mais operático. Da Intro passamos rapidamente para See who I am, uma das mais bombásticas do álbum, em que o coro e a orquestra são utilizados em full power. O refrão é catchy e épico, característica comum de uma boa parte das faixas de TSF. Outra característica presente neste álbum, e na grande maioria dos temas escritos pelos WT é a força das letras, profundas e emocionais, e que nesta See Who I Am são vibrantes e desafiadoras.
Mas a grande pérola de TSF e, na nossa opinião, uma das melhores composições da sua carreira, é Jillian (I'd give my heart). Este é um tema que desafia qualquer classificação, que fica perfeitamente alinhado num álbum de metal, mas também não cairia nada mal num musical. A voz de Sharon soa mais angélica do que nunca, alcançando notas puras e cristalinas; o trabalho orquestral é soberbo e o coro causa arrepios, num refrão repleto de beleza e força. São os WT no seu melhor.
Stand My Ground foi o primeiro single, e o cerne da polémica aquando do lançamento de TSF. É de facto uma faixa especificamente pensada para ser tocado nas rádios, com fortes influências rock e um refrão extremamente catchy. Ainda assim, trata-se de um tema típico da sonoridade do colectivo holandês e pouco ou nada tem a ver com a referida banda (ou devo dizer, artista a solo?) americana. À melodia não falta intensidade, as guitarras e o imaginário tipicamente WT.
Pale vai beber da fonte ME, com reminiscências celtas na melodia. Um tema entre o luminoso e o obscuro, com a voz de Sharon suave sobre um piano delicado e uma secção rítmica a impor uma cadência dolente e arrastada.
Forsaken é outra das brilhantes composições da carreira dos WT. A voz de Sharon faz-se anunciar angélica e os coros explodem em seguida, com guitarras lançando-se depois. A história que Forsaken nos traz não poderia ser mais apropriada à história da humanidade e ao momento histórico de crise e convulsões que estamos a viver. O refrão é de um grande brilhantismo melódico, enquanto os coros e a letra que se recusam a sair da cabeça do ouvinte.
Seguem-se Angels e Memories, dois temas com nada em comum a não ser o facto de terem passado um sem número de vezes nas rádios um pouco por todo o mundo. Ambos sofrem desse mesmo mal, no sentido em que, depois de tanto os ouvirmos, o inevitável tédio invade-nos. Angels, com a sua toada mais rock, torna-se um pouco menos saturante. Já Memories é uma excelente balada, como já é tradição desta banda. Os WT brindam-nos com o som de violinos, a melodia de piano é encantadora, a voz de Sharon bela como sempre. O lado mais suave e romântico dos WT evidencia-se grandemente neste tema, que foi praticamente assassinado pela fúria das rádios.
Aquarius está ao nível de uma Forsaken. Trata-se de um dos temas mais obscuros do álbum, com a voz de Sharon a aflorar um tom mais negro e perigoso. Uma grande interpretação vocal para uma das faixas mais metal deste álbum. Camadas de sintetizadores, bateria presente, guitarras pesadas.
It’s the Fear entra com um piano saltitante e é um dos temas mais divertidos do álbum, apesar da letra sombria. Uma malha nitidamente rock, com coros lançando mais um refrão pegajoso.
Somewhere é uma das melhores baladas de sempre da carreira dos WT. A música é uma pérola de inspiração, com uma letra arrebatadora. A voz de Sharon cria um tapete musical sobre o som do piano e da bateria.
A edição especial de TSF oferecia ainda duas faixas bónus: A dangerous mind e The swan song. A primeira não nos trás realmente nada de novo. Trata-se de um tema rock, que se encaixa perfeitamente na ambiência de TSF. Por seu lado, The swan song é mais uma balada WT, que nos oferece uma melodia bela e poderosa e uma composição lírica de carácter poético, com o piano e os violinos a darem-nos um belíssimo espectáculo.
Com TSF os WT deram um salto quantitativo – fazendo chegar a sua música a públicos mais diversificados e abrangentes. Independentemente das contrapartidas que possa ter, TSF é um bom álbum, um álbum com selo WT, que nos traz toda a beleza do sinfónico e do orquestral, sem esquecer algum peso e apresentando mais um conjunto de melodias inesquecíveis. Pode ser chocante para os metaleiros mais empedernidos – aqueles que apreciaram os lançamentos mais antigos do colectivo – verem as suas irmãs mais novas, vestidas com roupas coloridas, a escutarem uma banda que, até há bem pouco tempo, se encontrava no underground. No entanto, os WT têm o mérito de terem criado um álbum acessível sem sacrificarem a qualidade e a honestidade daquilo que fazem. Se mantiverem a mente aberta, poderão apreciar a beleza deste TSF.
Destaques: See Who I Am, Jillian, Forsaken, Aquarius, Somewhere, The Swan Song
17 valores em 20
Cláudia Silva, Lua Crescente
Inês Rôlo Martins, Lua Minguante
Inês Rôlo Martins, Lua Minguante
Site oficial
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Line-up: Sharon den Adel (voz), Jeroen van Veen (baixo), Martijn Spierenburg (teclado), Robert Westerholt (guitarra), Ruud Jolie (guitarra), Stephen van Haestregt (bateria)
3 comentários:
Faltou referir que foi com este álbum (muito fraquinho, na minha opinião) que o senhor Robert se rendeu à definição de som, suavidade de escala, leveza, classe e beleza monstruosa das fabulosas Ibanez... Há gente com sorte... E, sobretudo, DINHEIRO...
"guitarras foram quase totalmente obliteradas pela explosão orquestral"
Devia ser anti-constitucional... Esconder guitarrões Ibanez atrás da orquestra. Não sabiam encontrar um meio-termo?! -.-'
Mais um bom review, meninas!
Ora bem... Por onde começar... Este album irá ter sempre um lugar especial no meu coração, porque foi o que me deu a conhecer esta banda. Era algo de novo que me levou por novos sons. Como nunca tinha ouvido os albuns anteriores dos WT, para mim este album era perfeito e nada pop, rock ou radio friendly.
Claro que após conhecer todos os registos desta banda, vejo que TSF tomou outro rumo. Mas sinceramente não acho que foi para o "mal". Tem músicas mais "catchys" que entram facilmente no ouvido, mas acho que em algum ponto das suas carreiras, os artistas têm que fazer isto para ganharem o seu merecido dinheiro. Infelizmente sabemos que o ar não enche barriga, senão acabam como a banda Éowyn que até o autocarro já tiveram que vender.
Em TSF destaco See Who I Am e Jillian (esta última como entrada no Black Symphony - espectacular). Também ouço muito as baladas: Memories e Somewhere (o novo dueto com a Anneke ficou óptimo). Quando ouço esta música, lembro-me sempre de crianças que estão desaparecidas. A letra aplica-se muito bem a este flagelo.
O que posso concluir, é que há sempre uns albuns melhores do que outros e preferidos por diferentes pessoas. O que eu sei é que quando ouço os albuns dos WT, sou transportada para as mais incríveis histórias, pois acho que é o que as suas letras me transmitem.
Ana (aka Gothic Whisper)
Bem, posso começar por dizer que adorei esta crítica ao álbum deles, mas penso que as comparações com os Evanescence eram desnecessárias, principalmente quando eles tocam um estilo diferente e em nada se tentam igualar.
Eu adoro ambas as bandas, ouço todo o material que eles gravam ou gravaram, mas não se igualam de maneira nenhuma.
Se os WT seguiram uma veia mais comercial do Metal, sim, acredito, mas não vejo razão para comparar o ME a este... São dois álbuns simplesmente magníficos, com sonoridades diferentes de certo modo, mas sempre WT.
Achei que mais fraco que o TSF é o The Heart Of Everything, que já não gostei tanto...
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