Editorial
O Sonho que comanda a vida
O sonho move poetas, artistas e gente comum por este mundo fora e nós, na redacção das Senhoras do Metal, não sendo poetas nem artistas, mas sendo talvez gente comum, não somos a excepção à regra.
Em todas as artes, os sonhos são princípio e fim da criação, são fonte e origem, são finalidade e concretização. É do sonho que partimos e é para o sonho que caminhamos, impreterivelmente.
Para Candice Night, a bela e doce voz dos Blackmore’s Night, o sonho despertou cedo. Muito nova, viu-se capturada pelo que chama, desde então, a «magia da música». Uma magia que não a abandonou mais, embora a sua carreira tenha estado inicialmente ligada ao teatro, à representação musical e ao mundo da moda. Richie Blackmore mudaria mais tarde a sua vida, unindo o seu célebre nome, e o seu ainda mais célebre talento, ao sonho de Candice. Depois de trabalhar com nomes como Deep Purple e Rainbow e emprestar a voz a outros projectos, começou a escrever letras para o projecto Blackmore’s Night, nascido directamente da mestria do guitarrista Richie Blackmore e da voz feérica de Candice. Corria o ano de 1997 e o sonho realizara-se. A música que fazia com Richie permitia-lhe recuperar os sonhos de infância, o imaginário dos contos de fadas, as melodias renascentistas e medievas, os romances de cavalaria. Um mundo de mistério e fantasia ao qual cedeu a sua voz, a sua escrita e composição e o seu talento como instrumentista.
Por cá, tal como ela, nós também temos um sonho.
Após seis meses de vida, é tempo de mudança. O nosso pequeno projecto cresceu e desenvolveu-se, tornou-se, em parte, no que eu havia sonhado quando o idealizei. Mas ainda mal começámos e um longo caminho estende-se pela frente, repleto de desafios, aprendizagens e novos objectivos. Objectivos a que nos agarramos agora com novas forças e uma motivação renovada.
Durante estes meses, a redacção das Senhoras do Metal aprendeu, essencialmente, a conhecer-se. Quando nos juntámos em Maio, algumas de nós nem se conheciam pessoalmente. Aquilo que nos juntou foi, claro, a música que é feita por mulheres no âmbito do metal e da música alternativa. A minha paixão por este universo motivou o meu profundo envolvimento com cada texto que redigi, cada palavra que escrevi, cada ideia que acarinhei. Cada membro da equipa teve as suas razões para aderir a este projecto, razões que vão para além do gosto puro e simples. Algumas de nós, desiludidas profissionalmente, quiseram entregar-se a algo mais gratificante do que o emprego oficial das nove às cinco. Escrever no blogue tornou-se paixão e escape. Outras procuravam apenas preencher o seu tempo de forma construtiva, prestando-se a ajudar, mesmo quando o jornalismo não era a sua área.
Procurámos harmonizar as diferenças necessariamente existentes entre quatro pessoas com idades e vidas distintas. Um certo equilíbrio foi encontrado, embora estivesse longe, muito longe, de ser perfeito. Entretanto, estas quatro mulheres com rotinas diárias diferentes, umas trabalhando, outras à procura de emprego, outras estudando, encontraram tempo para encaixar uma reunião num cafezinho agradável em Lisboa. Era a oportunidade para nos sentarmos frente a frente e simplesmente conversar… e, claro, discutir o projecto que tínhamos em mãos. Acabámos por falar menos do blogue e muito mais de coisas triviais, daquilo que mexe connosco, do que gostamos e não gostamos, das pequenas coisas do dia-a-dia. Essa reunião foi muito importante porque pôs em contacto, não apenas o que cada uma de nós podia oferecer ao projecto, mas também as nossas vontades e, principalmente, as nossas personalidades. Apesar de unidas por uma causa comum, sabíamos que éramos todas muito diferentes. Conciliar as diferenças tornava-se essencial.
No entanto, para sermos mais produtivas e criarmos conteúdos cada vez melhores, era necessário tomar medidas. A falta de disciplina e organização interna tornou, por vezes, o nosso trabalho completamente caótico. E, infelizmente, esse caos reflectiu-se no blogue. Foram largos os dias em que este ficou sem actualizações e foram muitas as vezes em que apenas era actualizado em cima do virar do mês. Cinco Senhoras do Metal foram-vos apresentadas, umas de forma mais aprofundada, outras nem tanto. São estes alguns dos problemas que, de agora em diante, pretendemos colmatar.
O que vai mudar: essencialmente, o método de trabalho e a organização interna. Seis meses serviram para aprender muita coisa; nomeadamente, serviram não só para recebermos o essencial encorajamento e apoio ao nosso projecto, mas também a ainda mais necessária crítica acutilante. Ainda assim, foram poucas as críticas ao nosso trabalho, algo que, penso eu, se deve mais à falta de paciência para se escrever sobre o que não se gosta do que propriamente à qualidade imaculada do que aqui fazemos. Podemos e, sublinho, vamos fazer muito melhor. A começar agora.
A mudança mais evidente está já perante os vossos olhos. Um leitor atento, ao olhar para a barra lateral desta página, deparar-se-á com a presença de apenas três de nós. A lua perdeu uma das suas fases, uma perda de comum acordo, motivada por incompatibilidades irresolúveis. A decisão da saída foi aceite e respeitada por todas nós e dela não resulta qualquer ressentimento.
Mudanças à parte, há sempre aquilo que permanece: a nossa vontade. E claro, o sonho que nos move. E é em busca dele que iniciamos mais um mês, caminhando a passos largos para a estação mais escura e fria do ano.
Fiquem connosco e acompanhem-nos nesta caminhada!
Inês Martins (Lua Minguante)
e Ana Teixeira, Cláudia Rocha
1 comentário:
E cá estarei a acompanhar o sonho! :)
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